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Maria Luiza Franco Busse

Jornalista há 47 anos e Semiologa. Professora Universitária aposentada. Graduada em História, Mestre e Doutora em Semiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dissertação sobre texto jornalístico e tese sobre a China. Pós-doutora em Comunicação e Cultura, também pela UFRJ,com trabalho sobre comunicação e política na China

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André Constantine e a fala bonacha

André Constantine é esse lugar de fala que não abandonou o tom da prosódia da sua classe. Estudou, fez repertório, mas não substituiu sua realidade por outras que não dizem respeito à sua origem. Ao contrário. Ganhou espaços antes reservados à fala bonacha dos que não precisam gritar para ter direitos, e mandou papo reto em muitos decibéis

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Sempre me chamou atenção a fala gritada da favela. Favela, bem entendido, todo e qualquer território de pessoas em situação de desassistência, descaso e desprezo por parte do poder hegemônico, seja o estatal ou o social. Nos registros públicos jornalísticos, e mesmo nas relações privadas, as vozes se elevam a altas notas nas manifestações de denúncias de injustiças, agressões, ofensas e humilhações, num último recurso imaginário de que só há escuta com o berro.

É uma fala que parece sair da ponta da língua, sem a mediação dos códigos sociais burgueses regidos pela herança dos salões da aristocracia onde se falava aos cochichos e aos sussurros. Isso somado ao precaríssimo repertório de vocabulário em consequência da baixa escolaridade e do acesso negado a bibliotecas, teatro, cinema, e demais formas de cultura que vão muito além do entretenimento.

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Os anos de governo do Década, substantivo que passa a adjetivo agregado ao presidente Lula, ou seja, Luiz Inácio Lula da Silva, o Década, permitiram o exercício de uma democracia que estimulou o “morro” a descer sem ser carnaval na forma de lugar de fala, que é muitos mais que ato de fala. Lugar de fala é consciência de classe. Ato de fala é qualquer conteúdo expresso na oralidade ou na escrita.

André Constantine é esse lugar de fala que não abandonou o tom da prosódia da sua classe. Estudou, fez repertório, mas não substituiu sua realidade por outras que não dizem respeito à sua origem. Ao contrário. Ganhou espaços antes reservados à fala bonacha dos que não precisam gritar para ter direitos, e mandou papo reto em muitos decibéis.

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André bota som na caixa torácica, solta o verbo consistente e amplia a emissão das indignações pelas violências que assolam o país, sobretudo depois de Lula, O Década. A fala de André não cai mais da superfície da língua, e isso tem custo. Não é nada fácil emprestar o ar que se respira à luta política. Dá estresse, descompensa, adoece. Não é de agora que André sente as consequências no corpo. Que bom ter os recursos da ciência para mitigar e até poder resolver os problemas clínicos que acusam o golpe. A julgar pelo histórico, a tomografia do André, como ele mesmo diz, deve revelar um espírito machucado, precisando de descanso. Se for o caso, é bom seguir as recomendações do médico e deixar a resistência para o combate que será longo e precisará, sempre, da voz potente de Constantine.

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