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Reimont Otoni

Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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Segurança Ambiental é opção urgente

Atual modelo socioeconômico causa exaustão climática

Enchente em Porto Alegre (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

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A catástrofe climática do Rio Grande do Sul se conta pelas dores humanas – ultrapassa a 100 o número de vidas perdidas; mais de 130 pessoas continuam desaparecidas; mais de 160 mil passaram por abrigos; quase 70 mil permanecem desalojadas; 85% da população está sem acesso à água potável; 428 dos 497 municípios gaúchos enfrentaram problemas relacionados aos temporais, afetando, quase um milhão e meio de pessoas. S e pensarmos estritamente pela ótica neoliberal, ainda podemos destacar que os prejuízos já ultrapassam a casa de R$ 4,6 bilhões.

A Capital, Porto Alegre, vive a segunda inundação em um ano, agora, ainda mais grave. Cruzeiro do Sul, no Vale do Rio Taquari, virou terra arrasada, depois da terceira enchente em menos de um ano. O drama do povo gaúcho grita um alerta. Não é desastre natural, não é uma eventualidade, é consequência de um projeto que produz deterioração ambiental e coloca em risco a vida humana, como tem insistido o presidente Lula.

É uma tragédia que se repete e cresce a cada ano, provocada por mudanças climáticas causadas pela ação não do homem, mas de um modelo socioeconômico baseado na exploração voraz de recursos, na ocupação desordenada de solos e cidades, no consumismo desenfreado, em modais poluidores, na geração de lucro e lucro e lucro para alguns poucos, bem poucos, enquanto a maior parte permanece à margem, à mercê; a lista da devastação é longa, não cabe em um artigo.

A cada novo evento climático extremo, parte da sociedade se mobiliza, e são comoventes os inúmeros gestos de solidariedade. A cada novo evento um contingente enorme de pessoas e recursos é mobilizado para mitigar as perdas, que mais adiante vemos ser repetidas. 

Em meio a esse desastre ecológico, o Congresso se prepara para votar – e, possivelmente, aprovar – um conjunto de projetos que afrouxam ainda mais a proteção ambiental, já apelidado de "Pacote da Destruição". Soa como deboche às milhões de pessoas afetadas no Rio Grande do Sul e em todos os eventos extremos que vem acontecendo país afora.

Não podemos admitir. É urgente repensar o modelo de país que queremos. É urgente trabalhar em um Plano Nacional de Segurança Ambiental, que estruture soluções efetivas, profundas, comprometendo governo federal, estados, prefeituras, comunidades acadêmica e científica, movimentos sociais e toda a sociedade. 

Nossas gerações têm – mais do que a missão ou o desafio – o dever de avançar em propostas de um novo modelo de sociedade. Devemos isso a nossos filhos, filhas, netas, netos e todos os que virão depois de nós. Parece utopia, mas todos os avanços sociais nasceram de utopias. 

Em 2015, o Papa Francisco lançou a sua Carta Encíclica Laudato SI’ com a mesma utopia. Sob o titulo “Sobre o Cuidado da Casa Comum”, trata o planeta Terra como uma irmã agonizante, que clama “contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou”. 

Estamos a um passo muito pequeno de uma catástrofe humana que não poderá ser mitigada com planos delirantes de colonização de Marte ou de mansões-sarcófagos subterrâneas onde trilionários excêntricos acreditam estar a salvo da hecatombe climática para todo o sempre –sim, gastam fortunas com essa ilusão.

É preciso salvar a nossa Casa Comum, mas para toda a humanidade. Podemos começar por aqui, pelo nosso país, com um Plano Nacional de Segurança Ambiental.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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