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A causa para que faltasse oxigênio em Manaus foi a FAB ter parado de mandar, diz procurador

Procurador Igor Spindola explica o processo logístico e de tomada de decisões que culminou no colapso do sistema de saúde da capital do Amazonas, deixando pacientes de Covid sem oxigênio e provocando mortes em hospitais (vídeo)

Covid em Manaus / Procurador Igor Spindola (Foto: Lucas Silva/Secom | Reprodução)
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247 - A causa principal para que o oxigênio faltasse para pacientes de Covid-19 em Manaus na última semana foi a interrupção do transporte deste insumo pela FAB (Força Aérea Brasileira), ainda não se sabe por ordem de quem. É o que explica o procurador da República Igor Spindola, em entrevista ao jornalista Luis Nassif, do GGN.

Por um lado, houve um pico na demanda de oxigênio, por conta do recrudescimento da pandemia do coronavírus, fazendo com que a capacidade da empresa fornecedora se esgotasse, exigindo ajuda de outros Estados ou do governo federal. Por outro, o transporte, que já é complicado para o Amazonas (apenas avião ou barco), não poderia ser feito por qualquer tipo de aeronave, daí a importância da FAB no socorro.

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“O último cargueiro da FAB chegou na quarta. Não havia outra maneira de chegar que não fosse por avião. Por alguma razão, alguém decidiu que esses aviões iam parar enquanto eles decidiam o que fazer. Teve uma reunião na quinta-feira à tarde no gabinete de logística do Ministério da Saúde e, nesse período de 24 horas, parou de chegar oxigênio e isso foi tempo suficiente para que o oxigênio faltasse e as pessoas morressem asfixiadas”, recapitulou o procurador. 

“Tanto que quando começou a sair no noticiário que as pessoas estavam efetivamente morrendo asfixiadas, os aviões voltaram a fazer essa rota. O que foi falado para a gente no dia é que esse avião teria quebrado. Mas a gente nem sabia quantos aviões eram. E os aviões apareceram no outro dia, então eles já existiam. Então a causa imediatíssima para que acabasse o oxigênio foi essa. Parou-se de trazer aviões de fora enquanto se decidia como ia ser montada essa logística, e isso não poderia ser feito”, completou.

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“Se eles não tinham determinado uma logística antes, por ter começado na base do ‘precisa mandar, precisa mandar’, eles poderiam ter sentado para conversar para decidir uma logística mais organizada e inteligente, mas não poderiam ter parado de mandar oxigênio. Quando eles pararam, o oxigênio acabou”, avaliou ainda.

Spindola detalha na entrevista que há ainda um agravante na estrutura do Ministério da Saúde, onde foram alocados militares em postos de pessoas técnicas ou ainda decisões que eram tomadas por uma determinada esfera, comandada por técnicos, passaram a ser tomadas a partir de outros lugares, onde há cargos políticos. “A demora na tomada de decisões fez com que a gente chegasse a esse cenário absurdo, inacreditável e muito triste”, concluiu.

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Segundo o procurador, “há uma investigação acontecendo para entender por que foram definidas algumas prioridades em detrimento de outras - como a decisão do Ministério da Saúde, após a visita do ministro Pazuello a Manaus, de que haveria prioridade no chamado ‘tratamento precoce’, ignorando o problema do oxigênio”. “Por que ele não escolheu focar no oxigênio se ele já tinha sido alertado?”, questionou.

Assista à entrevista:

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Empresa fornecedora

Na entrevista, Spindola conta que, desde julho, a White Martins, empresa que fornece oxigênio para os principais hospitais de Manaus e uma das mais fornecedoras do Brasil, vem alertando que havia uma necessidade de aumento no fornecimento. “Estamos com pico de demanda 3 ou 4 vezes maior do que a gente estava em março do ano passado. Porque a solução para esse tipo de problema não se resolve da noite para o dia. Pelo menos não em Manaus”, disse.

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Na semana passada, a empresa afirmou que enfrenta um “cenário de crise sem precedentes” e que “vem se agravando a cada dia”, particularmente no Amazonas. 

O aumento da demanda por oxigênio hospitalar no estado alcançou os 70 mil metros cúbicos (m3)  por dia nos últimos dias, o que equivale a quase o triplo dos 25 mil m3/dia que a empresa conseguia produzir diariamente em sua fábrica de Manaus até recentemente.

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A título de comparação, a White Martins explica que, antes da confirmação do primeiro caso de covid-19 no Brasil, no final de fevereiro de 2020, a fábrica utilizava apenas metade de sua capacidade produtiva. “Isso era suficiente para atender a todos os clientes dos segmentos medicinal e industrial que, juntos, somavam um consumo da ordem de 10 a 15 mil m3/dia”, informou em nota. Mesmo durante o pico da primeira onda da doença, entre abril e maio de 2020, o consumo estadual do produto não superou os 30 mil m3/dia.

Intimada pela Justiça do Amazonas a manter o fornecimento a um hospital particular de Manaus de “quantidades suficientes” de oxigênio, a empresa afirma que já ampliou “até o limite máximo da capacidade de produção da planta [industrial] de Manaus”, elevando-a para 28 mil m3/dia – o que não basta para suprir o atual consumo conjunto de cinco hospitais da capital amazonense.

Venezuela

Para fazer frente a crise, a White Martins afirma estar adotando uma série de medidas, entre elas a importação de parte do oxigênio que produz na Venezuela. O país confirmou o envio de oito caminhões carregados com aproximadamente 130 mil litros de oxigênio para abastecer os hospitais de Manaus. O carregamento deve chegar ao Amazonas nesta segunda-feira (18).

Além disso, o governo venezuelano formou um contingente com 107 médicos brasileiros e venezuelanos, graduados na Escola Latino-Americana de Medicina Salvador Allende, em Caracas, para ajudar a combater a pandemia no Amazonas.

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