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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Quem era Sebastián Piñera? Por que sua morte causa comoção no Chile

Piñera foi presidente do Chile em dois mandatos. Ele retrucou Bolsonaro quando o ex-presidente do Brasil elogiou Pinochet. Lula lamentou sua morte

(Foto: Reuters)
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O ex-presidente do Chile, Sebastián Piñera, tinha alguns tiques quando discursava ou concedia entrevistas à imprensa. Ele movia os ombros e a cabeça repetidamente, o que era interpretado como um sinal de nervosismo. Mas após a queda do helicóptero que pilotava, nesta terça-feira, Piñera está sendo recordado por outros motivos. Definido por políticos opositores e diplomatas como sendo da “direita democrática”, ele discordou publicamente de Bolsonaro, quando o ex-presidente brasileiro elogiou o ditador Augusto Pinochet. Bolsonaro tinha agredido a ex-presidente socialista e ex-representante das Nações Unidas, Michelle Bachelet, dizendo que ela defendia “vagabundos” e que se Pinochet não tivesse “derrotado a esquerda, em 1973, incluindo seu pai, hoje o Chile seria Cuba”. Ela tinha criticado a violência policial no Brasil. O pai de Bachelet, o general Alberto Bachelet, foi preso por ser contra o golpe militar liderado pelo ditador Pinochet e morreu na prisão. Piñera, que governou o Chile entre 2010-2014 e 2018-2022, repudiou as falas de Bolsonaro. “Não compartilho de forma alguma as opiniões do presidente Bolsonaro sobre a ex-presidente do Chile e especialmente em um tema tão doloroso, como a morte do pai dela”. A morte do ex-presidente chileno foi lamentada por líderes de vários países. O presidente Lula escreveu em suas redes sociais: “Surpreso e triste com a morte de Sebastián Piñera, ex-presidente do Chile. Convivemos, trabalhamos pelo fortalecimento da relação dos nossos países e sempre tivemos um bom diálogo, quando ambos éramos presidentes, e também quando não éramos. Muito triste seu falecimento de forma tão abrupta. Meus sentimentos aos seus familiares e amigos de Piñera por esta perda”

Por ser de direita, Piñera foi várias vezes questionado sobre sua visão em relação ao ditador Pinochet. Ele costumava lembrar que, como o ex-presidente Ricardo Lagos, aliado de Bachelet, votou pelo ‘não’ no plebiscito que definiu a não continuidade de Pinochet em 1988. A atitude, porém, não significava que Piñera fosse admirador do ex-presidente socialista Salvador Allende. Mas era “ferrenho defensor da democracia” e definido como “direita democrática”, distante das ideias de Bolsonaro e de seu amigo chileno, o ex-candidato presidencial José Antonio Kast, da extrema-direita.

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Antecessor do atual presidente Gabriel Boric, Piñera foi quem convocou o plebiscito para a realização de uma nova constituição que substituiria a atual, que data de 1980 e é uma herança pinochetista, apesar das várias reformas pelas quais já passou. A convocação do plebiscito ocorreu quando o Chile vivia o chamado ‘estallido’ (revolta social) diante das desigualdades no país andino. Após uma série de votações, aquela Carta Magna continua em vigor. Os chilenos rejeitaram, através do voto popular, tanto a proposta da esquerda como a da extrema-direita, que conseguia ser ainda mais conservadora que a de Pinochet. O Chile está em um momento difícil. No fim de semana, incêndios arrasaram casas, bosques e carros de Valparaíso e outros locais. Até agora, oficialmente, morreram 130 pessoas. Valparaíso era famosa também por ter sido um dos endereços do escritor Pablo Neruda.

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