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'Futuro do BRICS, sem dúvida, é representar uma força maior nos blocos de discussão', diz professor

Em razão do alinhamento do governo de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos no início de seu mandato, houve um distanciamento entre o Brasil e os demais membros do BRICS

Cúpula Brics 2014, foto da mídia chinesa (Foto: 李涛 Global Times)
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Sputnik - Em um mundo que caminha para o fortalecimento de novos blocos geopolíticos de poder, a manutenção da relação do Brasil com seus parceiros do BRICS é fundamental. Por essa razão, não se pode confundir política de Estado com política de governo. A questão é: o BRICS já se sobrepôs à polarização política brasileira? Qual o futuro do país no grupo?

Em razão do alinhamento do governo de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos no início de seu mandato, houve um distanciamento entre o Brasil e os demais membros do BRICS, especialmente em função dos ataques do presidente brasileiro à China. Esse distanciamento, no entanto, não foi levado adiante, e o país fechará o ano de 2022 cada vez mais próximo de Rússia, Índia, China e África do Sul.

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Os números não mentem: o secretário especial adjunto de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, João Rossi, informou em junho que as exportações entre os países do grupo tiveram um aumento de 32,6% no ano passado, chegando a US$ 451 bilhões (R$ 2,24 trilhões). O BRICS, por si só, representa um importante agrupamento geopolítico, com cerca de 25% do PIB global, mais de 20% do comércio mundial e 42% da população do planeta.

Como suas possibilidades econômicas e políticas são inúmeras, o futuro do BRICS dentro da geopolítica mundial em constante transformação é uma incógnita, principalmente tendo em vista que o agrupamento não tem um conjunto definido de regras e deve receber novos Estados nos próximos anos. Entre os candidatos, há países como Argentina, Argélia, Irã e Egito. Para o professor Marcos Cordeiro Pires, do curso de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), "o futuro do BRICS, sem dúvida, é representar uma força maior nos blocos de discussão".

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 Se por um lado é certo que o BRICS terá mais força internacionalmente, é possível, por outro, ter a certeza de que o agrupamento terá um lugar privilegiado na agenda da política externa brasileira independentemente de quem assumir o poder em 2023?

Para o especialista da Unesp, "a politica externa no próximo governo precisará considerar todos os polos de poder". E, desse modo, "se houver uma ampliação no grupo de países que compõem o BRICS, como se espera, haverá uma maior interlocução com outros polos" também.

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O professor enfatiza que gostaria de ver mais envolvimento econômico entre os países do agrupamento e aponta a necessidade de uma política de governo alinhada aos ministérios das Relações Exteriores de cada país, que valorize essas relações.

Pires lamenta que o BRICS, neste momento, esteja longe do seu ápice, quando foi criado, em 2015, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), para financiamento de projetos de interesse mútuo. Segundo ele, por conta do conflito na Ucrânia, o BRICS voltou a ganhar força, com os países do grupo demonstrando solidariedade à Rússia. Mas seu desenvolvimento ainda estaria longe de suas pretensões mais otimistas de alguns anos atrás.

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O futuro do Brasil no grupo, entretanto, na opinião do especialista, está vinculado à perspectiva de ampliação do BRICS, com a Argentina e outros países também querendo ingressar nele. Desse modo, analisa Marcos Cordeiro Pires, "o BRICS vai ter maior abrangência, e isso é um fato. Agora, se por acaso esse bloco de cinco se amplia para dez, a importância de cada país diminui". A partir desse cenário, opina, é necessário "manter relações com todos os grandes países".

Nesta semana, o professor Marcos Cordeiro Pires foi palestrante em um seminário da Rede Brasileira de Estudos da China (RBChina), uma rede científica multidisciplinar criada em 2017 e dedicada à promoção do conhecimento, da pesquisa, do ensino e do exercício profissional em torno da China. No evento, sediado pela Unesp, o especialista, ao lado de diversos analistas internacionais e de funcionários da Embaixada da China no Brasil, defendeu a ampliação das relações bilaterais entre Brasília e Pequim, assim como entre Brasília e Moscou.

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Marcos Cordeiro Pires explicou que, na esteira do BRICS, a relação do Brasil com a China "é bastante forte, principalmente por conta da dependência brasileira do mercado chinês e dos investimentos da China no Brasil". Ele sublinhou que, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), no ano de 2021, houve recorde de investimento chinês no Brasil.

"Do ponto de vista político, a relação ficou arranhada por conta dos desentendimentos do governo brasileiro." Ele apontou, como exemplo, que não há embaixador da China no Brasil, "que parece estar esperando o resultado das eleições para indicar alguém", comentou.

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Ele entende que, apesar dos atritos, a forma como os chineses olham para o Brasil é com muito interesse e respeito. "A parceria estratégica vem desde 1993, e esse relacionamento vai se ampliando, inclusive com as novas possibilidades de cooperação. Essa relação poderia ser melhor aproveitada pelo Brasil, em um momento que o país deveria traçar objetivos claros com relação à China".

"A parceria deveria se estender a novos campos de atuação, como ciência e educação" ou "a questão da energia renovável, agricultura de precisão, tecnologias 5G, inteligência artificial e cidades inteligentes, que são uma realidade na China", analisou o especialista.

 

Para ele, a política externa brasileira precisa levar em conta, para o futuro, "a própria mudança geopolítica", considerando que, apesar das disputas, o Brasil deve "desenvolver relações maduras com os países", traçando estratégias baseadas nos seus interesses.

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