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Ricardo Kotscho

Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.

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Ratos e cupins: por que Bolsonaro não se mira no exemplo de Roosevelt em 1929?

O jornalista Ricardo Kotscho escreve sobre a admiração de Bolsonaro pelos Estados Unidos e seu completo desconhecimento da receita usada para tirar o país do norte de uma grande recessão, como a brasileira, em 1929; lá, o presidente Roosevelt criou o "New Deal", um vigoroso pacote de dinamização da economia com forte investimento do Estado, inclusiva na cultura e nas artes; aqui, o presidente americanófilo faz o oposto e destrói o Estado, a cultura e as artes

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Por Ricardo Kotscho, do Balaio Do Kotscho e especial para o Jornalistas Pela Democracia 

Já que tem tanta adoração pelos Estados Unidos, bem que Jair Bolsonaro poderia se mirar no exemplo de Franklin Delano Roosevelt durante a Grande Depressão de 1929, um período muito semelhante ao que o Brasil vive hoje.

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É bem provável que o capitão nem saiba de que e de quem estou falando, mas alguém poderia ler para ele um trecho do segundo volume das memórias de Jô Soares (Companhia das Letras, 2018).

Está na página 128, que por acaso li na noite de domingo:

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“Durante a Grande Depressão de 1929, os americanos viveram o paradoxo de passar por um período de penúria econômica, ao mesmo tempo que viviam anos de uma abundante e fértil produção artística e cultural. Entre as várias iniciativas tomadas pelo presidente Franklin Delano Roosevelt no chamado New Deal, conjunto de medidas de combate à recessão, estava a criação de projetos artísticos e culturais bancados pelo governo. Milhões e milhões de dólares foram destinados a financiar projetos para a massa de atores desempregados, músicos, fotógrafos, diretores, documentaristas”.

Aqui, em 2019, exatamente 90 anos depois,  o boçalnarismo está fazendo exatamente o contrário.

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Depois de exinguir o Ministério da Cultura, corta verbas do orçamento, ameaça fechar agências de fomento e trata os artistas como inimigos para combater o “marxismo cultural”, no embalo do seu projeto de destruição do país e das suas instituições.

Convém explicar a ele que Roosevelt não era “comunista”, mas um símbolo da sociedade capitalista que soube reerguer seu país, pregando a união de todos e investindo nas pessoas para superar as dificuldades.

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Caso o inominável presidente se interesse pelo assunto, vale a pena se informar um pouco mais, como relata Jô Soares:

“Um braço do New Deal era a WPA (Works Progress Administration), criada para apoiar o teatro, a música, as artes plásticas e a literatura, empregando cerca de 40 mil pessoas. Ao contrário do que acontece no Brasil, onde o menor sinal de retração econômica significa corte nas já minguadas verbas para a cultura, a administração Roosevelt considerava a produção cultural a alma do país _ ela não poderia ser entregue aos ratos e cupins de uma era de ruína econômica e social”.

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Na contra-mão da política rooseveltiana para tirar o país do buraco, aqui afundamos cada vez mais, empurrados por ratos e cupins que tomaram conta da administração pública.

Se a produção cultural deve ser “a alma de um país”, como entendia Franklin Roosevelt, e nem Donald Trump conseguiu acabar com ela, os bolsonaros não vão sossegar enquanto não acabarem com a liberdade dos criadores, que agora vão ter que passar por um “filtro” presidencial.

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É a volta da censura prévia, o primeiro passo de todos os regimes autoritários rumo à ditadura.

“Pobre de um país que precisa de heróis”, escreveu Bertold Brecht, outro perigoso “comunista”, mas é isso Bolsonaro quer, certamente sonhando em ver retratada no cinema a vida e a obra do coronel Brilhante Ustra, o grande torturador nacional.

Vida que segue.

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