Dia do Cerrado: entidades cobram ações para que bioma não vire 'zona de sacrifício'

Foram derrubados 463 km² do bioma em agosto, 2% a mais do que no mesmo período do ano passado

Desmatamento no Cerrado
Desmatamento no Cerrado (Foto: José Cícero/Agência Pública)


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Lucas Weber, Brasil de Fato - Considerado como a caixa d’água do Brasil por abrigar três aquíferos, o Cerrado não está na Constituição brasileira como um patrimônio nacional, diferentemente da Amazônia e da Mata Atlântica.

Desde 1995, entidades articulam um projeto de lei para que esse 'erro histórico' seja reparado. Hoje, a medida tramita no congresso como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 504. 

"A PEC faz essa reivindicação de reconhecimento de inclusão desses dois biomas [Cerrado e Caatinga] que estão extremamente ameaçados por um processo das quatro décadas de devastação e que precisam ter esse reconhecimento", afirma Valéria Pereira Santos, coordenadora das Comissões Pastorais da Terra que atuam no Cerrado.

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Se por um lado há pressão para que o Congresso olhe para o projeto que já está há quase 30 anos esperando ser votado, por outro o governo federal também é questionado por não ter apresentado medidas para combater o desmatamento em crescimento no Cerrado.

A pressão vem, principalmente, da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, juntamente com a Articulação Semiárido Brasileiro. "Até agora não tem nenhuma ação concreta do governo federal nesse período relacionado ao Cerrado", destaca Valéria Pereira Santos.

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As entidades fazem uma série de ações nesta segunda-feira (11), quando se celebra o Dia Nacional do Cerrado, para dar visibilidade à PEC 504.

Nesta segunda, acontece uma audiência pública na Câmara dos Deputados que traz como tema "Cerrado e Caatinga entre os bens do patrimônio nacional".

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Zona de sacrifício 

Valéria Santos celebra a redução no desmatamento na Amazônia, que teve uma queda de 66% em agosto se comparado com o mesmo mês do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) na última terça-feira (5).

"Nos sete primeiros meses desse governo, obtivemos uma redução de 42% do desmatamento [na Amazônia]”, comunicou a ministra Marina Silva.

Já sobre o Cerrado, a ministra afirmou que bioma "estava numa tendência muito forte de desmatamento. Temos o indício de uma boa notícia. Estamos equilibrando e empurrando essa curva para baixo, isso graças a uma parceria com os governos estaduais".

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Foram derrubados 463 km² do bioma,  2% a mais do que no mesmo mês do ano passado. Embora seja um aumento considerado pequeno, o dado fez com que fosse registrado o pior patamar para agosto em cinco anos.

Valéria lembra que a proteção da Amazônia também depende dos outros biomas. "Nós não temos como fazer a conservação da Amazônia com a destruição do Cerrado, do Pantanal, da Caatinga e dos outros ecossistemas. Não é possível continuarmos mantendo o Cerrado como uma zona de sacrifício", argumenta.

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Apesar dos problemas, a especialista faz questão de lembrar há alguns motivos para celebração. Ela lembra que o bioma abriga grande diversidade de povos tradicionais, que são os responsáveis por gerar e manter conhecimentos fundamentais para a manutenção dos ecossistemas que existem na região.

"Desde os povos mais conhecidos a nível nacional, como os indígenas, que já são reconhecidos na legislação brasileira e os povos quilombolas, como também os catingueiros, assim como os geraizeiros, as quebradeiras de coco babaçu, os Fundos e Fechos de Pasto na Bahia, as vazanteiros, os ribeirinhos, ribeirinhos brejeiros lá no sul do Piauí, na região de Cerrados", destaca Santos.

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