CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Emir Sader avatar

Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

818 artigos

blog

Como a América Latina chegou a isso

A América Latina foi vítima, quase simultaneamente, de dois fenômenos de extrema direita mais ou menos semelhantes, escreve Emir Sader

(Foto: Governo de SP)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O fenômeno da extrema direita no mundo é um tema amplamente analisado. O favoritismo de Trump para se tornar presidente dos Estados Unidos reafirma a atualidade do assunto.

Na América Latina, precisamos explicar como fomos – e ainda somos – vítimas dos fenômenos Bolsonaro e Milei – para nos limitarmos a estes dois casos mais graves.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Muitos de nós não acreditavam que Milei pudesse vencer as eleições e ser eleito presidente da Argentina. Aqueles que acreditavam que o nível político e cultural dos argentinos seria um obstáculo suficiente para impedir que alguém com o nível político e as abordagens absurdas que Milei fez, como Milei, conseguisse o apoio da maioria dos argentinos.

Algo semelhante também aconteceu no Brasil. Como, entre Bolsonaro e Fernando Haddad, a maioria dos brasileiros poderia escolher aquele para ser presidente do país.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A esquerda no Brasil e na Argentina, assim como em outros países, sempre teve que enfrentar mecanismos de rejeição às grandes lideranças e movimentos populares. Perón na Argentina e Getúlio Vargas no Brasil foram – e, de certa forma, continuam a ser – fantasmas da direita e das elites desses países. O antiperonismo e o antivarguismo – e suas continuidades – sempre foram instrumentos do direito de resistência às lideranças populares.

A diferença entre os dois países está na continuidade do peronismo – e do antiperonismo – e na transição do antivarguismo para o antipetismo ou anti-Lula. Os mecanismos são semelhantes. A direita levanta o espectro do retorno do peronismo ou dos líderes que os representam, como um obstáculo para tentar impedir os líderes do Kirchnerismo ou aqueles que os representam.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Milei foi escolhido como um suposto obstáculo para que Cristina Kirchner ou outro líder – Massa, recentemente – se torne presidente, com as políticas democráticas e populares que representam e que a direita repudia sistematicamente.

As difíceis condições de vida da população nos governos anteriores foram fatores que facilitaram a vitória de Milei. Bem como o antiperonismo e o anti-Kirchnerismo como ideologia e como proposta política.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Milei não disse o que iria fazer. Ele simplesmente apareceu como aquele que poderia impedir a continuidade do peronismo ou do kirchnerismo. Ele apenas disse que iria acabar com a inflação, com a afirmação imediata de que a inflação tinha sido produzida pelo Kirchnerismo.

Sem compreender estes mecanismos, a escolha de Milei não pode ser compreendida. Que ele não é um líder sozinho, com propostas próprias. É um instrumento da direita para derrotar a esquerda.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

No Brasil, foi um bloco jurídico-midiático que conseguiu derrubar Dilma Rousseff, através de um impeachment, com uma acusação que, em nenhum caso, constituiria um caso de impeachment (mudança na alocação de recursos no orçamento), como o mesmo O Judiciário posteriormente o reconheceu.

Esse processo continuou no processo contra Lula, sua condenação e prisão. Isso impediu que Lula fosse candidato e facilitou a vitória de Bolsonaro sobre Haddad. O anti-Pesito e o anti-Lula têm sido mecanismos indispensáveis para a vitória de Bolsonaro.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Um dos absurdos destes argumentos é que durante todos os governos do PT – de Lula e Dima – as condições de vida dos brasileiros melhoraram substancialmente.

A direita teve que recorrer das acusações de suposta corrupção de dirigentes e governos petistas. Esta foi a maior imagem manipulada pela mídia para buscar isolar e derrotar o PT. O Judiciário teve papel essencial, ao lado da mídia, para derrotar o PT. Basta dizer que a sessão do Senado que aprovou o impeachment de Dilma foi presidida pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal.

A América Latina foi assim vítima, quase simultaneamente, de dois fenômenos de extrema direita mais ou menos semelhantes. Que, de alguma forma, eles sobrevivem. Bolsonaro já é inelegível e processado, com grandes possibilidades de ser condenado e detido. Milei ainda é presidente da Argentina. Enquanto Trump pode se tornar presidente dos Estados Unidos novamente.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO