CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Mario Vitor Santos avatar

Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.

92 artigos

blog

Está na hora de romper o círculo de silêncio sobre os crimes dos jornalistas na Lava Jato

'O Jornal Nacional é a nave-capitânia do esquema', diz o colunista Mario Vitor Santos sobre negociações entre a imprensa tradicional e a República de Curitiba

William Bonner e Renata Vasconcellos (Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O portal Consultor Jurídico trouxe a público mais um trecho das gravações da Operação Spoofing com o conteúdo da troca de mensagens do grupo dos procuradores da Lava-Jato no aplicativo Telegram.

As mensagens, obtidas pelo hacker Walter Delgatti Neto, revelam as entranhas da Lava-Jato. Desta vez, de forma inédita, o fragmento de diálogo revelado exibe a maneira como jornalistas estavam disponíveis para prestar serviços aos procuradores na tarefa de ampliar o massacre da imagem das pessoas que eram vítimas das denúncias, buscas em suas casas e prisões. A revelação expõe o mecanismo criminoso da máquina de moer reputações operada pela Lava-Jato com o concurso indispensável de jornalistas transformados em propagandistas das operações espetaculares que o então juiz Sérgio Moro urdia contra os investigados.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Na troca de mensagens, diz a procuradora Laura Tesler, a respeito da estratégia de liberação de informações sobre uma operação contra o então ex-presidente Lula:

"JN é uma ótima!!! Mas de qq forma é bom Tb depois dar uma provocada no Josias, Miriam Leitão etc, para descerem a lenha", escreveu a procuradora Laura Tesler.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Como se vê, para a obtenção do efeito almejado, era fundamental mobilizar um aparato jornalístico cuidadosamente selecionado, com delegação de autoridade e apoio de seus veículos para cumprir as missões.

Havia planos com distribuição de tarefas, com os nomes dos responsáveis e momentos de sua entrada em ação.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

São citados os nomes de Vladimir Neto, da Globo, Miriam Leitão, do grupo Globo, e Josias de Souza, do Uol. O Jornal Nacional é a nave-capitânia do esquema. Escreve Deltan Dallagnol ao grupo de procuradores:

"Rechecarmos tudo e fazermos release logo antes do JN 2. Liberar Vladimir Neto pra soltar 3. Passar pra Josias com embargo, pra soltar no começo do JN".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Josias de Souza diz que nada do que consta das mensagens é verdadeiro. Seria, talvez, uma conversa mole de procuradores exibicionistas.

A negativa não nega a prova da realidade. Josias, Miriam, Vladimir e o Jornal Nacional jogaram junto com a República de Curitiba em todos os momentos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

De todos, Josias é o único que em seu estilo afetado defende de maneira renitente os processos da desmoralizada operação até hoje.

A participação da velha mídia na perseguição a Lula é omitida pelos jornalistas e veículos que participaram. Quando surgem novos detalhes, eles são recebidos com silêncio e censura. Até veículos (não é o caso deste 247) e jornalistas da mídia independente viram o rosto e fingem-se de mortos para não romper a espiral do silêncio que vigora entre os jornalistas. Fala-se que a mídia corporativa foi fundamental para a Lava-Jato de maneira genérica. Mas não se escreve a respeito. Os poucos jornalistas que ousam apurar a atuação de colegas são discriminados e acabam excluídos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Quem reporta e critica quando os criminosos são jornalistas? Quem expõe essa verdadeira máfia corporativista, esse esquema de poder paralelo mantido em acordos de mútua proteção envolvendo veículos e profissionais?

Noticiar sobre o envolvimento da velha mídia nos crimes da Lava-Jato é essencial não apenas pela relevância do assunto, mas porque ele é fundamental para expor a batalha mais decisiva, embora oculta: a disputa pela manutenção do monopólio da informação no Brasil nas mãos da velha mídia corporativa e oligárquica. Felizmente, por ora, esse monopólio vem sendo questionado por vozes alternativas.

Por que ao falar de Jornal Nacional omitir o nome de Ali Kamel, seu diretor, que agora se retira deixando um rastro de manipulação jornalística? Por que não apurar e noticiar, citando os responsáveis, por episódios tão decisivos, relevantes e devastadores. Por que tanto escândalo para criminalizar e tanto silêncio cúmplice quando os criminosos são os próprios jornalistas? Quem vai reportar quando quem reporta é também criminoso?

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO