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Pepe Escobar

Pepe Escobar é jornalista e correspondente de várias publicações internacionais

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Nenhuma arma deixada para trás: a guerra híbrida dos Estados Unidos contra a China

Não há limites para essa investida de partir com tudo para cima do governo chinês enquanto ele está frágil

(Foto: Reuters/China Daily)
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Por Pepe Escobar, para o Strategic Culture Fundation

Tradução de Patricia Zimbres, para o 247 

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As Novas Rotas da Seda - ou Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) – foram lançadas pelo Presidente Xi Jinping em 2013, primeiramente na Ásia Central (Nur-Sultan) e em seguida no Leste Asiático (Jacarta).

Um ano depois, a economia chinesa ultrapassou a dos Estados Unidos em termos de paridade de poder de compra. Inexoravelmente, ano após ano, desde o início do milênio, a participação dos Estados Unidos na economia global vem diminuindo, enquanto a da China só faz aumentar.

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A China já é o principal centro da economia global e o maior parceiro comercial de quase 130 países.

Enquanto a economia norte-americana é esvaziada e o cassino que financia o governo dos Estados Unidos - os mercados de operações de recompra etc – se configuram como um pesadelo distópico, o estado-civilização sai na frente em incontáveis áreas de pesquisa tecnológica, inclusive devido ao Made in China 2025.
A China supera em muito os Estados Unidos em termos de registros de patentes e forma a cada ano um número pelo menos  oito vezes maior de profissionais na área STEM (Ciências,Tecnologia, Engenharia e Matemática) que os Estados Unidos, conquistando a posição de país que mais contribui para a ciência global.

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Uma ampla lista de países do Sul Global inscreveu-se para participar da Iniciativa Cinturão e Rota, planejada para estar concluída em 2049. Apenas no ano passado, empresas chinesas assinaram contratos de até 128 bilhões de dólares em projetos de infraestrutura de grande escala em dezenas de países.

O único concorrente econômico dos Estados Unidos dedica-se agora a reconectar a maior parte do mundo a uma versão para o século XXI de um sistema de comércio articulado em rede cujo auge durou mais de um milênio: as Rotas da Seda Eurasianas.

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Como seria inevitável, esse estado de coisas é algo que os setores interconectados das classes dominantes dos Estados Unidos simplesmente não poderiam aceitar.

A Iniciativa Cinturão e Rota estigmatizada como uma "pandemia" 

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Enquanto os suspeitos de sempre afligem-se com a "estabilidade" do Partido Comunista Chinês (PCC) e do governo Xi Jinping, o fato é que a liderança de Pequim vem tendo que lidar com um acúmulo de questões de extrema gravidade: uma epidemia de gripe suína que matou metade do rebanho; a guerra comercial urdida por Trump, a Huawei acusada de extorsão e prestes a ser proibida de comprar chips de fabricação norte-americana; a gripe aviária; e o coronavírus paralisando praticamente metade da China.

Acrescente-se a isso a incessante barragem de artilharia da propaganda da Guerra Híbrida do governo dos Estados Unidos, marcada por uma aguda sinofobia: todos, desde "autoridades" sociopatas até auto-intitulados conselheiros vêm instruindo as empresas a desviarem suas cadeias globais de abastecimento para fora da China, ou tramando conclamações diretas pela mudança de regime - com toda a demonização possível de permeio.  

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Não há limites para essa investida de partir com tudo para cima do governo chinês enquanto ele está frágil.

Uma nulidade qualquer do Pentágono, na Conferência de Segurança de Munique, mais uma vez declara que a China é a maior ameaça, em termos econômicos e militares, aos Estados Unidos e, por extensão, a todo o Ocidente, forçando uma combalida União Europeia já subordinada à OTAN  a ser subserviente a Washington nessa remixagem da Guerra Fria 2.0.
Todo o complexo da mídia empresarial norte-americana repete à exaustão que Pequim está "mentindo" e perdendo o controle. Descambando às profundezas do esgoto e a níveis do mais baixo racismo, os picaretas chegam ao ponto de acusar a própria Iniciativa Cinturão e Rota de ser uma pandemia, dizendo que é "impossível colocar a  China em quarentena".

Tudo isso é bem ridículo, para dizer o mínimo, e vomitado por escravos generosamente remunerados de uma oligarquia inescrupulosa, monopolista, extrativa, destrutiva, depravada e sem-lei, que usa a dívida de forma ofensiva para aumentar ilimitadamente sua riqueza e seu poder enquanto as classes baixas dos Estados Unidos e as massas de todo o mundo usam a dívida de forma defensiva para meramente sobreviver. Como Thomas Piketty mostrou de forma conclusiva, a desigualdade sempre se baseia na ideologia.

Estamos mergulhados em uma guerra de inteligência maligna. Do ponto de vista da inteligência chinesa, o coquetel tóxico atual simplesmente não pode ser atribuído a uma série de coincidências aleatórias. Pequim tem uma série de motivos para ver essa extraordinária cadeia de acontecimentos como parte de uma Guerra Híbrida coordenada, de um ataque de Espectro de Domínio Total contra a China.  

Entra em cena a hipótese de trabalho do Matador de Dragões: uma arma biológica capaz de causar imenso dano econômico, mas protegida por negação plausível. A única jogada possível para a "nação indispensável" no tabuleiro do Novo Grande Jogo, considerando-se que os Estados Unidos não conseguiriam ganhar uma guerra convencional com a China e não conseguiriam ganhar uma guerra nuclear com a China.

Uma arma de guerra biológica? 

Na superfície, o coronavírus é a arma biológica dos sonhos daqueles cuja ideia fixa é desencadear destruição por toda a China e que rezam por uma mudança de regime.  

Mas é complicado. Este relatório é uma tentativa decente de rastrear a origem do coronavírus. Compare-se agora este relatório às  ideias do Dr. Francis Boyle, professor de  Direito Internacional na Universidade de Illinois e autor, entre outras obras, de Biowarfare and Terrorism (Guerra Biológica e Terrorismo). Foi esse homem que redigiu o projeto da Lei Anti-Terrorismo de Armas Biológicas dos Estados Unidos de 1989, sancionada por George H. W. Bush.

O Dr. Boyle está convencido de que o coronavírus é uma "arma de guerra biológica ofensiva" que escapou do laboratório BSL-4 de Wuhan, embora ele "não afirme que isso tenha sido feito de forma deliberada".

O Dr. Boyle acrescenta que "todos esses laboratórios BSL-4, nos Estados Unidos, na Europa, na Rússia, na China e em Israel, existem para pesquisar, desenvolver e testar agentes de guerra biológica. Não há qualquer razão científica legítima para a existência de laboratórios BSL-4".  A pesquisa do Dr. Boyle revelou que, até 2015, a estarrecedora soma de 100 bilhões de dólares foi gasta pelo  governo dos Estados Unidos em pesquisas sobre armas de guerra biológica: "Temos bem mais de 13.000 supostos biólogos... testando armas biológicas aqui nos Estados Unidos. Na verdade, isso vem da época, e até mesmo precede, o 11 de setembro".

O Dr. Boyle acusa diretamente "o governo chinês de Xi e seus camaradas" de terem acobertado a epidemia  desde o início. O primeiro caso foi registrado em 1º de dezembro, de modo que eles ocultaram os fatos até isso não ser mais possível. E tudo o que eles estão dizendo é uma mentira. É propaganda".  
A Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo o Dr. Boyle, também faz parte do esquema: "Eles aprovaram muitos desses laboratórios BSL-4 (…). Não se pode confiar em nada que a OMS diz porque eles foram todos comprados e remunerados pela Grande Indústria Farmacêutica e trabalham mancomunados com o CDC, que é o governo dos Estados Unidos, e também com o Fort Detrick". O Fort Detrick, atualmente um laboratório de pesquisas de ponta sobre guerra biológica, antes era um notório covil de experimentos de "controle da mente" da CIA.

Baseando-se em décadas de pesquisas sobre guerra biológica, o Deep State dos Estados Unidos sabe tudo sobre todas as nuances da guerra biológica. De Dresden, Hiroshima e Nagasaki à Coreia, ao Vietnã e a Fallujah, os registros históricos mostram que o governo dos Estados Unidos não vacila quando se trata de despejar armas de destruição em massa sobre civis inocentes. 

De sua parte, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada sobre Defesa, do Pentágono (DARPA) gastou fortunas pesquisando morcegos, coronavírus e armas biológicas de edição genética. Agora, e de forma muito conveniente - como se fosse uma espécie de intervenção divina - os "aliados estratégicos" da DARPA foram escolhidos para desenvolver uma vacina genética.

A Bíblia neocon de 1996, o Projeto para um Novo Século Americano (PNAC), de forma nada ambígua afirma:  "formas avançadas de guerra biológica que podem tomar como 'alvo' genótipos específicos podem fazer com que a guerra biológica deixe de ser um reino de terror para  se transformar em um instrumento politicamente útil".  

Não há a menor dúvida de que o coronavírus, até agora, vem sendo um instrumento politicamente útil caído dos céus, atingindo, com investimento mínimo, o alvo desejado de maximizar o poderio norte-americano - mesmo que temporariamente, e reforçado por uma incessante ofensiva de propaganda – deixando a China relativamente isolada e com sua economia semi-paralisada.

Mas é preciso colocar as coisas em perspectiva. O CDC estimou que cerca de 42,9 milhões de pessoas adoeceram durante a estação de gripe de 2018-2019 nos Estados Unidos. Nada menos que 647.000 pessoas foram hospitalizadas. E 61.200 morreram.

Este relatório detalha a "guerra popular" chinesa contra o coronavírus.

Cabe aos virologistas chineses decodificar sua origem possivelmente sintética. Como a China irá reagir, dependendo dessas conclusões, terá consequências cataclísmicas - literalmente. 

Preparando a cena para os Frenéticos Anos Vinte 

Após conseguir desviar em proveito próprio as cadeias de abastecimento de toda a Eurásia e esvaziar seu Grande Interior, as elites dos Estados Unidos e as dos países ocidentais a eles subordinadas veem-se agora encarando o Vazio. E o Vazio as encara de volta. Um "Ocidente" dominado pelos Estados Unidos agora se confronta com a irrelevância. A Iniciativa Cinturão e Rota está em processo de reverter pelo menos dois séculos de domínio ocidental.  

Não há a menor possibilidade de o Ocidente, e principalmente do "líder do sistema", os Estados Unidos, virem a permitir que isso aconteça. Tudo começou com operações sujas que visavam a criar problemas por toda a periferia da Eurásia - da Ucrânia e Síria até Myanmar.

Mas é agora que a barra vai pesar para valer. O assassinato que teve como alvo o Major General Soleimani mais o coronavírus – a gripe de Wuhan – começaram a realmente preparar a cena para os Frenéticos Anos Vinte. O nome escolhido deveria ser WARS [Guerras, sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda de Wuhan]. Isso entregaria de imediato o jogo como sendo uma Guerra contra a Humanidade – não importando de onde ela veio. 

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