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Paulo Gala

Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. É professor de economia na FGV-SP desde 2002

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O livre mercado atrasa as vacinas na Europa (nem vamos falar de Brasil)

"Quando há incerteza radical, ou seja imprevisibildiade muito forte, empresas privadas não tomam risco por motivos de segurança patrimonial, de lucros etc. Isso se aplica em geral a investimentos tecnológicos", destaca o economista Paulo Gala

(Foto: Reuters)
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*escrito com Felipe Augusto

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J.M. Keynes sempre dizia que o estado deve fazer as coisas que o mercado não faz. Os exemplos são inúmeros nas áreas de garantia de saúde e educacção a todos, redução de desigualdades e pobreza. Mas talvez a seara mais fácil para se entender isso seja a tomada de risco, tema chave do pensamento keynesiano. 

Quando há incerteza radical, ou seja imprevisibildiade muito forte, empresas privadas não tomam risco por motivos de segurança patrimonial, de lucros etc. Isso se aplica em geral a investimentos tecnológicos. 

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O caso das vacinas para Covid são um belo exemplo. Foram desenvolvidas pois os governos tomaram o risco e direcionaram recursos do orçamento para as pesquisas. Mesmo depois da descoberta da vacina a história continua. As empresas ficaram com medo dos resultados, dos riscos envolvidos numa pesquisa feita e aplicada num espaço de tempo tão curto. 

Nos EUA o govenno novamente tomou o risco e “desonerou” as empresas de responsabilidades. Na Europa não. Enquanto os EUA entraram no negócio junto com as farmacêuticas, a Europa foi mais conservadora do ponto de vista fiscal e confiou no livre-mercado. 

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Os governos europeus costumam ser vistos nos EUA como gastadores, mas desta vez foi Washington que jogou bilhões nas farmacêuticas e cuidou dos seus negócios. Bruxelas, em comparação, adotou uma abordagem conservadora que deixou o mercado praticamente intocado. O resultado na Europa é um esforço vacilante de vacinação, com líderes políticos se questionando por que alguns dos países mais ricos do mundo, lar de fábricas que produzem muitas vacinas, não conseguem acompanhar o ritmo de outras nações ricas na vacinação das suas pessoas. 

O primeiro negócio com vacinas da Europa veio em agosto, meses depois dos Estados Unidos. Embora a Europa fosse um comprador poderoso, faltava-lhe os poderes de aquisição em tempos de guerra que o governo Trump utilizara para garantir matérias-primas para as empresas. 

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Os EUA facilitaram a vida das empresas renunciando a qualquer direito de propriedade intelectual e isentando as empresas farmacêuticas de qualquer responsabilidade caso as vacinas desapontassem. Pagaram pelo desenvolvimento e pelos testes. As empresas não tinham essencialmente nada a perder. 

O governo americano tomou um risco que os europeus não estavam dispostos a tomar. A Europa paga hoje o preço por ter governos covardes que não tomaram o risco necessário para tentar defender suas populações (não vamos nem falar de Brasil nesse post).

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