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Alexandre Aragão de Albuquerque

Escritor e Mestre em Ciência Política pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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O Brasil é a minha causa

"Acredito que a mais importante virtude de um bom governante será sempre o amor pelo seu país e pelo seu povo. O Brasil é a minha causa”

Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
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Entre as diversas mensagens recebidas na noite de ontem, 30, registro a de um colega na qual destaca sua emoção com as imagens do bloco final do programa jornalístico Fantástico (Rede Globo), realçando as primeiras palavras do presidente eleito Lula. Em resposta ao amigo, comentei sobre a importância do amplo aprendizado que precisamos obter deste último período de nossa caminhada política como nação, porque há oito anos essa mesma Globo, nesse mesmo Fantástico, dava início a uma absurda caçada ao presidente Lula, colocando em luz um farsante de juiz – Sérgio Moro – transformando-o, por meio de obstinada campanha midiática, em herói nacional, abrindo assim as portas do poder executivo ao nefasto bolsonarismo. Sem a perseguição diária da Globo a Lula, a farsa da operação Lava Jato não teria avançado em seu objetivo criminoso de “enterrá-lo vivo”, como tão bem anotou o presidente eleito em seu primeiro pronunciamento público. Portanto, não se pode olvidar a história, para dela se retirar o aprendizado crítico necessário à construção do presente.

A Lava Jato, como ficou comprovado, foi estabelecida como uma ferramenta estratégica da guerra híbrida deflagrada contra o Brasil a partir das manifestações de junho de 2013, concebida por setores do capital nacional e internacional. Uma guerra híbrida caracteriza-se pela capacidade de transformação, de inversão de sinais de “mais” em “menos”, criando condições de manipulação das opiniões, dos pontos de vista, e este é o seu aspecto mais potente que se materializa em imagens irradiadoras, viralizadas pelos meios de comunicação digital. 

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O híbrido aposta na sua condição de maleabilidade e mutação, de criar ilusões, de inverter a realidade. É nesta concepção imagética que a guerra híbrida se associa à produção de indivíduos autômatos, capturados por coisas que não existem, mas que ganham vida pelas imagens. Como registra Platão, em sua Alegoria da Caverna, por ser imagens, revelam e enganam simultaneamente, transformando um farsante em herói, ou um fascista truculento em mito, insensível às 700 mil mortes pela Covid tampouco ao trabalho dos profissionais da saúde pública.

A história desta semana, iniciada no dia 23, coloca em luz muito bem o conjunto de ataques vivido pelo Brasil nos últimos oito anos. Um bandido cumprindo pena em prisão domiciliar – Roberto Jefferson – amigo pessoal de Bolsonaro, impedido de utilizar as redes sociais, postou um vídeo no qual compara a ministra Carmen Lúcia (STF) “a uma prostituta, vagabunda arrombada, uma bruxa”, chamando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de “latrina”. Naquele domingo, ele se armou com granadas e fuzil para recepcionar os policiais federais que foram cumprir o mandado de suspensão do benefício da prisão domiciliar, reconduzindo-o para a penitenciária. Os estilhaços de suas granadas atingiram dois agentes. Os mais de 50 tiros de fuzil danificaram o patrimônio público (viatura). Mesmo diante de um terrorismo absurdo, ele não sofreu nenhuma coerção por parte da polícia, sequer foi algemado; pelo contrário, um policial federal afirmou delicadamente: o que o senhor precisar, a gente vai fazer”.

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Já na segunda-feira, 24, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, acompanhado pelo bolsonarista raiz Fábio Wajngarten – coordenador da campanha bolsonarista, irresponsavelmente (ou planejadamente?) afirmou que a campanha do ex-presidente Lula teve 154 mil inserções (de 30 segundos) a mais que a de Bolsonaro em rádios de todo o país, “principalmente no Nordeste brasileiro”. No mesmo dia, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, despachou afirmando que a denúncia não possuía base documental nem metodológica, cobrando em 24 horas provas sérias, sob o risco de os denunciantes ocorrerem em crime eleitoral com objetivo de tumultuar as eleições. No dia 28, Fábio Faria declarou à imprensa estar arrependido de haver convocado a coletiva de imprensa naquela segunda-feira.

Por fim, no sábado, 29, véspera da eleição, a bolsonarista Carla Zambelli foi flagrada com arma em punho, correndo por uma das alamedas do bairro nobre paulista Jardins, ameaçando um eleitor de Lula, após discussão política. Ontem, 30, o ministro Gilmar Mendes (STF) encaminhou à Procuradoria Geral da República (PGR) notícia-crime contra Zambelli. E no dia da eleição, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), por ordem do seu diretor-geral Silvinei Vasques, deflagrou uma operação de barricadas contra os ônibus que estavam transportando eleitores cumprindo dispositivo legal, para dificultar o acesso dos eleitores aos locais de votação, notadamente no Nordeste do Brasil, conforme uma enxurrada de denúncias enviadas ao TSE. 

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Essas ações violentas perpetradas pelos bolsonaristas, em única semana, têm entre os seus objetivos incitar o gado-papagaio ao clima de confronto direto diante do resultado eleitoral que lhes foi negativo. Uma técnica denominada “dog whistle”, uma mensagem política com significado específico para o seu bando raivoso.
Diante do exposto, a expressiva vitória do presente Lula por mais de dois milhões de votos não pode ser reduzida apenas a uma perspectiva quantitativa. É preciso se ter uma compreensão histórica das adversidades criminosas enfrentadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pelos demais setores democráticos de nosso país, nos últimos oito anos, para se poder ter um entendimento mais real do significado profundo da luta travada para tornar Lula presidente do Brasil pela terceira vez. É um fato histórico.

Em todo caso, como destaque quantitativo, pode-se registrar brevemente, grosso modo, que os três milhões de votos a mais obtidos pela Frente Brasil da Esperança no segundo turno são oriundos principalmente do empenho da senadora Simone Tebet e da deputada federal eleita Marina Silva, que entraram de cheio na campanha de Lula. Por outro lado, o silêncio e a omissão mais uma vez milimetricamente armados por Ciro Gomes viabilizaram, no segundo turno, a migração dos seus 3,5 milhões de votos no primeiro turno para Bolsonaro.

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No seu primeiro discurso como presidente eleito, Lula destacou que o povo brasileiro deseja mais e não menos democracia; mais inclusão social e oportunidade para todos; mais respeito e entendimento entre os brasileiros; mais participação nas decisões de governo; mais liberdade, igualdade e fraternidade em nosso país. O povo brasileiro quer viver bem, quer liberdade religiosa, livros em vez de armas, acesso aos bens culturais. Mas é preciso lembrar que democracia não se reduz ao consumismo dos indivíduos. Este parece ter sido um dos grandes equívocos das administrações passadas do PT, reduzir a democracia apenas a sua dimensão econômica, como fazem os liberais. Uma democracia sustentável e inclusiva requer um trabalho de conscientização dos cidadãos e cidadãs, a partir das bases sociais, levando-os ao engajamento na defesa concreta dos princípios e valores democráticos da vida compartilhada.

Diferentemente de Bolsonaro que em 2018, com seu ideário totalitário, impunha às minorias a obrigação de submeterem-se à maioria senão deveriam desaparecer, Lula confirmou com a devida altivez sua dimensão democrática garantindo que irá “governar para 215 milhões de brasileiros, pois é hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio, porque a ninguém interessa viver num país em permanente estado de guerra”. Para Lula, “é preciso reconstruir a própria alma deste país, recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças, o amor ao próximo”.

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a conclusão, Lula revelou que “todos os dias lembra do maior ensinamento de Jesus Cristo, que é o amor ao próximo. Por isso, acredito que a mais importante virtude de um bom governante será sempre o amor pelo seu país e pelo seu povo. O Brasil é a minha causa”.

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