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Pedro Paulo Rocha

Tranzcineasta, Performer, Filósofo, Diretor e Criador do Teatro Hacker e do Komite Zero, além de poeta, escritor, compositor, artista visual, ativista e Esquizoanalista

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O Anti Édipo e o Édipo dos intelectuais encastelados no capitalismo

O que é mais louco, o capitalismo ou o nosso desejo reprimido de matar o capitalismo?

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Por Pedro Paulo Rocha 

Espero com esse texto provocar a ampliação do debate sobre o livro O Anti Édipo,  impactante obra monstra  das agitações do Maio Francês de 68, que faz 50 anos de lançamento neste ano, para além dos guetos,  e mesmo para além do livro, e de todo maquinismo da ideologia francesa tão na moda - sempre e ultimamente - em nossa terra brasilis.

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Vamos lá! 

Purismo dialético, religião conceitual, santidade institucional, padres ideais,

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Turismo platônico, escola de adoradores, repetição normativa, eco da Grécia

branca no salão de vidro da casa grande institucional, indústria de autores, meta comentadores, assassinos de imaginação, comunicadores de Banqueiros, sequestradores de desejos, governadores da vida, ditadores, juízes com Deus, bajuladores, idólatras, patriotas, teólogos, crentes, pastores,  consumidores, homens, brancos, patrões, ricos, fantasmas da morte, policiais racistas, pastores da doença. 

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A esquerda institucional está com tanto medo que qualquer crítica é confundida com a própria destruição. Assim bloqueiam o que deveria se  transformar. Quase não  compreendem que para enfrentar a direita é preciso transformar a antiga instituição em um espaço muito mais democrático !

Não estamos fora do capitalismo é preciso lembrar ! Nossas experiências, nossas ideias, nossas teorias, nossos conceitos, nossas relações de trabalho, nossas experiências interiores, familiares, institucionais, sexuais, nada está fora da boca 

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do capital que tudo mastiga e vomita. O capitalismo é o cloaca do universo! Parece que durará para sempre.  A sua  máquina necropolítica é insaciável. Os discursos não estão acima do campo magnético do capital. Pensamento e mundo não estão em uma continuidade ideal, o real é disjuntivo. O mundo não é puramente lógico. O social não se reduz a uma “ teoria social ” na cabeça de teóricos. Não basta mapas mais um olhar de cima com referências ordenadas. 

O subtítulo do livro O Anti Édipo, que desejamos acelerar, é “ Capitalismo e Esquizofrenia''. O que se passa com o desejo no capitalismo ? O social e o desejo são pensados no livro  de maneira inseparável do processo do delírio ao ponto do social no capitalismo ser completamente esquizo, incontrolavelmente violento, segregador, absurdo! O Fascismo é um delírio capitalista que cria sua própria natureza subjetiva em cada um de nós, de forma maquínica e interior. São os microfascismos que alimentam um Estado Fascista. 

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Não é preciso recorrer a nenhuma complexidade filosófica para vermos por toda parte no Brasil - e no mundo, até onde vai a loucura assassina do social no capitalismo. Vivemos sufocados e atacados constantemente por fatos reais.  

Estamos ainda a salvo para contemplar ? 

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capitalismo

O Anti Édipo é um livro contra o capitalismo ! O livro não é resultado de uma intuição de desejo de  transformação das coisas mas um rebento direto do desejo de  transformação do mundo; esse livro é um acontecimento que foge a imagem de livro; é uma práxis, é duplo - ora virtual ora atual. É o movimento vivo das tensões em seus vasos comunicantes do que se transformou e do que precisa se transformar. 

É corte/fluxo, disjuntivo, processo. 

Uma ideia nunca está acabada, ela não vem do alto, ela nasce no meio da fissura do Real, é um processo entre gerações passadas, presentes e futuras. Não é autoral mas coletiva com a força de um contágio que vai se modificando sem parar. 

Vamos começar pelo meio na medida em que há sempre um meio de se atravessar

e ultrapassar os velhos começos tradicionais de começar para pensarmos fora da norma corrente do pensamento.

Uma primeira de muitas perguntas: 

- Como opera a forma do pensamento institucionalizado ?

Estamos no espelho Imagem e semelhança do seu personagem modelo, o filósofo europeu, aquele que iluminaria a realidade. 

Qual é o modelo institucional da filosofia que serve de modelo para diferentes formas de filosofia na universidade pública?  

Mas que sentido tem em falar de filosofia se ela ainda parece tão integrada e europeia ? 

A forma e o local de privilégio que ocupa o intelectual, o pensador para realizar a meditação “mágica” sobre o mundo, é fundamental para entendermos e nos perguntarmos de que modelo pensamento anseia o poder da representação. De que modelo institucional somos reféns, de que modelo colonial fazemos parte¿

O modelo da forma é a primeira prisão que supõe um acabamento teleguiado 

onde os dados da informação parecem ocupar tudo. Os mapas referenciais são decalcados fazendo do pensamento uma REPRODUÇÃO do já pensado. Não existe mais espaço para um desvio, um impasse. A nossa ilusão de que tudo é pensável!

Tudo é organizado em um todo transcendente. 

A força do impensável (Artaud,com seu Corpo Sem Órgãos) da diferença que o real nos lança é excluída para os discursos continuarem enquanto a destruição mostra o desajuste entre o que pensamos e o que não tem mais palavras. 

Onde esse discurso do mestre enguiça ? Onde vemos o discurso-corrente amarrar tudo na ordem ? Onde vemos a reprodução discursiva se organizar a partir 

de um poder de citação ? Mas um isso falha, isso corta  onde não se funciona mais ? Onde isso fode ? Onde toda a fala cai ? 

Esse desfile de discursos do significante do mestre tem na sua forma na sua relação intrínseca com poder que serve de imagem ao pensamento, uma determinada representação da suposta realidade. Através de uma teoria, de uma doxa, o pensamento nos salvaria de alguma maneira da miséria e dos massacres 

e, de  toda angústia que isso provoca. O pensamento acaba se sublimando nessa visão representacional do mundo, daquele de  fora que observa. Mas não existe esse fora passivo do mundo. Para existir um fora do pensamento não deve existir uma imagem para uma identidade do mundo. O fora do pensamento já é um desejo intenso de transformar o mundo,  não simplesmente pensá-lo passivamente - para lembrar Marx.

Vão se acumulando camadas e camadas de sentido de um conhecimento que está ainda na fantasmática do domínio daquele que conhece. Tudo que não se encaixa na linearidade da lógica que cita e lembra  está fora da cadeia e pode desorganizar as palavras na sintaxe que sustenta o discurso na sua memória do Dito. 

Assim tudo já foi infinitamente percorrido pela repetição do mesmo e cabe a nós saber e reproduzir em uma didática estéril. 

Estamos saturados de discursos.

Eu vou continuar mas evitando que eu pareça louco para vocês, mas saiba, que sou louco, amo ser louco, busco ser mais louco ainda…vou tentar não aparentar para vocês. Se eu falhar, vai ser por instantes, não me afastem por isso. A loucura é difícil de disfarçar. 

O que é mais louco o capitalismo ou o nosso desejo reprimido  de matar o capitalismo ?

Qual é o desejo capaz de se contrapor ao Fascismo, que sendo um desejo também deseja justamente  esmagar outros desejos que não se submetem ao capitalismo, ao modelo de família, ao modelo interior psicanalítico edipiano.

Sim o fascismo é um desejo, e antes de ser político é molecular, é micro Fascista, tendo como modelo o capital, a família, a pátria, o pai, e, justamente, certa psicanálise de Matriz Edipiana.

Por isso que onde existe capitalismo existe Genocidio. Onde  existe capitalismo existe racismo, sexismo, violência. Pandemias potencializadas pelo mercado e o Estado. Massacre de povos originários, estupros, assassinato de crianças, de adolescentes e mulheres pretas. A Ferida colonial constantemente torturada. Morte de corpas, de corpas trans. Feminicídio. Mortes em câmaras de gás em camburões da polícia.

Sim, o capitalismo é fascista e cria desejos em seu nome. Mas ele não está fora de nós. É interior, impõe mentalmente e de fora, do real, coloca suas garras em nossos corpos. E Nós fazemos parte disso. Somos peças do maquinismo. O capitalismo é a universalidade de uma abstração subjetiva interiorizada que atua com máquinas concretas que somatizam e torturam  nossos corpos. Prazer e Servidão. 

Mesmo que os intelectuais tenham um discurso crítico, sua forma e o local de onde se pensa não está acima dessa realidade concreta do Fascismo que o capitalismo cria e faz avançar. Não existe pensamento puro fora do próprio paradoxo de sermos todos capitalistas, familiaristas,  racistas, sexistas - peças dessa lógica. 

Portanto o pensamento, a filosofia como máquina de guerra não pode se reduzir as formas institucionais dos aparelho de capturas para provocar uma potência de transformação O pensamento precisa romper com os formatos consagrados elitistas dominantes na cultura intelectual para deixar  pelo menos contagiar outros modos de pensar e construir os universos corporais da vida concreta. 

Nos  50 anos do Anti Édipo, é preciso ter uma fome de transformação antes de colocar o livro na ordem passiva dos discursos institucionais. 

Sem fome de mudança o pensamento ficará preso nos discursos corrente onde reina a fala dos teóricos encastelados. Estamos rodando em círculo na Fala de todos os especialistas falando falando sobre para aumentar o grau de redundância. Isso reduz o desejo transformador das ideias dessa obra Insurgente a mais uma peça instrucional do dispositivo discursivo. 

A mesma racionalização burocrática tomando o pensamento e o social como manual teórico. Repetição e inversão total. 

A sociologia departamental quer fazer de tudo uma nova teoria social dos intelectuais submetidos à moda de Paris. 

Deleuze e Guattari transformados em puxadinho da psicanálise e da teoria crítica. Interpretação de meta comentários infinitamente articulados para pacificar o Real em ideias bem ajustadas. 

Os intelectuais da sociedade em sua neutralidade corporal ( apesar da posição  crítica ) ocupam outro lugar na divisão de classe. 

O Édipo da teoria ocupa todos os significados que o especialista vai esclarecer. 

O velho universalismo europeu que o Anti Édipo combate ainda presente como a luz que ilumina o social do alto. A academia que quanto mais explica mais paralisa e separa o pensamento do social em nome do social. 

O lugar dos intelectuais na pirâmide social explica antes de qualquer teoria a sublimação da retórica no espelho do mesmo em que apenas suas bolhas se identificam.

Eles explicam tudo mas nada muda! 

Querem encaixotar O Anti Édipo, a esquizo análise, no teatrinho discursivo da academia da  branquitude. O ANTI ÉDIPO não é uma teoria social porque não é uma teoria de forma alguma. O ANTI ÉDIPO, a esquizoanálise é um processo onde o desejo acontece é só pode acontecer no real, fora  no estandes  de vendas. É a loucura social. A loucura de um delírio de pensamento que não suporta mais os limites do universal na boca dos padres da teoria. Sem desorganizar o organizado 

e tornar esquizo o próprio pensamento todo o  conteúdo explicativo servirá apenas de anestesia universitária que bloqueará as transformações devires que emergem por todo lado sem cessar. 

O Anti Édipo precisa acontecer nas ruas, nos corpos. Mas dentro das salas frias com o público inerte será impossível o pensamento de Guattari e Deleuze se converter em seu destino ( roubado) insurrecional.

Deleuze e Guattari na academia são um perigo! Ou eles implodem com a velha  academia ou a academia velha acaba com eles!

A Zona Cinza especulativa é muita estreita na Guerra Cultural. Os intelectuais são estátuas falantes no Jardim da escola enquanto as nuvens são perfuradas pelas balas das milícias subjetivas ? 

Os cadáveres indígenas estão amontoados na frente dos departamentos de humanas das universidades públicas.

Onde estão os estudantes ? 

A sociedade está encarnando toda divisão direita e esquerda da forma mais radical.

Uma divisão nada neutra nada especulativa demarca o próprio lugar do intelectual que pensa seus objetos e terras fantasmas em zona de nuvens sem forma com muitas graduações passivas. 

Porém  as intensidades emergem das tensões no Zero e no Mil ! As nuvens já são tempestades caindo. As graduações são raios com ventos revirando as nuvens carregadas por dentro. 

Eu me pergunto o que muitos estão vendo nos seus céus de ideias ? Que lugar é esse que observa o céu sem olhar para seus pés de ponta cabeça feito desgarrados da terra condenados ? 

Esse lugar aparentemente de quem pensa de fora é propriamente uma divisão.

Divisão  nada  esquiza mas racional, elaborada, sofisticada e legitimada pelo lugar que ocupa nessa contínua divisão do pensamento com o corpo da terra. A pirâmide do poder escraviza a base! 

Que mundo é esse das nuvens e do neutro no meio da Guerra Cultural ?  

Que mundo é esse da burocracia platônica das nuvens meio a necro tempestade ?

Definidamente nenhum discurso, nenhuma teoria social irá nos salvar dos acontecimentos fora de nós. 

Todas as provocações aqui são apenas um sintoma do corpo coletivo que grita e quer viver novas revoluções moleculares. 

Guattari e Deleuze não são peças em um parquinho de diversão teórica ! 68 foi Real, 

a ditadura no Brasil foi Real! 2013! 2022 está sendo Real ! 

Essa passividade retórica tão recorrente  é a morte de umas das filosofias mais disruptivas surgidas das lutas políticas do seu tempo! 

Até quando o pensamento europeu institucionalizado nas academias frias   vai servir para esmagar os desejos de transformação que se agitam do lado de fora ?

Como Édipo ganha novo corpo no pensamento do capitalismo colapsado ?

continua ….

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