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Umberto Martins

jornalista e escritor

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Paulo Guedes pede desculpas ao servidor, mas não convence

"Parece óbvio que o jogo especulativo com planos econômicos não tem nada de produtivo, embora possa ser lucrativo não gera valor, é uma atividade tipicamente parasitária explorada por rentistas como o próprio Guedes. Ou seja, o adjetivo que usou para ofender os trabalhadores e trabalhadoras do setor público lhe cai bem"

O ministro da Economia, Paulo Guedes (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
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Pegaram muito mal as desafortunadas declarações do superministro de Bolsonaro, o rentista Paulo Guedes, contra os funcionários públicos, que chamou de parasitas. Elas lhe renderam uma avalanche de críticas não só da oposição, mas de parlamentares partidários do governo e do presidente da Câmara Federal, seu suposto  amigo Rodrigo Maia.

Guedes ficou tão mal na fita que tratou logo de recuar. Primeiro tentou dar o dito por não dito, mas a gravação de suas declarações durante uma palestra no Rio de Janeiro, na FGV, não deixa margem a desmentidos. Sem enxergar outra alternativa, ele mudou de tática e resolveu dar a mão à palmatória.   

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Fake News

“Eu me expressei muito mal, e peço desculpas não só a meus queridos familiares e amigos mas a todos os exemplares funcionários públicos a quem descuidadamente eu possa ter ofendido”, afirmou. São palavras com as quais busca minorar os estragos políticos, mas que não convencem, soam falsas.

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Sua palestra foi recheada de Fake News sobre as contas públicas para justificar a ofensiva reacionária contra os funcionários. Entre suas mentiras destaca-se a de que o governo “tá quebrado e gasta 90% da sua receita com salários”.

Na verdade, os dados da própria União indicam que as despesas com a folha situam-se em torno de 20%. Além disto, como resultado do arrocho e do congelamento dos investimentos governamentais, o pagamento do pessoal, como percentual do PIB ou da receita, é inferior ao de 2002. Desmascarado, o ministro de Bolsonaro  buscou refúgio no argumento de que se referia à realidade de alguns estados e não do governo federal.

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Greve nacional em 18 de março 

É notório que existem mordomias e privilégios no setor público, mas estes estão concentrados em algumas categorias especiais, começando pelos militares e incluindo juízes, procuradores e altos burocratas instalados no Judiciário, no Executivo e no Parlamento.

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Mas o alvo do funcionário de Bolsonaro, que também pode ser incluído no seleto grupo de privilegiados, não são os militares (que se livraram da reforma da Previdência), ministros ou juízes. É o servidor que dá duro, em geral ganha pouco e está amargando a perda de direitos e o arrocho dos salários, ao lado do desmantelamento dos serviços públicos.

Não é demais lembrar que o ministro do governo de extrema direita liderado por Bolsonaro ficou milionário especulando com planos de estabilização econômica e é apontado pela Justiça como um dos beneficiários da fraude que causou prejuízos à fundação responsável pela gestão da aposentadoria dos funcionários do Bndes, a Fapes.

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Parece óbvio que o jogo especulativo com planos econômicos não tem nada de produtivo, embora possa ser lucrativo não gera valor, é uma atividade tipicamente parasitária explorada por rentistas como o próprio Guedes. Ou seja, o adjetivo que usou para ofender os trabalhadores e trabalhadoras do setor público lhe cai bem.

É preciso notar ainda que o diagnóstico enviesado do ministro rentista sobre o setor público ignora deliberadamente o impacto dos juros da dívida no orçamento da União. É como se não existisse, como se os juros não constituíssem um problema real. Tal suposição, subjacente à justificativa do ajuste fiscal, nem sempre é explicitado. Mas isto não impede que os juros sejam oportunamente lembrados quando se trata de enaltecer a política monetária do Banco Central, que com a economia atolada no pântano da estagnação e inflação em baixa decidiu reduzir a taxa Selic, principal indexador dos títulos governamentais.

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Todavia, metade do orçamento público é destinado ao pagamento dos serviços da dívida (juros e amortização do principal). A bem da verdade é preciso dizer que isto significa uma receita sequestrada por banqueiros e rentistas, cujos interesses de fato orientam a política fiscal restritiva e inspiram a ideologia do Estado mínimo, que na realidade é mínimo para os pobres e máximo para a alta burguesia.

Com esta classe social, que concentra em suas mãos a riqueza nacional, não há conflito nem ofensas porque Guedes é do mesmo time e chegou à condição de ministro, aplaudido pelos que ditam a vontade do mercado, para fazer o jogo sujo do Capital contra a classe trabalhadora (seja do setor privado ou público), a nação e o povo brasileiro.

Com a reforma administrativa, o Palácio do Planalto quer garfar 25% da renda dos servidores, mas a resistência já está desenhada. Na agenda de luta da classe trabalhadora para o primeiro semestre deste ano destaca-se a convocação de uma greve nacional do funcionalismo em 18 de março. A resposta ao rentista Guedes e a Bolsonaro está a caminho.

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