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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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A Educação no fundo do poço, que tal?

(Foto: Adriano Machado/Reuters)
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Com a sensibilidade que o caracteriza, Chico Buarque, na sua última criação musical “Que tal um samba?” procede a um passeio pela cultura e vai registrando, enquanto passa, as marcas de suas decepções, sem esconder a esperança ou a alegria. Produz um samba mais do que atual. Um samba de extraordinária pertinência na presente política brasileira. A canção coincide com a prisão pela Polícia Federal do ex-Ministro Milton Ribeiro, pastor evangélico que terminou sua trajetória como gestor envolvido em escândalos com outros dois pastores, em torno de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. O desembargador do TFR-1, que o soltou por habeas corpus, não entrou no mérito da questão. E ficamos nós com a mão no queixo, pensando, de olhos abertos, “Educação nacional, que tal?”

Coincidências não acalmam as inquietações do nosso universo interior, já o sabemos. Põem lenha na fogueira como indícios que se sobrepõem a indícios na já cansada expectativa brasileira e sua vontade de sair do buraco. Dom Phillips e Bruno Pereira, mortos e desaparecidos na Amazônia profunda chamam a atenção para a ausência de medidas governamentais capazes de fazerem cessar os desmandos de bandidos, garimpeiros e madeireiros, que, em conjunto, assaltam as nossas riquezas e as terras indígenas. Do Planalto Central, além de um estado de perplexidade, ouvem-se apenas declarações de estupor, misturadas com frases do senso comum as mais lamentáveis, vindas de um chefe de Estado. A Funai, que tal? Chico Buarque repetiria o estribilho. Como repetiria no caso de outros crimes que vêm sendo cometidos em nossa economia. Eletrobrás, que tal? Custo de vida, que tal? Barulho de motocicleta estalando nos ouvidos, que tal?

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Temos de reconhecer que eles não esperavam salvar a pátria e sim ocupar um lugar de poder por onde agiriam com um à vontade para desfazer medidas de proteção há anos garantidas. O último bastião, a Petrobrás, que tal? Ainda resiste. Pelo visto, por mais que tentem não logram chegar tão longe na derrubada de um patrimônio daquela envergadura. O que representa valor, mas não muito dinheiro, já se foi. Nem dá para mastigar: Que tal? – porque sobra tão pouco que o esforço de reconstrução terá de se mostrar extraordinário para quem ganhar as próximas eleições. De qualquer forma, o candidato vitorioso, com uma expressiva presença no pleito, assumirá com um forte respaldo do ponto de vista do apoio que deverá receber para realizar cada um dos seus esforços. 

Já se escutam, ao longe, dos rincões da Amazônia, da baixada fluminense ou dos corações machucados, a voz de Marielle Franco, Dom Phillipe e Bruno Pereira dizendo: Presente! - perfeitamente audível, por trás do batuque e dos acordes do violão de Chico Buarque, que teima em repetir: é isso mesmo e aquilo também, que tal?

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E que tal uma bebidinha para esquentar no frio do inverno? Enquanto isso, aguardamos cheios de esperança que a destruição, a derrubada e os estragos de todos os tipos sejam neutralizados e assim voltemos a nos reerguer. A onda progressista que vem do México, passa por Cuba, pela Nicarágua, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Equador (quem sabe?), Chile e Argentina, antes de nos alcançar no Brasil. Que tal?

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