Clarice, "a que é brilhante"

Hoje conhecemos a nossa neta Clarice, filha do Lucas e da Claudia Aggio, mais um presente de Deus; primeiro chegou a Isabela, que significa “consagrada a Deus”, que já fez um aninho, está andando e aprendendo a cantar o hino da PONTE PRETA; agora temos a Clarice, que significa “a que é brilhante”.

Chegando à Maternidade de Campinas, ali na Orozimbo Maia, procurei meu filho, ele estava lá, evidentemente, mas encontrei um marido e um pai, o pai da Clarice.

Sobre o Lucas - O Lucas, foi uma criança “arteira”, ele era destemido, ou, como ele se declarou pelo menos uma vez: “sou feliz”; ele sempre foi sedutor, alguém que - diante do menor sinal de que havia ultrapassado alguma regra estabelecida previamente e conhecida -, se defendia lançando mão de um sorrisão maroto capaz de amolecer qualquer coração; o encontramos em estado de graça e o seu sorriso tinha outra natureza, era transcendente, abarcava o corpo e a alma e nos contagiou com rara serenidade.

Descemos para registrar minha neta (atualmente há um serviço do cartório Santa Cruz da Dra. Marismenia, dentro da maternidade), pegamos a senha e, enquanto esperávamos a nossa vez, conversamos sobre tudo quanto é simples e fundamental, aliás, apenas o que é simples é sagrado e divino.

Qual o papel dos avós? - Celinha e eu temos nos perguntado: qual o nosso papel na educação das nossas netas? Como contribuir, participar sem sermos intrometidos? São perguntas que suscitam inquietações e dúvidas.

Como somos católicos nos socorremos das orientações do Papa Francisco, para quem os avós são indispensáveis na educação das crianças e dos jovens na fé; talvez sejamos de fato responsáveis em ajudar a educar nossas netas na fé (aqui começa o nosso drama, pois a nossa igreja é a da Teologia da Libertação, do Concilio Vaticano II, das obras, acreditamos que o importante são as ações para o bem da sociedade, o que colide com as certezas e com o egoísmo das Teologias da Prosperidade e do Domínio).

Ainda segundo Francisco a sociedade precisa incluir os idosos em todas as esferas de ação humana, pois somos uma das componentes vitais das comunidades, chegar à terceira idade é um privilégio e nós avós, idosos ou não (há muitos avós jovens), podemos ser protagonistas na vida dos nossos netos e netas, ou, nas palavras do Papa: “A riqueza dos anos é riqueza das pessoas, de cada pessoa que tem muitos anos de vida, experiência e história. É o tesouro precioso que toma forma no percurso da vida de cada homem e mulher, qualquer que seja a sua origem, sua proveniência, suas condições econômicas ou sociais. A vida é um dom, e quando é longa é um privilégio, para si e para os outros”.

Tenho pensado muito no mundo que as minhas netas vão viver e em como legar alguma ‘verdade’ a elas, se a ‘verdade’, segundo Nietzsche, seria apenas uma ilusão, uma enganação que tomamos como ‘valor de verdade’ e serviria para manter nossos corpos adestrados? Não quero minhas netas adestradas, assim como não desejei que meus filhos fossem zumbis numa sociedade consumista e infeliz.

Desejo que minhas netas sejam como sua avó Celinha; que sejam voluntariosas e livres; que escolham a pílula vermelha e ajudem a derrotar a Matrix; que tragam no coração as sementes do desejo de libertação e de subversão; que elas liderem; que instituam um mundo sem medos e mentiras; que não tenham culpas e que debochem do substantivo “pecado” (invenção humana para aprisionar vidas e almas).

As mesmas histórias que me comprometi a contar para a Isabela, vou contar para a Clarice e, o mais importante, prometo levá-las a muitos jogos da PONTE PRETA, serão tardes e noites gloriosas com muito sorvete ChicaBon, pasteis e churros saudáveis, pipoca, amendoim e tantas outras guloseimas indispensáveis, além do tradicional churrasquinho de frango na porta do Majestoso nos dias de Derbi, oferecidos pelo Fabricio Aggio, tio da Clarice.

Enfim, sigamos felizes abraçando e sendo abraçados pelas coisas verdadeiras.