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Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do grupo.

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Quem mandou matar Marielle: se Bolsonaro está aliviado, tem algo estranho no ar

“A delação de Ronnie Lessa não foi homologada ainda e Bolsonaro quer dar o caso como encerrado. Tem coisa aí”, escreve Aquiles Lins

Jair Bolsonaro e Marielle Franco (Foto: PR | Mídia Ninja)
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O noticiário e as redes sociais ficaram em polvorosa nesta terça-feira (23) depois que o site The Intercept divulgou que o  ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, teria revelado em seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) que o mandante das mortes seria o ex-deputado estadual Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Ex-filiado ao MDB, ele já havia sido formalmente acusado pela Procuradoria-Geral da República em 2019 por obstruir as investigações. A principal motivação apontada para seu suposto envolvimento no assassinato seria vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol e atual presidente da Embratur.

Num ato coordenado, bolsonaristas inundaram as redes com fotos que mostravam Domingos Brazão com adesivo da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Imprimiram milhares de visualizações da falsa narrativa de que teria sido um petista quem estaria por trás do bárbaro crime político. Por outro lado, apoiadores do PT lembraram que outros adversários da ex-presidenta Dilma, como o deputado cassado Eduardo Cunha (cortado da foto em que aparece ao lado de Brazão, em matéria do site Metrópoles sobre o assunto) e o senador bolsonarista Magno Malta, também fizeram campanha para a petista. Além disso, circularam vídeos que mostram membros da família Brazão, incluindo o próprio Domingos, em campanha pela fracassada reeleição de Jair Bolsonaro em 2022.

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Nesta guerra de informações, além de tentar implicar o PT, a tática dos bolsonaristas foi também de dar o caso como encerrado. Pelo Instagram, Jair Bolsonaro celebrou a informação de Ronnie Lessa à Polícia Federal. "O caso Marielle se aproxima do seu final com a delação de Lessa (ainda não homologada). Também cessa a narrativa descomunal e proposital criada por grande parte da imprensa e pela militância da esquerda", afirmou o ex-presidente.

Após toda a repercussão sobre o caso, a Polícia Federal divulgou nota em que não confirma o que Ronnie Lessa teria dito. A PF afirmou que o ex-PM não teve ainda seu acordo de colaboração homologado pela Justiça. "Até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário", disse a corporação em referência ao ex-policial Élcio Queiroz, acusado de dirigir o veículo que transportou Ronnie Lessa na noite do crime. 

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Independente do que virá da delação de Lessa, o fato concreto é que o clã Bolsonaro tem relações antigas com a família Brazão, que, por sua vez, tem conexões com a milícia que controla parte da zona oeste do Rio. Além disso, o assassino de Marielle, que agora diz querer falar sobre o crime, foi vizinho do ex-presidente no condomínio Vivendas da Barra. Sem falar que durante seis anos, incluindo o mandato de Bolsonaro, as investigações não avançaram. Como o acordo de delação não foi homologado pela Justiça, não se pode confiar no que foi divulgado até o momento. E mesmo quando for, é necessário que Ronnie Lessa aponte provas que embasam as acusações que ele fizer sobre o mandante do crime político. 

De toda a história e considerando as relações do clã Bolsonaro, se Jair está demonstrando alívio com o que Lessa teria dito, alguma coisa não está devidamente esclarecida. É preciso cautela neste momento, aguardar elementos mais concretos e não tomar como fato esta informação divulgada inicialmente pelo Intercept.  

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Marielle Franco foi assassinada por membros do crime organizado. Antes do ato homicida, o veículo em que ela se encontrava foi perseguido por aproximadamente quatro quilômetros. O crime aconteceu na noite de 18 de março de 2018, em uma área desprovida de câmeras de vigilância na capital carioca. Marielle era uma defensora dos direitos humanos, dedicada a denunciar a violência policial e a criticar a atuação de milícias nas áreas periféricas do Rio de Janeiro. Era cotada para ser candidata ao Senado pelo PSOL, pleito vencido pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

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