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Elisabeth Lopes

Advogada, especializada em Direito do Trabalho, pedagoga e Doutora em Educação

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Entre Gregos e Troianos, eis a questão!

Que possamos divergir democraticamente, mas que tenhamos a responsabilidade necessária de não nos apressarmos nos julgamentos

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
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Num país como o Brasil, dividido entre os valores democráticos e os extremismos da extrema direita que beiram ao fascismo, além da existência de uma mídia tradicional perversa nos seus julgamentos a governos progressistas, é frequente nos depararmos com críticas severas até quando, em certa medida, o governo manifesta posicionamentos mais ao centro. 

Sem sabermos as razões dos movimentos do governo em favor ou em desfavor acerca dos diversos assuntos sensíveis que orbitam a República, por vezes, nos precipitamos em julgamentos apressados. 

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É evidente que há entre uma decisão e outra de governo, situações que não agradam e sobre as quais nos sentimos seguros em discordar. No entanto, mesmo quanto a essas, é importante indagar sobre as circunstâncias que motivaram tais decisões, uma vez que não temos a totalidade de informações necessárias para fazer avaliações mais acuradas.

Frente a isso, como agir em meio a tudo que acontece, diante de um país ainda não pacificado e radicalmente dividido. Como buscar a verdade em fontes seguras que não sejam as dos interessados em criar o caos e a descrença num governo democrático eleito, com uma pequena vantagem de votos, em relação ao candidato da extrema direita.  

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Nesse sentido, vem à minha memória a clássica frase que refere a impossibilidade de agradar a gregos e a troianos. Todos os dias percebemos nas notícias domésticas ou não, formulações de julgamentos que oscilam de um lado e de outro.

Nas últimas semanas lemos, em várias fontes, as discordâncias sobre a decisão do Presidente Lula em não promover em seus Ministérios eventos alusivos aos 60 anos de início da Ditadura Militar no país. Eu mesma me posicionei em outro artigo quanto a essa decisão, argumentando que a memória não pode ser expurgada da mente de um povo. Em meus argumentos, recorri à fala de José Genoíno sobre a importância do não apagamento da história, em que referiu que “a memória é transformadora e revolucionária, porque ela muda o presente e abre as condições para o futuro, por isso que não se pode enterrar a memória”. Alicerçada no que penso e apoiada nesta ideia de Genoíno, a quem nutro enorme admiração, discordei e continuarei firme nesse propósito, sem entender os porquês da decisão de Lula.  Entretanto, penso que há razões que não estão ao nosso alcance, para ele ter formulado estrategicamente essa medida.

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Numa democracia divergir é saudável e imprescindível problematizar a realidade sobre vários pontos de vista. A natureza democrática é feita de dissensos e consensos, caso contrário não seria uma democracia de fato. 

Nem sempre estaremos convergindo e é isto que Lula sempre nos pede. Sejamos sempre sinceros com relação ao seu governo. A crítica oportuna e civilizada é o combustível necessário para correção de rotas. Afinal, os governos são representações eleitas pelo povo.

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Nos últimos dias, outra notícia habitou a totalidade da mídia pela magnitude de seu conteúdo. A princípio, recebemos a resposta para a insistente pergunta: “Quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Gomes”, assassinados há seis anos na cidade do Rio de Janeiro. Tanto a boa mídia progressista, como a mídia tradicional, esta última patrocinada por interesses liberais, exploraram esse desfecho momentâneo, que certamente terá muitos desdobramentos.  

Novamente, ouvimos muitos julgamentos com relação às falas do Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e do Diretor Geral da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues. De certo modo, eles deram motivos para a chuva de críticas, ao dizerem logo após a revelação dos nomes dos suspeitos pelos assassinatos, que a investigação estava encerrada. Como ter sido findada, se no momento há somente suspeitos de acordo com os ritos jurídicos cabíveis. Certamente o caso ainda será objeto de ampliação nas investigações realizadas até o momento.

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A decisões ou falas do governo, que por suas naturezas, suscitarem polêmicas, demandam a necessidade de serem justificadas dentro do possível. Cada pronunciamento deve ser medido, milimetricamente, evitando desgastes desnecessários, uma vez que, a velha mídia perversa  sempre aproveitará cada palavra dita ou não dita para lançar aos quatro ventos, os julgamentos que convém aos seus propósitos intransigentes e apagadores da boa imagem do governo. 

Outro exemplo, foi o da recente nota do Itamaraty, reforçada na quinta-feira santa pelo Presidente Lula, em relação às eleições na Venezuela. Essa nota trouxe divisões entre gregos e troianos. Jornalistas do campo democrático divergiram enfaticamente, quanto ao conteúdo da nota, mas com cautela em relação à fala do Presidente. Em suas manifestações, pelo menos as que pude assistir, houve o devido respeito às divergências. Contudo, na mídia tradicional, destacando a platinada Globo, os grilos falantes cativos às demandas dos patrocinadores e dos donos do conglomerado mesmo apoiando a nota, expressaram as rotineiras maledicências. Um desses grilos, talvez o mais comprometido com as ordens da emissora, chegou a mencionar que a nota do Itamaraty foi motivada, em parte, pela baixa avaliação do Presidente nas últimas pesquisas e não à polida e pertinente nota do Itamaraty sobre os rumos do delicado processo eletivo da Venezuela. 

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E assim, vamos nos dando conta dos acúmulos das pequenas gotas diárias de golpes midiáticos dessa mídia tradicional purulenta, até o copo transbordar, como observamos nas insistentes reportagens do Jornal Nacional, programa do veículo citado no parágrafo anterior, com as famosas imagens dos dutos de dinheiro, durante as operações ilegais da malfadada operação Lava Jato. Todos os dias o público brasileiro sofria uma espécie de lavagem cerebral pelas informações armadas e plantadas, com o propósito de extirpar, de uma vez por todas, a boa imagem das grandes lideranças progressistas no país. Nem preciso registrar aqui quais foram as maléficas consequências de tudo isso. 

Como referiu o célebre José Martí, o renomado herói cubano e homem anti-imperialista, sobre sua avaliação dos Estados Unidos, após ter vivido  neste país: “eu vivi e conheço as entranhas do monstro”. Nós conhecemos bem as entranhas da mídia neoliberal. 

Que possamos divergir democraticamente, mas que tenhamos a responsabilidade necessária de não nos apressarmos nos julgamentos. Que possamos contribuir com as nossas críticas para composição dos dissensos ou dos consensos, pois os ambientes democráticos exigem isto de cada um de nós, mas que ao publicizarmos o que pensamos sobre os fatos e decisões governamentais, façamos com honestidade de propósitos, afinal queremos ser partícipes na construção de um país verdadeiramente democrático, justo e soberano. 

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