Negacionismo não é ignorância. É projeto político



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Olá, companheiros e companheiras. Tudo bem? Chegamos à pior semana da pandemia no país. Pela primeira vez ultrapassamos três mil mortes diárias. A média móvel bateu duas mil vítimas. Uma marca inédita. Enquanto governadores e prefeitos tentam conter o avanço da doença e evitar o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS), manifestações pipocam aqui e ali contra as medidas restritivas. 

Em diversos grupos, principalmente os das redes sociais, vejo pessoas comentando sobre as manifestações e chamando os participantes de “ignorantes”, “burros”, “acéfalos”, entre outras palavras rebuscadas. Só que, nos últimos tempos, tenho pensado a respeito. E acho que a realidade é bem diferente. 

Quem vai para rua protestar contra o fechamento do comércio não é ignorante. Sabe muito bem o que está fazendo. Na altura do campeonato em que estamos, todos sabemos o que é certo e errado. Quais pesquisas são corretas, quais medicamentos não funcionam e quais as medidas são eficazes no combate à pandemia. 

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Só que estes que fazem a baderna não estão nem aí para isso. Na natureza deles, na maneira de pensar, não faz a menor diferença. Eles não se importam se tem gente morrendo ou não. Desde que não sejam eles na fila do hospital, não há problema. É necessário entender que, na natureza humana, há pessoas boas e ruins. É doloroso compreender isso? Com certeza. Mas é a realidade. 

Um outro ponto, mais importante inclusive, é que o protesto tem um cunho político. Já pararam para perceber que as manifestações ocorrem apenas com opositores do Governo Federal? Se não, passe observar. 

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Em Juiz de Fora, minha cidade natal, os comerciantes criticam, o tempo todo, a prefeita Margarida Salomão (PT). Porém, o decreto de “lockdown” em vigor não foi expedido pela prefeitura. Quem determinou o fechamento do comércio foi o governador Romeu Zema (Novo). Mas, até agora, zero reclamação contra o gestor estadual. Margarida é contra Bolsonaro. Zema a favor. Coincidência? 

Ainda em Juiz de Fora, uma vereadora do PT foi atacada por “cidadãos de bem preocupados com o pão de cada dia”. Na cidade tem mais 18 representantes do Legislativo. Por que escolheram logo aquela que é uma das mais, para não dizer a mais, próxima do governo municipal? Coincidência? 

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No Espírito Santo, onde resido, os empresários estão indo para as ruas protestar contra o governador Renato Casagrande (PSB), uma das vozes mais contrárias à gestão federal da pandemia. Nenhuma palavra contra Bolsonaro ou algum prefeito. Apenas contra o governador. Inclusive, a chuva de críticas aumentou depois que o nome de Casagrande foi veiculado como presidenciável junto ao partido. Coincidência?

Podemos citar, neste balaio, Dória e os governadores do Nordeste. Todos são oposição. E todos sofrem com os empresários protestando. Quem está junto dos manifestantes? Os grupelhos de direita e extrema-direita, base do governo Bolsonaro. Coincidência?

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Não acredito em coincidências na política. Há um arcabouço por trás destas manifestações. Quem lidera? Não sei. Mas há líderes e financiamento. Pessoas que estimulam estas manifestações e estes desrespeito às regras. Por isso que o negacionismo não se trata de ignorância. É sim um projeto político. Um projeto no qual Bolsonaro não pode perder força. Precisa ser reeleito. E por isso não se pode deixar os governadores e prefeitos terem protagonismo. É necessário virar os canhões para eles e elas. 

A dita “politização” da pandemia, denunciada por estes grupelhos radicais, é puxada por eles mesmos. São os mesmos grupos que espalham desinformação e forçam os trabalhadores a defenderem “o pão de cada dia”, mesmo colocando-os em risco. 

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A saúde, para eles, não importa. Muito menos cobrar do Governo Federal um bom programa de financiamento do comércio; um bom programa para ajudar os trabalhadores; um bom programa de expansão de leitos de UTI; um bom programa de assistência social, e, por fim, um bom programa de vacinação. 

Por isso é necessário confrontar os negacionistas até o fim. Este projeto político, antropofágico, sociologicamente e fisicamente falando, não pode vencer. 

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