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Eduardo Guimarães

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Lute!

É preciso que este país se una contra o neofascismo que se alevanta contra a humanidade

Ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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A parcela da humanidade civilizada e com capacidade cerebral suficiente para não transformar urnas eleitorais em vasos sanitários é minoria. Às vezes, a necessidade de não usar a urna como depositária de excrementos cerebrais forma maiorias eleitorais sensatas, mas essa é a excessão à regra. 

No fim de semana, a Europa deu um passo gigantesco para jogar a humanidade nos círculos do inferno fascista, onde jazem todos os déspotas cruéis que já pisotearam este planeta. A extrema-direita também assombra o Império norte-americano, enviando-nos um aviso que já venho dando há pelo menos oito anos.

Em 15 de novembro de 2016, cerca de sete meses após o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff e dois anos antes  do golpe judiciário que encarcerou Lula e colocou Jair Bolsonaro no poder, o site do Partido dos Trabalhadores publicou um texto de minha lavra intitulado "Trump pode nos causar um Bolsonaro?". 

Reproduzo um trecho:

"As coincidências entre Donald Trump e Jair Bolsonaro podem parecer muitas ou poucas, a depender do ângulo que se olhe. É muito difícil, porém, desprezar as coincidências, porque, à exceção da grana, são muitas. E não se resumem aos topetes esquisitos.

De qualquer forma, se a história recente nos ensina alguma coisa sobre geopolítica é que continentes encerram ondas político-ideológicas em direção similar.

(...)

Em princípio, apesar de Bolsonaro aparecer com intenções de voto significativas em simulações da disputa presidencial de 2018 (sondagens recentes mostraram-no com até 8% de intenções de voto), há um desses consensos que me assustam que diz que, assim como diziam de Trump, “não há risco” de o gorila brasileiro se eleger.

O fato de Trump e Bolsonaro serem ridículos e politicamente incorretos em uma atividade como a política, em que ser cuidadoso com o que se diz seria mais lógico, não impediu o norte-americano de contradizer todas as minimizações do risco de se eleger.

Ora, dizer barbaridades é a principal semelhança entre o boquirroto tupiniquim e o ianque, mas está longe de ser a única. A visão de mundo dos dois é extremamente parecida.

E as chances? Bem, o que elegeu Trump não foi a sua fortuna, de modo que Bolsonaro não ser bilionário não o impede de se beneficiar do fenômeno norte-americano. Na verdade, pode até facilitar um pouco a vida do nosso obtuso candidato a déspota.

A história está repleta de exemplos de figuras folclóricas como Trump ou Bolsonaro que ascenderam ao poder por não terem sido levadas a sério. Hitler é só a face mais visível desse fenômeno.

O ditador nazista ou o candidato a ditador ianque poderiam ter sido contidos se tivessem sido levados a sério quando tentaram voos mais altos. Os conceitos do alemão e do norte-americano sobre inferioridade “racial” e cultural os unem indelevelmente a Bolsonaro"

O meu texto foi um dos avisos sobre Jair Bolsonaro que foram sumariamente ignorados. Porém, aqui é o Brasil e temos uma diferença marcante dos EUA e da Europa: muita pobreza. 

Ah, mas que diferença positiva a pobreza que esmaga o Brasil pode fazer, Eduardo? No caso de um país votar por capricho, como fizeram os europeus no fim de semana, muita diferença. 

Não elegemos Bolsonaro por capricho, elegemos porque a mídia corporativa se aliou a Sérgio Moro e Deltan Dallagnol para dar um golpe e tirar o PT do Poder. A Lava Jato derrubou a economia e, como o brasileiro vota com o bolso, o eleitorado foi convencido enterrar a era PT após 13 anos de melhora na vida dos brasileiros. 

O povo, porém, se arrependeu. Michel Temer e Jair Bolsonaro esmagaram o país sob os interesses dos milionários e bilionários que controlam a mídia corporativa, o Legislativo e parcela gigantesca do Judiciário -- mas  não todo ele. 

Bolsonaro gastou quase 5% do PIB para comprar seitas pseudoevangélicas e seus rebanhos drogados com fanatismo religioso e para despejar recursos na economia de forma a aquecê-la artificalmente por alguns meses. Chegou ao ponto de criar programas socias gastadores que seriam encerrados logo após a eleição.

Mas não foi suficiente. A população estava convencida de que Bolsonaro tinha sido um erro e ele só não perdeu por mais votos porque entre as suas trapaças eleitorais chegou a barrar eleitores de Lula no Nordeste, usando a Polícia Rodoviária Federal -- fato que vai voltar à tona em breve...

Mas qual é a diferença entre o Brasil e a América Latina e o mundo rico? É que nós não podemos nos dar ao luxo de votar por capricho. O bolso do eleitor vai pesar muito mais por aqui do que pesa por lá, pois os povos latino-americanos, ao contrário de europeus e norte-americanos, não têm o mínimo garantido. 

Mas a parcela progressista da sociedade precisa lutar e só o que se ouve são lamúrias. Enquanto isso, a extrema-direita, que perdeu a eleição de 2022 e que está vendo seus próceres marcharem para o xilindró, age como se estivesse vencendo de goleada. 

É preciso que este país se una contra o neofascismo que se alevanta contra a humanidade. E a esquerda, em especial, precisa parar de disputar concursos de quem é mais esquerdista e se unir em prol de um futuro, qualquer futuro, porque se a extrema-direita retomar o poder no Brasil, não haverá futuro nenhum.

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