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Alex Saratt

Alex Saratt, professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS e dirigente sindical do Cpers/Sindicato.

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A doutrinação

A Educação é nosso trunfo e instrumento e faremos jus a tudo aquilo que acreditamos e construimos.

(Foto: Agência Brasil)
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Nos chamam de doutrinadores. Supostamente inculcamos ideias subversivas e alienantes em crianças, adolescentes, jovens e adultos. Qualquer pessoa a nosso alcance correria então o risco de ser manipulada a bel prazer por professores obcecados em implantar um regime de força e repressão identificado - grosseira e toscamente - como comunista. 

 

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Deixe-me ver e dizer algumas coisas, a fim de desfazer ignorâncias, mal entendidos e falácias. Primeiro, na condição de educadores precisamos sim responder às questões vivas da sociedade. A conversinha senso comum de que educação vem de casa e que na escola só se ensinam lições conteudistas e formais do currículo é uma daquelas artimanhas para esvaziar a pedagogia de qualquer teor científico, humanista, crítico e transformador. 

 

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Defrontamos no dia-a-dia com situações graves, produto de uma ideologia dominante e de um sistema social e econômico que degradam as perspectivas básicas de civilidade. Violência, ódio, preconceitos, discriminações, povoam o ambiente escolar e ser omisso ou relativista frente a esses problemas, manifestações e comportamentos fere a ética profissional e o objetivo maior da Educação: formar verdadeiros cidadãos. 

 

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Seguindo essa linha de raciocínio, compete dizer que a escola moderna é fruto das lutas democráticas e civilizatórias que remetem aos tempos do Iluminismo e cujo impulso ao longo do século passado teve relação com o desenvolvimento geral do pensamento, com a experiência socialista e com a emergência das massas populares e dos grupos oprimidos na História. 

 

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Mais: enquanto Estado, Governos, Capital, Mídia, Partidos, Entidades de Classe do lado burguês imprimem freneticamente suas concepções e ideologias em todos os espaços, tornando seus interesses particulares, universais, os educadores com consciência de classe ou, pelo menos, com compromisso ético e visão crítica, tem a necessidade e o dever de questionar o estado de coisas instalado. 

 

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Senão, como admitir fome e miséria num mundo que produz mais do que consome, onde reina o desperdício e cuja riqueza socialmente criada permitiria conforto e bem estar a todos em vez de esbanjamento e extravagância para alguns poucos? Ou então por qual razão os orçamentos e gastos militares e policiais acontecem fartamente enquanto saúde, educação, moradia e alimentação são constantemente sonegados? 

 

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Poderíamos ficar perguntando sobre essas e outras contradições e injustiças por horas a fio, mas já nos bastam. O que se deve pôr em tela é que os denunciantes da doutrinação alheia são eles próprios os principais e maiores doutrinários da paróquia. Senão o que não é as iniciativas da Escola Sem Partido, a histeria da ideologia de gênero, a excrescência das Escolas Cívico Militares e do Homeschooling, a "Deforma" do Ensino Médio, a contratação de institutos e fundações para gerir escolas e formar professores e alunos, a inclusão de conteúdos como Empreendedorismo, Educação Financeira ou Projeto de Vida na grade curricular, a aquisição de plataformas pedagógicas e digitais prontas e acabadas, o culto à meritocracia, o combate às cotas, o estabelecimento de mensalidades na educação pública superior, entre outras iniciativas que coibem a verdadeira matiz emancipatória da Educação? 

 

Nas mídias vemos uma parcialidade obscena em favor ou contra determinadas posições e políticas. Federações empresariais e organizações liberais ou autoritárias criam programas e interferem em todas as esferas da vida pública, em especial na Educação. Partidos hegemônicos enquanto governantes obrigam pautas e agendas ligadas aos donos do poder econômico e político. Somente nós, trabalhadores em educação ou não, temos vetado o direito de expressar nossas ideias, vontades e sonhos. A nós exige-se aceitação cabisbaixa, resignação humilhante e conformação à ordem desigual e excludente. Mas, como escreveu Eduardo Galeano, nós dizemos não! E iremos perseverar para que a luta - nas escolas, nas ruas, nas urnas - permita abrir novos horizontes e afirme a maioria como dirigente de uma outra sociedade, possível e necessária. Não somos doutrinadores. Somos libertadores. A Educação é nosso trunfo e instrumento e faremos jus a tudo aquilo que acreditamos e construimos.

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