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Alex Saratt

Alex Saratt, professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS e dirigente sindical do Cpers/Sindicato.

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Quantas divisões tem a democracia?

A postura grotesca do presidente fornece as condições para a formação de uma nova oposição. A democracia tem se demonstrado capaz de unir os agentes políticos. Mas só ela é demasiado abstrato para unir o povo. A política, precisa ser capaz de se reaproximar das pessoas, precisa agir pelo bem comum, seja na saúde, seja na economia.

Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)
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*Alex Saratt e Igor Pereira 

Em meados da década de 1930 o mundo se movia freneticamente em função de dois ou três motivos: a crise desencadeada pelo crash da Bolsa de NY, o avanço do nazifascismo e a iminência de uma nova guerra em escala mundial. 

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Nesse contexto o líder soviético Josef Stalin em conversa com o responsável francês pelos Negócios Estrangeiros protagonizou a situação assim relatada: 

“Conta-se que Stalin quisera saber quantas divisões militares dispunha a França aquilatando a sua eficiência. Laval respondeu-lhe, e logo engrenou uma nova razão em favor do acordo que pleiteava; tratava-se de uma motivação, senão tola, quase pueril: o pacto atrairia para Stalin a boa vontade do Papa Pio XII, amaciando a Santa Sé que muito condenava a República Soviética por andar perseguindo os Católicos em terras russas. Foi nessa ocasião (maio de 1935), que Stalin perguntou a Laval: “Ah, o Papa! Quantas divisões tem o Papa?”” 

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Retomamos esse episódio para aproveitar a sarcástica indagação staliniana e pergurtarmos, frente ao quadro de escalada golpista e fascista nos discursos e atos do Presidente da República, quais são mesmo as forças e condições que a Democracia realmente existente no Brasil atual ostenta para pôr freios e medidas aos excessos verborrágicos que contém potencial desestabilizador e explosivo? 

Em outros termos: “quantas divisões tem a Democracia?”. 

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Após a não tão surpreendente aparição de Jair Bolsonaro em ato extremista que pugnava pelo fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e pela intervenção militar onde discursou afrontando a Constituição e as instituições republicanas, apareceu explicitamente uma situação que convém contabilizar: uma ampla gama de instituições, organizações e lideranças em reação à fala presidencial trataram de imediato em refutá-la e reprová-la. 

A sucessão de declarações e a emissão de notas de repúdio, em especial a Carta dos Governadores assinada por 20 dos 27 mandatários estaduais, se inscreve naquilo que Renato Rabelo chamou de “Frente Ampla Tácita” e dão razão ao que Mário Fonseca, dirigente comunista do Mato Grosso do Sul, alertou: é muito mais do que uma simples declaração de intenções, representa antes compromissos mínimos e básicos com a questão democrática e entendimento correto da articulação política, embora ainda esteja longe de sugerir uma plataforma ou agenda unitária. 

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No cômputo das divisões que paulatinamente vão se agregando em torno da Democracia, somam-se hoje os Poderes Legislativo e Judiciário nacionais, Governos Estaduais, parte expressiva da imprensa liberal, partidos políticos de diversas matizes, parcela importante dos movimentos sociais, intelectualidade progressista, ativistas culturais e a própria cidadania. 

É prematuro fazer qualquer ilação fora do rígido quadro exposto, mesmo porque o lado governista conta com apoios nada desprezíveis e há uma incógnita quanto a postura do Presidente: sinal de força ou de fraqueza? 

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A força do presidente hoje é simbolizar um sentimento que foi cuidadosamente construído pela narrativa das televisões, jornais e revistas nos últimos quinze anos. Esse sentimento é a aversão a política. Essa aversão primeiro derrubou o PT, mas não parecia ter sido planejado é os efeitos colaterais. A “política” odiada hoje inclui inclusive essas mesmas televisões, jornais e revistas, e vai além, se volta contra o parlamento, o judiciário, os governos estaduais. Esses setores reagem, mas ainda não parecem demonstrar uma tática e uma estratégia para além da mera disputa pelo poder. O problema hoje nem é propriamente derrotar Bolsonaro, mas o que apresentar em seu lugar. 

A postura grotesca do presidente fornece as condições para a formação de uma nova oposição. A democracia tem se demonstrado capaz de unir os agentes políticos. Mas só ela é demasiado abstrato para unir o povo. A política, precisa ser capaz de se reaproximar das pessoas, precisa agir pelo bem comum, seja na saúde, seja na economia. 

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Há bastante inteligência em todos que já concluíram que é impossível o Brasil se desvencilhar da crise, da morte em massa e do autoritarismo mantendo Bolsonaro a frente do Poder. Urge organizar todas as divisões que perceberam isso em torno de um bloco único, uma Frente Ampla de Salvação Nacional.

Igor Corrêa Pereira*

Igor Corrêa Pereira é técnico em assuntos educacionais e mestrando em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membro da direção estadual da CTB do Rio Grande do Sul.

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