CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Economia

Engenheiros da Petrobras acusam Parente de entregar o patrimônio público nacional

A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) criticou a decisão da Petrobras de privatizar quatro de suas refinarias (na Bahia, em Pernambuco, no Paraná e no Rio Grande do Sul); "A venda reproduz o ciclo de entregar patrimônio público, acumulado ao longo de anos de investimentos, necessários para o desenvolvimento e criação de infraestrutura no país, a grandes grupos privados nacionais e internacionais, que não se dispuseram a fazê-lo"

A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) criticou a decisão da Petrobras de privatizar quatro de suas refinarias (na Bahia, em Pernambuco, no Paraná e no Rio Grande do Sul); "A venda reproduz o ciclo de entregar patrimônio público, acumulado ao longo de anos de investimentos, necessários para o desenvolvimento e criação de infraestrutura no país, a grandes grupos privados nacionais e internacionais, que não se dispuseram a fazê-lo" (Foto: Leonardo Lucena)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) criticou a decisão da Petrobras de privatizar quatro de suas refinarias (na Bahia, em Pernambuco, no Paraná e no Rio Grande do Sul). "Se a intenção é atrair recursos externos, não seria mais razoável manter as unidades da Petrobrás, que já estão em operação e convidar os investidores a construir novas refinarias, uma vez que o país terá um déficit na sua capacidade de refino instalada nos próximos anos, necessitando importar derivados em grande quantidade, onerando as contas externas do país?", questionou a empresa.

De acordo com a FUP, "a gestão atual interrompeu uma série histórica de 22 anos de reposição de reservas (aumento de reservas superior à produção); entregou o mercado de combustíveis aos concorrentes, aumentando as importações em 41% em um ano, onerando as contas do país e operando nossas refinarias a 77% da capacidade, contra 98% em 2013".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

"A venda reproduz o ciclo de entregar patrimônio público, acumulado ao longo de anos de investimentos, necessários para o desenvolvimento e criação de infraestrutura no país, a grandes grupos privados nacionais e internacionais, que não se dispuseram a fazê-lo. Quando se propõem, sempre é com custo elevado, financiamento do BNDES e repleto de garantias, como tem-se visto nas áreas de aeroportos, estradas, eletricidade e telecomunicações, com a cobrança de tarifas entre as mais elevadas do mundo".

Ainda segundo a categoria, "nas eleições gerais nos próximos anos, os homens públicos serão cobrados pela sociedade brasileira pelos seus atos na transformação do Brasil em um país soberano, sem desigualdades e justo, ou numa mera colônia, exportadora de matérias primas para as grandes nações hegemônicas e o capital financeiro".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Leia a íntegra da nota:

A diretoria da Petrobrás anunciou, no último dia 19, a decisão de privatizar quatro de suas refinarias: RLAM (Bahia), RNEST (Pernambuco), REPAR (Paraná) e REFAP (Rio Grande do Sul), que respondem por 37% da capacidade de refino do país. A intenção é vender 60% do capital das instalações industriais, incluindo 24 dutos e 12 terminais.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A justificativa, além da venda de ativos para reduzir a dívida (bancos estimam que poderá arrecadar apenas US$ 10,7 bilhões), é que a medida visa acabar com o monopólio da Petrobrás no refino e proteger a empresa contra a ação do governo, garantindo preços internacionais para seus produtos e criando condições para a atração de novos investidores para o setor.

2. Mas, se a intenção é atrair recursos externos, não seria mais razoável manter as unidades da Petrobrás, que já estão em operação e convidar os investidores a construir novas refinarias, uma vez que o país terá um déficit na sua capacidade de refino instalada nos próximos anos, necessitando importar derivados em grande quantidade, onerando as contas externas do país?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Segundo Décio Oddone, diretor geral da ANP, “o consumo de derivados no Brasil, tende a crescer, aumentando a demanda por investimentos nas refinarias. Segundo ele, o país deve chegar a 2028 importando 1 milhão de barris de derivados por dia, contra 600 mil atuais.”

Mas, como tem-se visto, os investidores estão interessados apenas nos ativos da Petrobrás, já em operação, amortizados, sem riscos, baratos e depreciados. Afinal, quanto teriam que gastar para construir refinarias com a capacidade instalada comprada?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A canadense Brookfield já comprou a rede de gasodutos do Sudeste (NTS) e a direção da Petrobrás planeja vender a malha do Nordeste (NTN) para grupos chineses, europeus, árabes ou australianos, das quais a Petrobrás é cliente cativo, com mais de 90% de utilização. Negócio sem riscos, com rentabilidade garantida e possibilidade de ganhos muito maiores, pois não há alternativa para a estatal escoar o gás do pré-sal.

Construir novas refinarias, gasodutos, oleodutos e terminais é caro, demanda anos de construção, investimentos até sua operação e as empresas não estão dispostas a correr riscos. Muito mais fácil, seguro e barato é comprar o que foi construído pela Petrobrás. Nada diferente do que se está fazendo com as hidrelétricas da Eletrobrás, compradas por empresas privadas e estatais de outros países.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

3. O setor petróleo (produção, transporte, refino e distribuição) está liberado para quem quiser trazer seus investimentos e aplicá-los no país desde 1997. “Não é por falta de lei, e sim por falta de confiança e de prática” afirmou Décio Oddone, da ANP.

Mas, para dar confiança aos investidores, vamos entregar a Petrobrás para eles?

“Não há lugar no mundo melhor que no Brasil [para investimentos em refino] ... Estamos exportando 1 milhão de barris/dia de óleo cru e importando 600 mil barris/dia de derivados”, comentou o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Felix.

Realmente não há. Mais da metade dos derivados importados o são por companhias que não a Petrobrás. O mercado de derivados brasileiro é o sétimo do mundo e com previsão de crescimento de 1,8% ao ano até 2030. Isto é que atrai os grandes conglomerados industriais/financeiros em todo o mundo. O maior patrimônio da Petrobrás, que lhe dá força e recursos para investir no país, descobrir o pré-sal e desenvolver o mercado industrial brasileiro, é o nosso mercado interno.

4. No segmento de E&P, com a entrada da produção do pré-sal e as parcerias realizadas nos leilões de petróleo da ANP, a participação da Petrobrás na produção de petróleo no Brasil, que era de 93 por cento em 2010, caiu para 75 em 2013, Apenas nos dois últimos anos, a partir de 2016, sua participação de mercado caiu 7 pontos percentuais, a mesma fatia que a empresa levou 13 anos para perder, desde o fim da exclusividade da execução do monopólio da União. O que mostra a gravidade das decisões tomadas na atual gestão, com sérias consequências para a geração futura de caixa da empresa, seus acionistas e a política de desenvolvimento do país.

A gestão atual interrompeu uma série histórica de 22 anos de reposição de reservas (aumento de reservas superior à produção); entregou o mercado de combustíveis aos concorrentes, aumentando as importações em 41% em um ano, onerando as contas do país e operando nossas refinarias a 77% da capacidade, contra 98% em 2013. [1]

Para atrair investidores, o governo aprovou medida provisória na Câmara dos Deputados, reduzindo impostos das indústrias petrolíferas na exploração e produção até 2040, gerando renúncia fiscal de R$ 40 bilhões anuais, ou R$ 1 trilhão em 25 anos. [2

5. Quanto à ação do governo no controle de preços dos derivados e para evitar o uso político da companhia para realizar investimentos, a atual direção já fez alterações nos Estatutos da companhia de forma a blindá-la de prejuízos para seus acionistas.

Pelas novas regras, se o governo quiser forçar a Petrobrás a praticar preços mais baixos, ou realizar investimentos em condições diversas às do setor privado, terá de fazê-lo por meio de contrato ou convênio com custos e receitas discriminadas e divulgados.

Não faz sentido, portanto, a justificativa de vender suas refinarias para ter um sócio que ajude a protege-la do governo, representante de seu acionista majoritário e controlador, a União Federal.

6. Quanto à questão do monopólio do refino, a Petrobrás operou como executor do monopólio da União até 1997, construindo refinarias, dutos e terminais para abastecer o país, de forma integrada e aos menores custos para o país, mantendo sua rentabilidade e investimentos.

Na distribuição, a BR Distribuidora, a segunda maior empresa do país, detendo em 2016, 31% do mercado de derivados, concorre com centenas de distribuidoras privadas, levando derivados onde outras não tem interesse em abastecer. Na exploração e produção, nos leilões da ANP, todos querem se associar à Petrobrás, descobridora do pré-sal. Na área de dutos, todos querem utilizar ou comprar o que já foi construído pela Petrobrás, depois de ter corrido todos os riscos e coloca-los em operação.

A venda reproduz o ciclo de entregar patrimônio público, acumulado ao longo de anos de investimentos, necessários para o desenvolvimento e criação de infraestrutura no país, a grandes grupos privados nacionais e internacionais, que não se dispuseram a fazê-lo. Quando se propõem, sempre é com custo elevado, financiamento do BNDES e repleto de garantias, como tem-se visto nas áreas de aeroportos, estradas, eletricidade e telecomunicações, com a cobrança de tarifas entre as mais elevadas do mundo.

Em entrevista à Folha de São Paulo [3], no final de 1996, Barbosa Lima Sobrinho respondeu à pergunta se via os EUA como inimigo do Brasil:

“Os Estados Unidos cumprem com o seu papel. Se ele encontra entreguistas nos outros Estados, temos que condenar esses países, e não os EUA, que se aproveitam da fraqueza deles.

Nunca é demais lembrar sua frase “O Brasil só tem dois partidos: o de Tiradentes e o de Joaquim Silvério dos Reis”. Nisto a população está completamente de acordo. Segundo pesquisa recente do Datafolha, 70% dos brasileiros são contra a privatização da Petrobrás e 78% contra o capital estrangeiro na companhia. [4]

Nas eleições gerais nos próximos anos, os homens públicos serão cobrados pela sociedade brasileira pelos seus atos na transformação do Brasil em um país soberano, sem desigualdades e justo, ou numa mera colônia, exportadora de matérias primas para as grandes nações hegemônicas e o capital financeiro.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO