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Paolla Miguel

Engenheira, membro do Diretório Nacional do PT, vereadora e Presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de Campinas.

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(Re)existir sendo o que somos, com orgulho, LGBTQI+

A “solução” proposta para evitarmos o preconceito é a negação da nossa própria existência. Mas queiram ou não essa não será a nossa solução. Não voltaremos para o armário, seremos cada vez mais visíveis

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A recente medida de isolamento social, a mais segura contra a pandemia do novo coronavírus, deixou grande parte das pessoas angustiadas e potencializou o sentimento de solidão em muitas pessoas acostumadas ao constante convívio e à socialização. Essa sensação é nova para boa parte da sociedade, mas não para a comunidade LGBTQIA+.

A realidade é que o isolamento imposto pela sociedade é constante na vida do LGBT, desde o momento que nos assumimos, ou mesmo antes, se nossas características individuais são identificadas enquanto desviantes do ideal social de gênero. Somos isolados em nossas famílias, nas escolas, no trabalho, na vida social. Isolados até no próprio isolamento pandêmico, quando sofremos diferenças de tratamento nas ajudas solidárias espalhadas país a fora. 

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O Coletivo #VoteLGBT desenvolveu, em conjunto com pesquisadores da UFMG e da Unicamp, o índice de Vulnerabilidade de LGBT+ à Covid-19 (VLC). No dia 28 de Junho foi divulgado o resultado dessa criteriosa pesquisa, apontando que os três maiores problemas da pandemia na população LGBT+ são: a piora na saúde mental, sendo quatro vezes maior se comparado ao restante da população; o afastamento da rede de apoio (incluiu-se a solidão e o convívio familiar forçado); e a falta de fonte de renda. O resultado demonstra ainda que transexuais e travestis são as pessoas mais vulneráveis aos impactos do isolamento social, seguidas pelas pessoas negras e indígenas LGBT+.

Nos governos petistas foram realizados avanços significativos na institucionalização da luta LGBT e na adoção de políticas públicas para a garantia dos direitos, como por exemplo, a especificidade no atendimento pelo SUS com política nacional de saúde integral para LGBT´s, o uso do nome social na administração pública, o canal de denúncias contra LGBTfobia, a oficialização do casamento homoafetivo no serviço público federal dentre outros. Mas ainda persiste a violência e o preconceito institucional, a invisibilização de seus direitos e a falta de dados oficiais que impedem o real combate à violência. 

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Com o avanço da escalada neofascista em nosso país esse cenário é ainda mais preocupante e desastroso para nós, escolhidos como inimigos prioritários do Governo Bolsonaro. Uma de suas prioridades é a destruição do pouco avanço conquistado durante esse período recente, como a extinção do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT´s. Resistimos com a criação do Conselho Nacional PopularLBGTI, lançado neste domingo.

Ainda é preciso lutar contra a patologização da nossa existência, contra as propostas de cura da nossa sexualidade e das nossas identidades. Ainda é preciso lutar contra parte do discurso religioso hegemônico que ainda permanece retrógrado e preconceituoso. O medo ainda é regra em nossas vidas. Medo da violência, medo de frequentar espaços públicos, e não por causa da Covid-19, mas por um vírus ainda mais letal, a LGTBfobia.

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O Brasil é o país que mais mata LGBT´s no mundo, um a cada 19 horas, São Paulo é o estado que lidera esses casos. Em Campinas os direitos da População LGBTQI+ são fortemente ignorados enquanto as denúncias de agressões contra LGBT´s crescem a cada ano, sem que tenha ações concretas por parte do governo. Campinas ainda carece de espaços institucionais e de um plano de combate à LGBTfobia, contando apenas com um Centro de Referência que vem perdendo cada vez mais sua função social. Por isso precisamos ocupar, cada vez mais, esses espaços institucionais, termos vez e voz para lutar contra a exclusão social e que nossos direitos sejam de fato viabilizados.

A “solução” proposta para evitarmos o preconceito é a negação da nossa própria existência. Qual LGBT nunca ouviu coisas como: “pode ser LGBT, mas não precisa demonstrar em público” ou “ser homossexual tudo bem, mudar de sexo aí já é demais” dentre outros “conselhos” ainda piores. Como se, para sermos aceitos, precisássemos mais uma vez nos isolar.

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Mas queiram ou não essa não será a nossa solução. Não voltaremos para o armário, seremos cada vez mais visíveis. O tema da primeira “Parada Gay” do país continua uma importante máxima: “Somos muitos, estamos em várias profissões”. Somos muitas, muitos, muites e de muitas formas, trabalhadoras, trabalhadores, intelectuais, artistas, rezamos e louvamos em todas as religiões, também construímos famílias. E acima de tudo somos resistência, somos potência e vontade de viver, de existir sendo o que somos, do jeito que somos. E seguiremos, lutando pelo direito, elementar, de sermos o que somos. 

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