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Cinema, talento e traição

A regra de ouro da ética é uma inspiração para a compreensão das relações humanas: "Não faça ao outro o que você não gostaria que fizessem com você"

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O novo filme de François Ozon é uma deliciosa viagem às intrigas familiares e ao novo tempo em que as mulheres começaram a viver, a partir da revolução feminista - talvez a mais importante dos últimos séculos.

Catherine Deneuve, com todo o seu talento, é aparentemente uma mulher "Potiche", isto é, um enfeite. Uma mãe amorosa, uma avó devotada, uma esposa que compreende as aventuras amorosas do marido e cuida de cuidar dele. Preocupa-se com o remédio e os problemas da fábrica de guarda-chuvas que o marido herdou do sogro.

A filha do casal, à primeira vista liberal, se mostra tão reacionária e conservadora como o pai. O marido não gosta que Deneuve emita opiniões; afinal, ela é como um vaso decorativo - enfeita em silêncio qualquer ambiente.

Depois de um problema de saúde do marido, ela assume a fábrica e conta com a ajuda de um ex-amante - Gerard Depardieu (também impecável, aliás como todo o elenco). Mostra-se mais competente do que o marido, mas, mesmo assim, perde a direção da empresa e volta ao lar. Só que uma grande transformação começa a acontecer. Vale a pena assistir.

Um aspecto curioso é o momento em que ela revela ao marido e ao ex-amante que outros homens passaram por sua vida. Nem o marido nem o ex-amante se conformam. Como ele, que traiu a vida inteira, pode ser traído também? Parece ilógico o raciocínio, mas muito parecido com o de tantos homens que acreditam que apenas os homens têm o direito de trair as suas mulheres. Há quem defenda, inclusive, que é uma questão "biológica".

A regra de ouro da ética é uma inspiração para a compreensão das relações humanas: "não faça ao outro o que você não gostaria que fizessem com você".

Muitos pais incentivam os filhos a iniciar o mais rápido possível a vida sexual e trancafiam as filhas. Qual a diferença? O homem, para ser "macho", deve mostrar que é capaz de seduzir o maior número de mulheres, e as mulheres devem se preservar para uma relação sólida, para não se desvalorizarem nem caírem nas bocas malditas? Parece coisa antiga, mas não é. Respeitar mulheres e homens é fundamental em uma sociedade que quer ser considerada evoluída. Se o valor da fidelidadade ajuda a preservar uma família sem máscaras, sem mentiras, essa premissa vale tanto para o homem quanto para a mulher.

Em tempo, já que falamos sobre cinema, é imperdível assistir a Woody Allen reinventado, mais uma vez, em "Meia noite em Paris".

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