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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Costa e Silva recebeu Mourão de cuecas

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Documentário exibido ontem pelo canal fechado History mostra, fundamentado em documentos secretos – cartas, telegramas, telefonemas – liberados pelo governo dos Estados Unidos depois de 50 anos que o golpe de 64 não teve apenas o apoio, mas foi planejado, financiado e executado pelo governo americano, que também escolheu Castelo Branco como primeiro presidente da ditadura.

A narração é claríssima. Tudo começou quando o embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon vendeu ao presidente John Kennedy a ideia de que João Goulart era um homem de extrema-esquerda que seria o novo Fidel Castro.

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Em trocas de telefonemas e telegramas eles dois decidiram que era necessário tirar Goulart do poder, da forma que fosse, antes que o Brasil virasse uma nova Cuba.

O golpe foi minuciosamente planejado em todos os detalhes. Verbas dos Estados Unidos foram destinadas a financiar campanhas de deputados dispostos a defender a queda de Jango, à midia e a eventos que fizessem a cabeça da opinião pública contra os comunistas e a favor de Kennedy e sua Aliança para o Progresso.

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Com a morte de Kennedy, seu sucessor, Lyndon Johnson seguiu a sua política, sem tirar nem pôr. À medida em que o dia do golpe se aproximava foi incorporado à conspiração o adido militar Vernon Walters incumbido de escolher quem seria o general mais adequado para asssumir o poder com a queda de Goulart.

A certa altura, Gordon pede a Johnson que um porta-aviões americano se posicione nas costas brasileiras e fique de standby. Johnson reage: impossível fazer isso em segredo. E Gordon rebate: não é para ser secreto, é para ser visível, servindo para amedrontar os partidários de Goulart e fortalecer seus adversários com a certeza de que em caso de necessidade têm a quem recorrer.

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Gordon convence Johnson, envia uma frota sob o pretexto de realizar exercícios nas proximidades da costa de Santos.

O desfecho – fácil demais, sem resistência armada – surpreendeu aos americanos e a frota da Operação Brother Sam voltou à sua base.

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Johnson mostra preocupação com que tudo seja feito de forma "legal". Por isso houve aquele ritual: primeiro Ranieri Mazzili foi empossado como presidente – embora Jango não tenha renunciado – e então comandou uma sessão do Congresso que elegeu Castello Branco, como os americanos determinaram.

O fato de Castello ter tomado posse em traje civil foi elogiado pela Casa Branca.

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Dias depois, um conselheiro diz ao presidente Johnson que Gordon recomendara uma saudação calorosa no reconhecimento do novo governo, mas que ele pessoalmente recomendava cautela, pois o governo já fazia as primeiras prisões de civis. Johnson retrucou que queria uma mensagem calorosa e comentou:

"Não tenho nada contra prisões de civis, tanto no Brasil como aqui".

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O comentário mais engraçado é o de Laurita Mourão, filha do general Mourão, que foi quem deu o start do golpe colocando tropas mineiras na estrada e que trata o pai por "Mourão" e não "papai".

"Chegando ao Rio, Mourão entregou a revolução ao Costa e Silva. Que estava dormindo e de cuecas".

Ela também comentou a coincidência da data:

"Aconteceu na madrugada de 31 de março para Primeiro de Abril, que é o dia dos tolos".

O documentário é útil não só para conheceremos o que de fato aconteceu em 1964, por meio de documentos americanos, telefonemas autênticos com vozes de Kennedy, Johnson, Gordon, cartas e telegramas sigilosos, mas também para ficarmos com as barbas de molho.

Talvez somente daqui a 50 anos saberemos o que de fato está acontecendo nesse momento no Brasil.

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