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Saúde

Coceira nas pálpebras é o principal sinal de alergia a esmaltes de unha

Um estudo brasileiro aponta que o cosmético é responsável por 36% dos casos de dermatite alérgica de contato nas pálpebras; paciente deve ser testado para a identificação correta

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(Foto: Pixabay)
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Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein - Você sabia que coceira e irritação nas pálpebras podem indicar que você tem alergia ao esmalte que está usando? E que esse problema é mais comum do que se pode imaginar? Um estudo feito por pesquisadores brasileiros e publicado nos Anais Brasileiros de Dermatologia apontou que os esmaltes usados para pintar as unhas são responsáveis por cerca de 36% dos casos de dermatite alérgica de contato que ocorrem nas pálpebras, embora outros cosméticos também possam causar esse problema.

A dermatite alérgica de contato é uma doença de pele causada pela exposição a algum agente externo – como cosméticos, perfumes, sabonetes, cremes, bijuterias e produtos de limpeza, entre outros – que provoca uma reação e uma consequente inflamação na pele. Geralmente se manifesta com vermelhidão, inchaço e descamação. “Na maioria das vezes, a reação não ocorre imediatamente, ou seja, é mais tardia. Por isso, nem sempre a pessoa faz uma associação direta. O principal sintoma é o prurido, que causa um incômodo muito grande”, explica Mariana de Figueiredo Silva Hafner, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein e autora do estudo.

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Para chegar aos resultados, a especialista analisou retrospectivamente dados de prontuários de 228 pacientes com eczema de pálpebra, que foram submetidos a testes de contato em um serviço de referência entre 2004 e 2018 – do total de pacientes, 89,5% eram mulheres. “Tradicionalmente, o público feminino costuma ser mais afetado por dermatites de contato porque é mais exposto aos produtos de beleza”, explica a dermatologista. Ela ressalta que, em média, as mulheres usam 12 produtos cosméticos por dia, o que significa que a pele está em contato com cerca de 168 componentes químicos diferentes.

De acordo com o estudo, 64,5% dos pacientes (148) apresentavam lesões de eczema em outras regiões do corpo, além das pálpebras, como face, braços, mãos, pernas, tronco e couro cabeludo. Segundo Hafner, a maior proporção de acometimento em outras áreas da face pode ser justificada pelo maior uso de produtos cosméticos no rosto, já que estes são importantes causadores de dermatite de contato.

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Por que a alergia ocorre nas pálpebras?

A dermatologista explica que a pálpebra é especialmente mais vulnerável à ocorrência de dermatite alérgica de contato por dois motivos: primeiro porque ela é formada por uma pele muito mais fina do que a pele das mãos e dos pés, por exemplo, o que a deixa mais vulnerável à penetração de substâncias com potencial alergênico. Em segundo lugar, pela própria função que ela exerce. “As pálpebras estão o tempo todo retendo substâncias para evitar que elas entrem em contato direto com os olhos”, observa.

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Segundo a médica, ao perceber sinais de irritação na pálpebra, o mais comum é que as pessoas pensem em alguma maquiagem, ou até mesmo em colírios – nem sempre o uso de esmaltes é levado em consideração. “Às vezes, não percebemos que levamos as mãos ao rosto e isso causa um contato indireto da face com alérgenos presentes nas mãos, como os dos esmaltes, o que acaba causando a dermatite na pálpebra”, explica.

A pesquisa mostrou ainda que, entre os pacientes com diagnóstico fechado de dermatite alérgica de contato, os principais agentes causadores foram os esmaltes de unhas (36%), seguidos de medicamentos tópicos (27,2%), cosméticos não especificados (24,5%), tinturas de cabelo, metais/bijuterias (15,6%), borracha (6,8%) e xampus (4%).

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A resina tolueno-sulfonamida-formadeído, presente nos esmaltes de unhas, foi o alérgeno relevante mais comum entre os analisados. De acordo com a especialista, essa resina é a substância responsável por dar resistência e brilho ao produto. Mesmo com os avanços da indústria em criar produtos hipoalergênicos, ainda existem pessoas com sensibilidade aos componentes e, por isso, as alergias a esmaltes são tão comuns. “O Brasil é o segundo mercado mundial em uso de esmaltes. O costume de esmaltar as unhas é comum em nosso país, então esse alérgeno causa a sensibilização em uma parcela significativa da população, com valores superiores aos encontrados em outros países”, destaca.

Outro alérgeno frequente entre os analisados na pesquisa foi a parafenilenodiamina, encontrada na maioria das tinturas de cabelo. A especialista ressalta, por exemplo, que apenas sete dos 21 pacientes com testes positivos relevantes para esse alérgeno apresentavam lesões no couro cabeludo – as principais eram nas pálpebras.

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Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da dermatite de contato nem sempre é simples, porque depende da identificação correta do agente causador do problema. Para isso, é preciso fazer uma investigação adequada por meio de um exame chamado teste de contato, em que são grudados adesivos nas costas do paciente com várias substâncias alérgenas, que vão permanecer ali por 48 horas. Os adesivos são retirados e é feita uma nova leitura da pele após 48 horas para ver onde houve reação inflamatória. “É dessa forma que descobrimos qual ou quais alérgenos estão causando problemas. É um exame trabalhoso. Leva alguns dias para chegarmos aos resultados, mas conseguimos determinar, na maioria dos casos, qual é o problema”, relata a dermatologista do Einstein.

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A identificação correta do alérgeno é fundamental para melhorar a qualidade de vida. “Se a pessoa é alérgica a determinada substância, ela será alérgica a vida toda. A manifestação clínica pode ser tanto mais localizada e pouco intensa, como também, em alguns casos, disseminada, em que as pessoas ficam inteiramente vermelhas e podem até ser internadas. Se não for feita uma investigação de qual é o alérgeno, o paciente não consegue se livrar do problema porque vai continuar se expondo”, adverte Hafner.

Após a identificação do agente causador da alergia, o primeiro passo é suspender o contato com as fontes dessa substância. Para auxiliar nesse processo, os médicos conseguem gerar listas de produtos livres dos alérgenos e que sejam seguros para o paciente – uma lista individualizada para cada pessoa. “Os rótulos dos cosméticos nem sempre traduzem o problema real. São mais comerciais do que funcionais”, alerta a médica.

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