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Marco Mondaini

Historiador e Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Coordena e apresenta o programa Trilhas da Democracia, exibido aos domingos na TV 247.

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Quantos “delegados Fleury” estarão prontos para entrar em ação?

Faço questão de recomendar enfaticamente a todos os interessados em compreender melhor um período tenebroso da história, que volta a nos rondar perigosamente

Trailer da série Em busca de Anselmo
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Acabo de assistir ao terceiro dos cinco episódios que compõem a excelente série documental intitulada Em Busca de Anselmo, dirigida por Carlos Alberto Jr. e produzida por Camilo Cavalcanti, que faço questão de recomendar enfaticamente a todos/as interessados/as em compreender melhor um período tenebroso da história brasileira, que volta a nos rondar perigosamente.

Carlos Alberto e Camilo abrirão um conjunto de seis entrevistas sobre “o aparelho repressivo da ditadura militar de 1964” dentro do Trilhas da Democracia, que também contará com a participação das historiadoras Marly Vianna, Janaina Teles e Mariana Joffily, do sociólogo Marcelo Ridenti (que está lançando o livro O segredo das senhoras americanas), e dos jornalistas Emiliano José e Oldack Miranda – estes últimos os autores da biografia Lamarca, o capitão da guerrilha, que serviu de base para o filme dirigido pelo cineasta Sérgio Rezende, que teve o ator Paulo Betti no papel de Carlos Lamarca.

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Nesse terceiro episódio da série sobre aquele que talvez tenha sido o maior traidor da história das esquerdas brasileiras, entra em cena a figura daquele que, junto ao ex-chefe do DOI-CODI do II Exército, coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, representa de maneira acabada a imposição da violência política e da ignominiosa prática da tortura (além dos inúmeros homicídios) contra os adversários do regime ditatorial instalado no país em 31 de março de 1964: o delegado do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo, Sérgio Fernando Paranhos Fleury.

Antes de ser requisitado para integrar os quadros do DOPS, na sua luta contra os inimigos do regime ditatorial, o facínora “doutor Fleury” já possuía uma significativa história de violações aos direitos humanos na condição de líder do Esquadrão da Morte, assassinando e torturando criminosos comuns – fato que o levou a ser o homem certo para estar à frente do setor operacional responsável pelo aniquilamento das organizações de esquerda armada, desde o endurecimento do regime ditatorial com a decretação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968.

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Relembrar a trajetória do policial civil que torturou e assassinou centenas de bandidos comuns (no Esquadrão da Morte) e, com o devido apoio do Cabo Anselmo, de militantes políticos (no DOPS) é de fundamental importância em função da necessidade de difundir a memória histórica sobre o regime ditatorial de 1964-1985, especialmente entre os mais jovens, mas, também, porque coloca em cena uma pergunta que não deveria ser subestimada nesses nossos tempos em que o presidente da república não esconde de ninguém o desejo de implantar no Brasil uma nova ditadura: quantos “delegados Fleury” estarão espalhados nas polícias dos estados de todo o país em estado de latência, prontos para entrar em ação, repetindo a trajetória do celerado que penetrou na alma do Frei Tito, levando-o ao suicídio?

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