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Justiça afasta juiz que ajudava grupo de Cachoeira

Escutas da PF e documentos sugerem que Júlio César Cardoso de Brito fazia tráfico de influência e orientava advogados da quadrilha a lidar com ações no tribunal

Justiça afasta juiz que ajudava grupo de Cachoeira (Foto: Divulgação)

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247 – O Tribunal Regional do Trabalho de Goiás afastou o juiz Júlio César Cardoso de Brito por suspeita de envolvimento com o grupo de Cachoeira. De acordo com escutas feitas pela Polícia Federal e com outros documentos, o magistrado orientava advogados da quadrilha do bicheiro sobre como agir diante de ações no tribunal, além de fazer tráfico de influência. Leia sobre o caso no Blog do Fred, da Folha de S.Paulo, ou reportagem de Frederico Vasconcelos abaixo, na íntegra:

TRT afasta juiz ligado a grupo de Cachoeira

POR FREDERICO VASCONCELOS

Tribunal de Goiás abre processo para apurar atos de Júlio César Cardoso de Brito

Reportagem de autoria do editor deste Blog, publicada neste sábado (14/7) na Folha, revela que o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, com sede em Goiás, afastou de suas funções o desembargador Júlio César Cardoso de Brito, acusado de envolvimento com o empresário Carlinhos Cachoeira.

Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal e documentos encaminhados ao TRT pela 11ª Vara Federal Criminal de Goiás sugerem que Brito fazia tráfico de influência e orientava advogados do grupo de Cachoeira a lidar com ações no tribunal.

Por unanimidade, os desembargadores do tribunal decidiram nesta quinta-feira abrir processo disciplinar para investigar denúncias apresentadas pelo Ministério Público do Trabalho e pelo Sindicato dos Servidores Federais em Goiás.

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Na véspera, Brito pedira licença de suas funções de vice-presidente e corregedor. O TRT designou o desembargador Platon Teixeira de Azevedo Filho para assumir as funções de Brito enquanto durarem as investigações no tribunal.

O processo inclui 77 ligações interceptadas pela polícia, em que o desembargador conversa com um dos braços direitos de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz, que Brito trata como "irmão".

Nas conversas, o desembargador discute situação de empresas com ações trabalhistas no TRT de Goiás, entre elas o laboratório Vitapan, de Cachoeira, a distribuidora de medicamentos JC, de um irmão do empresário, e a Ideal Segurança.

Há suspeitas de que uma viagem do desembargador a Buenos Aires foi patrocinada por Gleyb. Numa das conversas gravadas, um operador de Cachoeira discute com Brito a encomenda de um computador que o empresário traria para ele de Miami (EUA).

O juiz disse que não atuou no julgamento de ações de interesse das empresas, mas a corte entendeu que ele orientava advogados do grupo trocando mensagens com identificação de processos para acompanhamento no TRT.

O envolvimento de Brito com Cachoeira foi investigado inicialmente por uma comissão de sindicância, instaurada em maio, após reportagens publicadas pelos jornais "O Popular", de Goiás, e "Correio Braziliense", de Brasília, revelarem as ligações do desembargador com o grupo de Cachoeira.

O desembargador alegou em sua defesa nos autos que não houve qualquer influência sua no julgamento de processos.

Disse que mantinha convívio social com Gleyb Ferreira da Cruz e com o delegado da PF (afastado das funções) Deuselino Valadares dos Santos, não chegando a amizade íntima ou a algum vínculo negocial.

Sustentou que conhecia superficialmente Carlinhos Cachoeira, sem nenhum convívio diário.

Disse que na viagem com sua mulher a Buenos Aires, acompanhados de Gleyb Ferreira da Cruz e Marcos Antônio Ramos, cada um viajou por sua própria conta.

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