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Mídia

Redes sociais aproximam fãs de atletas

Nesta que já é considerada a Olimpíada das redes sociais, atleta grega já ficou fora por comentário racista no Twitter e judoca brasileira respondeu críticas com palavrões; ao 247, o especialista em marketing esportivo Daniel D´Amelio conta quem são os melhores exemplos de perfis nesse ambiente e fala sobre patrocínios para atletas

Redes sociais aproximam fãs de atletas (Foto: Reprodução/Facebook)
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Por Daniela Guedes para o Brasil 247 – Não é mais segredo ou suposição para ninguém que a utilização de redes sociais por parte dos atletas brasileiros já é uma realidade e está começando a tomar formas cada vez mais profissionais. Já é fato que por conta dos meios digitais, atletas constroem suas próprias marcas e se relacionam diretamente com os fãs sem levar em consideração barreiras geográficas.

A mesma coisa acontece com os clubes, que há muito deixaram de ser aquela coisa estática e fisicamente imutável. Eles agora também conversam com torcedores do mundo inteiro e produzem conteúdo exclusivo fortalecendo a conexão entre ambos. E assim, aquele fã ou admirador de determinado atleta ou clube, os quais antes só obtinham informações através dos meios mais tradicionais de comunicação, hoje já podem interagir em tempo real com cada um deles.

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Com tanta exposição, todos os integrantes desta 'festa', dos atletas aos dirigentes dos clubes, acabam sendo vigiados e, com isto, a preocupação e o monitoramento com atitudes e comportamentos torna-se fator essencial para o sucesso de quem se arrisca a dividir seu dia a dia com os outros.

Bem, o que acaba acontecendo fora das quatro linhas dos campos, dos espaços em que são disputadas as mais diferentes modalidades, acaba ganhando tanto peso quanto o resultado obtido pelos atletas nas competições, até mais do que a conquista do tão esperado primeiro lugar. Vide exemplos atuais nos Jogos Olímpicos de Londres.

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Da judoca brasileira Rafaela Silva, que respondeu com palavrões às pessoas que falaram mal do seu desempenho no tatame, através do Twitter, à saltadora grega Paraskevi Papachristou, que postou um comentário racista sobre os adversários, e a nadadora australiana Stephanie Rice, que fez declarações consideradas homofóbicas. E alguns outros casos singulares, nesta que já é considerada a Olimpíada das redes sociais, dada à grande utilização destas mídias.

Nesta entrevista concedida ao Brasil 247, Daniel D´Amelio, especialista em Marketing Esportivo e gestão de conteúdo digital, esclarece alguns pontos desta busca pelos atributos que o mundo do esporte pode trazer e de resultados que vão além da visibilidade. E de como as mídias sociais abriram um novo caminho de oportunidades para ídolos e clubes no marketing esportivo e na comunicação com seus fãs.

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247 – Como atletas e clubes esportivos podem utilizar o ambiente digital como plataforma de negócios?

Daniel D´Amelio - É preciso, primeiramente, saber que o ambiente digital tem como característica fundamental o relacionamento. E os recursos interativos são ótimos para aproximar o ídolo e o clube de seus torcedores. Muitos já usam bem, mas ainda é possível evoluir muito mais. Com uma comunicação mais direta, linguagem simples e o foco no interesse do seu público alvo, a marca pode obter grandes resultados quantitativos e qualitativos. Isso vale para todos aqueles que querem ter boa imagem na web, nas redes sociais ou nos aplicativos mobile. Só assim é possível pensar em retorno financeiro como a venda de produtos licenciados e outras oportunidades comerciais.

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247 – Você poderia citar alguns casos bem sucedidos de atletas e clubes esportivos no ambiente digital?

Daniel D´Amelio - Além dos artistas (músicos e atores), acredito que os atletas são os maiores beneficiados com o advento das redes sociais, principalmente Twitter e Facebook. No âmbito internacional, LeBron James (17 milhões), Kobe Bryant (13 milhões) ambos do basquete, Roger Federer, Maria Sharapova (do Tênis), Usain Bolt (do atletismo) e Michael Phelps (da natação) são casos daqueles que se tornaram popstar no mundo digital.

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Todos eles já passaram o número de seis milhões de fãs. Já Neymar é o atleta brasileiro com maior número de fãs, com quase 11 milhões. Outros exemplos de sucesso são com os ex-atletas Gustavo Kuerten, Ronaldo e Neto (atualmente, comentarista de TV). Mas isso não se limita aos perfis de pessoas, podem ser aplicados também para as instituições.

Veja o caso do perfil oficial do COI. Já são mais de 4,7 milhões de pessoas que lhe acompanham. No Brasil, destaco a CBF (mais de 3,4 milhões) e o Corinthians (2,7 milhões) que usam bem o ambiente digital. Para se ter uma ideia da importância das redes sociais nos EUA, a NBA criou um aplicativo em seu site em que mostra um ranking dos jogadores mais mencionados. Logo, tenho certeza que teremos este tipo de recurso para outros esportes no mundo todo.

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247 – Quais são os riscos que uma exposição em demasia ou mal administrada nos meios digitais podem trazer ao atleta?

Daniel D´Amelio – É o outro lado da moeda. Se as redes sociais aproximam os atletas do público em geral, e isso traz grandes benefícios, o inverso pode ser verdadeiro. Recentemente, a judoca Rafaela Silva foi muito criticada no Twitter por sua desclassificação nas Olimpíadas, e, na mesma rede social, respondeu com xingamentos aos críticos. Logo em seguida, ela foi orientada a deixar o seu perfil com acesso restrito.

Porém, ressalto que este é um caso cada vez mais incomum. Os assessores dos atletas estão mais atentos. Isso é bom por um lado, a imagem fica mais resguardada. Por outro lado, a comunicação fica mais "engessada" e seguem alguns protocolos que mais parecem comunicações de instituições centenárias. Gosto mais dos exemplos daqueles em que os assessores conseguem deixar os perfis do Twitter e do Facebook mais naturais e parecidos com que os atletas são de verdade. Neymar, Kaká e Lucas são bons benchmarkings.

247 – Qual a relação entre ter um bom desempenho em determinada modalidade esportiva e o atleta alcançar um bom faturamento em patrocínios?

Daniel D´Amelio - Infelizmente o atleta é refém de seus próprios resultados. No Brasil, os atletas de modalidades esportivas não tão populares só conseguem bons patrocínios quando ganham medalhas de ouro em Olimpíadas ou são campeões mundiais em seus esportes. Exemplos: Diego Hypólito (ginástica artística), Gustavo Kuerten (Tênis), César Cielo (natação), entre outros.

Os patrocínios ainda, em sua maior parte, são concentrados em ações de marketing pontuais. Por isso, usam aqueles atletas que estão no auge no momento da campanha em andamento. O ideal seria que casos da Caixa, do Pão de Açúcar, do Banco do Brasil, todos com investimentos em modalidades e não apenas em atletas, fossem seguidos pelas grandes empresas brasileiras.

247 – O que um bom gerenciamento de imagem pode fazer com a marca do atleta?

Daniel D´Amelio – O melhor gerenciamento de imagem é aquele que a agência faz. Previamente o diagnóstico das características comportamentais do atleta. E então identifica quais são as empresas e os segmentos de mercado que têm mais similaridade com a imagem do atleta. Neymar, Ronaldinho, Guga, que são mais irreverentes, tem mais similaridade com campanhas relacionadas à inovação. Já Kaká, Giba e Bernardinho podem ter mais relação com marcas que buscam posicionamentos sólidos. E assim por diante. Todo gerenciamento de imagem bem sucedido não é aquele apenas que conseguem grandes contratos financeiros, mas, acima de tudo, que tenha ligação com marcas que vão melhorar ainda mais a visibilidade do esportista.

247 – Em sua opinião, o que pode levar à perda de patrocínios e à consequente diminuição no prestígio dos atletas?

Daniel D´Amelio – Os resultados esportivos e o comportamento na vida pessoal são fatores fundamentais para não perder patrocinadores. Um atleta de alto nível, rapidamente, conquista grandes patrocínios. Mas ao médio prazo as suas participações em publicidade podem sumir se o seu desempenho esportivo cair. Isso aconteceu com as ginastas Daiane dos Santos e Daniele Hypólito, os nadadores Gustavo Borges e Fernando Scherer, os atletas da seleção de vôlei masculina Giovanne e Tande (medalhistas de ouro em 1992, não tiveram o mesmo sucesso em 1996), entre outros.

Além disso, há o comportamento fora das competições. Com a mídia em todos os locais, isso conta muito. Veja o caso de Ronaldinho, agora no Atlético-MG. Ao se envolver em várias polêmicas, ainda pousou à frente de uma garrafa de Pepsi durante coletiva de imprensa. Resultado: perdeu contrato de R$ 1,5 milhão anual com a Coca-Cola. Atleta de alto nível é cobrado em todos os locais onde é visto. É o preço do sucesso.

247 – Como é o treinamento para aqueles atletas que decidem enveredar pelo caminho das palestras motivacionais?

Daniel D´Amelio – Hoje em dia, existem consultorias especializadas em apresentações. Elas são capazes de identificar as principais características do palestrante e transformá-las em conteúdo para apresentação. Com atletas e técnicos, a preparação não é diferente. Eles fazem apresentações em grandes empresas e eventos corporativos com grande aceitação do público. Treinadores como Luís Felipe Scolari, Carlos Alberto Parreira e Bernardinho realizam palestras que servem de referência para motivação de equipes. Outros casos de ex-atletas, como Oscar (basquete masculino), Lars Grael (iatismo), Tande (vôlei masculino), todos realizam palestras constantemente por todo o Brasil e mostram suas experiências durante a carreira esportiva.

247 – Qual o perfil de público a que estas palestras são direcionadas? Esta ação de fato é uma boa saída para aquele atleta que está fora dos holofotes?

Daniel D´Amelio – Assim como é importante encontrar o patrocinador que mais se assemelha com o perfil do atleta, o conteúdo da palestra também precisa estar em linha com a imagem e o perfil do atleta ou ex-atleta. Por exemplo, existe alguém melhor no país que o Bernadinho para falar com equipes de alta performance? Ou então, falar de novo rumo na carreira como foi o caso de Lars Grael? Antes, Lars era um campeão do iatismo, após o acidente se tornou um importante dirigente esportivo. E podemos ainda citar outros palestrantes.

Ademais, em geral, os esportistas são grandes referências para o mundo corporativo. A contribuição pode ser mútua. Tanto para a estratégia da empresa quanto para o ganho financeiro próprio. Já que o atleta precisa de alguma renda após terminar sua carreira esportiva. Acredito que este é um mercado que poderia ser maior, seria bom para todos.

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