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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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A barriga dos homens

"Homens se preocupam mais com a barriga das mulheres que as deles. Numa situação concreta de nada valem os moralismos"

(Foto: REUTERS / YVES HERMAN)

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Homens se preocupam mais com a barriga das mulheres que as deles. Nem tudo se resolve com regime, numa canetada ou campanhas piedosas da Igreja. Numa situação concreta de nada valem os moralismos.

Não é lícito abortar pela gestação indesejável, por impedir a promoção no serviço ou ainda pelo medo do escândalo, entretanto, o aborto é permitido em casos de gravidez de risco de morte à gestante, gravidez resultante de violência sexual e anencefalia fetal – conforme o Supremo Tribunal Federal.

O aborto deixa sequelas mesmo na relação dos casais ricos que foram às clínicas limpas. Entre os “invisíveis” há crianças rejeitadas e traumatizadas, às quais a Justiça e o Conselho Tutelar têm de interferir e, talvez, essas meninas sejam as novas gestantes e mães precoces nesse ciclo vicioso do pecado social que aborta os pobres.

No tempo de Jesus, as mulheres estavam entre os mais vulneráveis, e com as quais Jesus usa de misericórdia. Não as ameaçou com apedrejamento, açoites ou excomunhão e chegou a dizer que elas teriam precedência no Reino. Pela Lei de Moisés era lícito ao marido cansado da esposa a repudiar. Para que a mulher repudiada não ficasse na mendicância, a Igreja apostólica impôs o casamento indissolúvel. Atualmente, pela anulação do casamento tido por inválido através de um processo eclesiástico, a Igreja propicia nova solteirice ao católico!

Mesmo no cristianismo a mulher continuou preterida, com algum espaço na Igreja, mas sob a pecha de “tentação ao homem” pelo seu corpo, formosura e dádiva. A misoginia torna-se forte na Igreja medieval e a altivez dela é tida por bruxaria.

Se a gestante pobre estiver sem apoio das igrejas cristãs, entidades de benemerência, conselhos tutelares, família, sem programas sociais e pastorais dirigidas a estas e, em condição de total desamparo, a menina vai aonde? Às clínicas clandestinas para encontrar a morte do feto e possivelmente a dela mesma pelas infecções e febres puerperais. Ou, na sua casa, com objetos perfurantes e contundentes como tesouras, agulhas de tricô, canetas e outros dolorosos, à custa de septicemias e endometrites bacteriana. Mulheres ricas pagam, mãezinhas adolescentes e vulneráveis morrem.

A CNBB se manifesta em nota sobre o tema, cuja parte final é:

“A Igreja, sem vínculo com partido ou ideologia, fiel ao seu Mestre, clama para que todos se unam na defesa e na proteção da vida em todas as suas etapas – missão que exige compromisso com os pobres, com as gestantes e suas famílias, especialmente com a vida indefesa em gestação.”

A CNBB se dirige a todos, creio que aos católicos, mas há outros credos e grupos de semelhante opinião, ora, quem seria a favor do aborto? Por que a episódica campanha e bandeira? Pela eventual flexibilização na lei do aborto?

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