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Dante Lucchesi

Professor Titular de Língua Portuguesa da Universidade Federal Fluminense (UFF)

13 artigos

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A ditadura do discurso único da Globo diante de mais uma guerra capitalista

A imprensa dos países e capitalistas do ocidente funcionam como porta-vozes da Casa Branca, e a Globo se destaca nesse servilismo, como sempre

Presidente da Rússia, Vladimir Putin (Foto: Reuters | Reprodução)
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O chilique de Jorge Pontual, o correspondente da Globo News, quando um historiador apresentou a visão da Rússia sobre a guerra na Ucrânia, é mais uma prova cabal da ditadura do discurso único que impera na Rede Globo. Eles só admitem e propagam a visão do capital financeiro neoliberal e do imperialismo norte-americano. Não há o menor espaço para qualquer outra visão. Quando alguém fura esse bloqueio, como no caso desse historiador, é rechaçado com incivilidade e covardemente, por um sectário parcial (Esclarecendo: o historiador Rodrigo Inhaez, que estava sendo entrevistado remotamente, foi tirado do ar e teve sua conexão cortada, quando Pontual refutou o que ele disse e o destratou; não podendo, portanto, argumentar e se defender.).

Não há mocinho nesta história da Ucrânia, mas o maior responsável pelo conflito é expansionismo estadunidense, que quer cercar as fronteiras da Rússia com os mísseis da OTAN. Além disso, os EUA, através de sua organização terrorista, a CIA, levou ao poder na Ucrânia um governo neonazista que persegue os russos radicados no país, instigando a intervenção da Rússia. O objetivo dos EUA em provocar essa invasão da Ucrânia é impedir a efetivação do Nord Stream 2, gasoduto com que a Alemanha dobraria o volume de gás importado da Rússia– projeto que os EUA sempre sabotaram, pois não interessa ao imperialismo norte-americana, essa aliança econômica entre a Alemanha e a Rússia. E, como esperado, a Alemanha já suspendeu a certificação desse gasoduto, com a invasão da Ucrânia.

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Mas a imprensa dos países e capitalistas do ocidente funcionam como porta-vozes da Casa Branca, e a Globo se destaca nesse servilismo, como sempre. Os jornalistas e comentaristas da Globo News repetem sempre a mesma versão e adotam sempre o mesmo ponto-de-vista, não há o contraditório, não há o outro lado. Um comentarista já falou que, assistindo aos telejornais da Globo News, tem a impressão de estar assistindo a um jogo em que dez jogadores de um mesmo time batem um pênalti cada um, sem goleiro, para decidir o jogo. Foi assim com as reformas trabalhistas e da previdência, é assim com o preço da gasolina em dólar. Todas as matérias e análises são favoráveis, no limiar da propaganda. Ou seja, só é repetida, à exaustão, a visão que atende aos interesses do grande capital financeiro, do qual a Globo é associada, em detrimento dos interesses dos trabalhadores e da maioria da população brasileira.

E, nos últimos dias, o noticiário da Globo e da Globo News mais parece um palanque dos EUA. É como se a invasão da Ucrânia fosse apenas o resultado da insanidade de Putin. Tal fulanização só revela a superficialidade dessa visão. Em nenhum momento se fala do avanço das bases da OTAN sobre as fronteiras da Rússia, nem que o governo ucrânio tem inclinações neonazistas, proscreveu os partidos comunistas e fomenta hostilidades contra a Rússia e os habitantes de etnia russa do país. Em última instância, a intervenção da Rússia na Ucrânia tem a mesma natureza das intervenções diretas ou indiretas dos EUA e da OTAN contra o Iraque, o Afeganistão, a Síria e a Líbia, entre outras. O objetivo é derrubar um governo hostil e colocar um governo aliado em seu lugar. Só que a imprensa capitalista ocidental, que sempre apoiou ou normalizou as intervenções imperialistas dos EUA, agora condena a Rússia quando faz a mesma coisa.

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É óbvio que não é o caso de defender Putin, que tem interesses geopolíticos em jogo e pretende fortalecer sua posição interna, usando a guerra como pretexto para unificação nacional em trono de sua figura de “defensor da Pátria”. E deve ficar claro também que Putin professa o ideário capitalista e é o ditador de um país capitalista, a Rússia. Portanto, o conflito da Ucrânia é resultado do conflito de interesses de potências capitalistas; como aconteceu, na maioria das guerras, nos últimos cinco séculos.

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