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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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Lua cinza

À noite, os mísseis fulminantes fazem estremecer a lua do Oriente, com armas letais contra essa gente as quais não têm onde recostar a cabeça, aonde ir

Bombardeio em Gaza (Foto: Reuters/Mohammed Salem)
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A Alemanha nazista tomou quase toda a Europa e exterminou seis milhões de judeus juntamente com os que não se adequavam aos valores higienistas, da raça pura. Foram eliminados, queimados com os judeus os homossexuais, os doentes mentais, os deficientes físicos, aqueles que tinham doenças incuráveis, os ciganos sem morada fixa, os artistas inovadores, a cujas obras o Reich chamou de Arte degenerada. 

Eram executados aqueles que se opunham ao modelo de sociedade Nazista, estabelecido pela força bruta e jogos coletivos com viés cívico, para controle de pessoas pelo regime. O Judiciário foi cooptado e vigorava os desejos de Hitler.

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O número das vítimas do Nazismo é numericamente maior que o de Gaza. Contudo, os seis milhões de vítimas, em maioria judeus, encontravam-se em quase 700 mil quilômetros quadrados, Gaza é bem menor, uma franja exposta de não mais que 365 quilômetros quadrados. As vítimas do Holocausto eram trazidas e confinadas em campos de concentração e à morte. Queimados em vários sentidos do termo, além do físico, em sua identidade, desnudados, espoliados até de seus óculos e dentaduras. 

Na Gaza atual, a população civil é cruelmente morta, cujos nomes dos falecidos pela queima ainda não têm os registros em museus do gênero, exceto as tristes imagens da Net. Confinados num território diminuto, numa franja, somam-se 37 mil palestinos mortos. Com destino semelhante e jurados pelo ódio de Israel se arrastam um milhão e meio de almas encurraladas num gueto da pequena cidade de Rafah, próxima do Egito, sem abrigo em 151 quilômetros quadrados. O comboio com alimentos, água e remédios não avança, em fila, parados no deserto escaldante, e bloqueados pelo exército de Israel. O governo sionista já opera raivosamente contra o último reduto dentro do próprio Estado Palestino. À noite, os mísseis fulminantes fazem estremecer a lua do Oriente, com armas letais contra essa gente as quais não têm onde recostar a cabeça, aonde ir, a não ser às cinzas.

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Alega-se que não seja Holocausto... mas traduz bem esse requinte de crueldade.

A questão não é numérica ou de proporção, mas de princípio. Todo tratamento desumano, cruel e degradante a um judeu ou a quaisquer grupos raciais é crime de lesa-humanidade, contra os direitos humanos.

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O número de palestinos mortos supera em muito o de judeus no ataque do Hamas.

Não os terroristas, mas civis são assassinados indistintamente em Gaza, como formigas em explosões atrás de explosões e, com o fogo do fósforo branco, as crianças queimam e gemem mortalmente feridas numa terra assolada pelos mísseis. 

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Lula chamou os sionistas aos brios. Não há que se passar pano para Israel, por medo de sua influência econômica ou vingança. O brasileiro fustigou duro a verossimilhança com as atrocidades de Hitler. As críticas a Israel são notórias e quase unânimes, bastou o óbvio.  

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