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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Senhores do PIB precisam escolher entre o estado de direito e o tuíte do general

"Entre as arcadas e os pátios dos quartéis, é preciso saber bem o que escolhem", escreve Denise Assis

Jair Bolsonaro e General Marco Antônio Freire Gomes (Foto: Isac Nóbrega/PR)
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Por Denise Assis, para o 247

Talvez seja importante relembrar que a posse concorrida e transformada em evento político, do presidente do TSE, o também ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi filha direta do ato do 11 de agosto nas arcadas da Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco (SP). Os signatários dos documentos lidos ali, clamaram por um “estado democrático de direito sempre!”, o que, inclui a preservação do país contra os golpes de Estado. É bom frisar também, que os golpes, quando consumados, não retrocedem. A não ser pela vontade popular, como os bolivianos que, em um ano, reverteram o revés sofrido, protagonizando uma das cenas mais bonitas dos últimos anos: a volta do presidente deposto, Evo Morales – protegido na Argentina em seu exílio – nos braços do povo.

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Isto esclarecido, é preciso avançar para o fato de que ao se posicionarem sem conhecimento de causa – como bem apontou ontem, no Rio, o colega de Moraes, o ministro Gilmar Mendes – não ajudam, pelo contrário, só embaralham o jogo a favor de Bolsonaro e os seus arroubos golpistas. 

Não sabemos até onde avançaram as investigações empreendidas pela Polícia Federal e encaminhadas ao ministro Alexandre de Moraes. Interromper agora o seu trabalho com protestos fundados apenas em princípios ideológicos liberais, é correr o risco, (a dias do 7 de setembro) de termos a efetivação da bagunça generalizada que querem promover esses “empresários da quinquilharia”, longe de terem no cenário econômico o peso dos que agora se contradizem em notas contra a prevenção organizada pelo trabalho de Moraes.

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Os que posaram para a foto e compareceram ao ato de 11 de agosto precisam fazer valer o que peroraram em suas falas. Defender a democracia e o estado de direito. Não há como saber do conteúdo exato das mensagens, mas há o que se depreender do pouco que veio a público. 

Lamentavelmente, os donos do PIB fazem curso em Havard, se preparam para dirigir os seus negócios, mas conhecem pouco da literatura política contemporânea e do que foi escrito de 1964 para cá. Ou seja, não lhes foi possível aprender nada além do que “acham”, ou “ouviram dizer” sobre golpes, em rodas de conversa nos salões das “Fi”. 

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A Fiesp foi comedida em sua nota, não apontando às claras o seu descontentamento com o trabalho do ministro, mas deixou no ar alguma preocupação. Suas congêneres pularam de cabeça na condenação. É preciso que resolvam. Ou querem proteger a democracia, ou pregam por uma liberdade que não necessariamente é a de “expressão”. Como deixou claro em seu discurso de posse, Alexandre de Moraes, “liberdade de expressão não é liberdade de destruição”. 

Para os que ainda desejam se lançar à precipitação, além de voltar ao que defendi em meu artigo anterior, aponto para o novo “tuíte” do general Villas Boas. O mesmo que exigiu em 2018 – respaldado pelo Alto Comando do Exército –, a prisão de Lula para retirá-lo da corrida presidencial. 

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Villas Boas veio a público em socorro ao atrapalhado comandante do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, que proferiu um discurso enigmático, em solenidade do Dia do Soldado (25/08). Na sua intervenção durante as comemorações, Gomes afirmou que “verdades transfiguradas, notícias infundadas e tendenciosas ou narrativas manipuladas” tentam manchar a imagem da instituição. Faltou traduzir, no entanto, o que quis, de fato, dizer. 

Villas Boas, sempre pronto a guinadas radicais, acorreu para elucidar. Postou um novo” tuíte” do tipo bombástico, mas tão confuso quanto o do colega comandante. Em seu post deixa antever que se lembra vagamente que devem seguir à Constituição. Com boa vontade, pode-se entender também que, novamente, ele apela “ao povo” para guiar as Forças Armadas (Exército em particular), sobre o que devem fazer no futuro próximo. Resta saber de que “povo” ele está falando. 

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Da última vez que mencionou a população, viu-se que falava apenas para uma parcela: o seu povo, e nos jogou num buraco sem fundo. Ele se dirigia apenas aos militares e aos radicais de direita, torcedores contra a volta do ex-presidente Lula ao páreo eleitoral. Como novamente ele se refere “às aspirações e carências do povo”, devem os senhores da Fiesp, da Fiergs, e da Fieb, (além da CNI), colocar os seus ternos de molho na lavanderia mais próxima. Podem estar, nesse caso, acendendo uma vela para o “Direito Democrático Sempre!”, e outra para “as aspirações do povo”, em coro com o general Villas Boas. Entre as arcadas e os pátios dos quartéis, é preciso saber bem o que escolhem. 

Em tempo: não há a menor condição para que o general desta vez obtenha sucesso. Não custa, porém, percorrer o caminho das urnas e confiar nas instituições. Menos, senhores.

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