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Vergonha do golpe: metade do país não tem orgulho de ser brasileiro

Em sua série de análises sobre as pesquisas do Datafolha, a socióloga Thaís Moya e o jornalista Mauro Lopes mostram como o golpe de Estado afetou profundamente a autoestima do brasileiro; 50% dos brasileiros e brasileiras perderam o orgulho de sua nacionalidade

Vergonha do golpe: metade do país não tem orgulho de ser brasileiro

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Por Thays Moya e Mauro Lopes- O golpe parlamentar-jurídico-midiático que colocou o governo Temer no poder, e tenta - a todo custo - tirar Lula da próxima eleição presidencial não assolou apenas as esferas materiais do país, como a economia, o emprego, os programas sociais, o setor da cultura -e dos museus-, as relações de trabalho, entre outras. O imaginário coletivo dos brasileiros foi profundamente atingido e há uma enorme ferida em sua autoestima.

O histórico de pesquisas do Instituto Datafolha que temos analisado numa breve série de artigos é evidente por si só: a imensa maioria da população tinha orgulho de ser brasileira durante os governos petistas e não tem mais. Lula terminou seus dois governos com quase 90% da população afirmando ter orgulho de ser brasileira; Dilma encerrou o primeiro mandato com 84% da população orgulhosa de seu país, antes da guerra que a mídia conservadora e a cúpula dos Poderes lhe moveu de maneira incessante a partir de 2014. Na última pesquisa sobre o tema, em junho de 2017, metade do país tinha perdido orgulho de sua nacionalidade. 

 

O gráfico não deixa margem de contestação. Desde que a aliança entre o PSDB, o MDB, o "centrão", a mídia conservadora, o Congresso Nacional e a cúpula do Judiciário e do Ministério Público iniciou a guerra contra o governo Dilma, especialmente a partir do início de 2015, o povo brasileiro rapidamente perdeu o orgulho de sua própria condição. Em julho de 2016, momento em que Dilma já estava afastada -desde maio-, aguardando o julgamento do Senado, 67% da população tinha orgulho de ser brasileira, uma queda assustadora de quatorze pontos percentuais em apenas um ano e meio.

O efeito do governo Temer sobre a autoestima dos brasileiros foi devastador. Em junho de 2017, apenas metade da população manifestava orgulho do seu país. O projeto golpista, que ficou conhecido como “o grande acordo nacional, com STF, com tudo”, devastou o orgulho nacional de 34% da população, ou seja, mais de um terço dela, aproximadamente setenta milhões de pessoas.

Esse é, talvez, um dos piores resultados do Golpe, pois os efeitos de uma subjetividade envergonhada de si tem desdobramentos não só no presente mas no futuro da nação. O patamar de apenas 50% da pesquisa Datafolha foi o mais baixo da série história sobre o tema, iniciada em 2000. Em junho de 2017 foi realizada a última pesquisa sobre o assunto -pela curva desde 2015 é possível supor que o percentual seja ainda menor hoje. A sucessão de eventos desde então tem sido como que uma sequência de socos na boca do estômago do povo brasileiro, da aprovação da reforma trabalhista que na prática revogou a CLT à condenação e prisão de Lula e até o incêndio do Museu Nacional.

Os brasileiros estão com vergonha da sua recente história e sentem saudades do tempo em que Lula e Dilma lideravam o Brasil e que o país projetava-se como um líder global. As conquistas sociais, políticas, os direitos conquistados, 

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