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Às favas todos os escrúpulos!

O que o Ministério Público e a Polícia Federal só podem fazer com autorização da Justiça, Carlinhos Cachoeira fazia despudoradamente, e Veja disso se serviu em banquete

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A história registrou a célebre frase do então ministro do trabalho da ditadura, Jarbas Passarinho, no nascimento do AI-5: "Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência." Com a mesma licença reivindicada pela revista Veja e pelos colegas jornalistas que assinam o texto relacionado à capa, qualquer um pode se sentir à vontade para escrever, por exemplo, que a frase de Passarinho fora lembrada entre gargalhadas nas conversas dos editores, no fechamento da edição que está nas bancas. Então, às favas todos os escrúpulos de consciência? Isso pode ser qualquer coisa, menos jornalismo.

Fundamental que a ordem estabelecida garanta a qualquer pessoa a liberdade de pensar, se expressar e se manifestar sem restrições. Mas no que se refere à liberdade de imprensa, em respeito à memória de colegas como Vladimir Herzog, cabe aos jornalistas um zelo especial por um princípio basilar de qualquer democracia que se respeite. O êxito coletivo dos jornalistas no cumprimento de seu papel social depende do uso equilibrado da liberdade de imprensa. Talvez possamos dispensar códigos escritos, mas é fundamental termos alguma clareza sobre padrões de conduta. Os excessos eventualmente cometidos, em última análise se convertem em atentados contra a liberdade de imprensa.

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A referência à fatídica reunião que institucionalizou a censura e a repressão política não é mera provocação. Nem toda agressão à imprensa livre vem de governos ou de qualquer agente externo ao meio da comunicação social. Nesse caso o golpe vem de uma das maiores redações do país. Preceitos constitucionais estavam a ser violados pela ação de arapongas contratados por um sujeito acusado de comandar atividades ilegais, e o resultado dessas violações abasteceu páginas e mais páginas da revista. O que o Ministério Público e a Polícia Federal só podem fazer com autorização da Justiça, Carlinhos Cachoeira fazia despudoradamente, e Veja disso se serviu em banquete.

Razoável que a revista do Dr. Roberto Civita defenda seus métodos nada ortodoxos - diria murdochianos - de obter informações. Risível que tente fazer isso e, ao mesmo tempo, negar ao país a verdade inteira sobre a dimensão de um grande e tentacular esquema de corrupção. Veja tenta convencer o Brasil de que é nada mais que uma manobra diversionista do governo, subestimando a inteligência do mais anti-petista de seus leitores.

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Defendo até a morte o direito de a revista do Dr. Roberto Civita dizer o que quiser e bem entender, mas tratar "aquilo" como reportagem ofende a profissão. Liberdade de imprensa não é uma panaceia a justificar qualquer coisa.

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