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Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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Carta a uma amiga sionista

Marcia Tiburi em uma breve reflexão sobre o fanatismo

Benjamin Netanyahu (Foto: Reuters/Ammar Awad | Reuters/Amir Cohen)

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Percebi que suas redes sociais deram um salto em número de seguidores desde que você começou sua intensa campanha sionista. Sempre ouvi seus argumentos sobre a existência de um Estado de Israel, com a escuta que se deve aos amigos. A princípio não sou contra os Estados, desde que a religião fique de fora disso. Percebendo sua angústia, incentivei que você conversasse sobre o tema com pessoas que entendiam mais do assunto do que eu, por ex., uma amiga jornalista que cobre a questão Palestina há 30 anos. Você apenas disse que “esse tipo de judeu é anti-judeu” e não quis o encontro. Eu fiquei preocupada. Vi que você caminhava para o fanatismo. Lembro de uma tarde em que você me visitou angustiada e que tivemos uma boa conversa na qual, com muito cuidado para não te magoar, tentei sugerir que você evitasse clichês tais como o “islamo-gauchiste”, ou “esquerdo-islamismo”, para se referir a mim. Eu não me ofendi quando você me criticou como islamista identitária. Passei a vida estudando pensadores judeus e convidei você para fazermos um grupo de estudos, esperando criar espaço para aprofundar questões, mas você alegou não ter tempo. Já não era possível conversar sobre temas da vida sem medo da sua reação. Ao mesmo tempo, via amigos em comum constrangidos perguntando o que havia acontecido com você. Lembro que você demorou a decidir votar em Lula e não tenha visto as afinidades entre Bolsonaro e Netanyahu. Então, há dias, você me mandou mensagens de voz dizendo que não havia lido nenhuma postagem minha sobre os ataques a Israel. Eu também não havia postado sobre os ataques à Palestina. Percebi que estava sendo vigiada e que você fazia parte da polícia linguística. Eu te enviei meu texto sobre Gaza/Auschwitz. Você me definiu como uma “petista defensora do Hamas”, logo eu que acho o Hamas um bando de machistas amantes da guerra. Você avisou que não falaríamos mais. Eu falei que você não tinha o direito de exigir de mim uma postura sionista. Você me bloqueou. Queria que você pudesse ver que o ataque do Hamas a Israel, a morte e o sequestro dos israelenses é tão horrível quando é tenebroso o genocídio que o Estado de Israel move contra o povo palestino.

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