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Osvaldo Bertolino

Jornalista e escritor

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O criminoso “keynesianismo” neoliberal de Paulo Guedes

Guedes havia dito que estava profundamente familiarizado com o trabalho da escola keynesiana. “Eu tenho uma história inteira de leitura desses economistas em seus idiomas originais. Foi muito fácil fazer uma inversão de marcha”, afirmou

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Poucas vezes na história se falou tanto de John Maynard Keynes como atualmente. Até o ministro da Economia, Paulo Guedes, o guardião do cofre do Estado brasileiro para que ele não saia dos parâmetros da Universidade de Chicago, a catedral mundial do neoliberalismo, um serviço que atende pelo nome de “equilíbrio fiscal das finanças”, sempre vigiado de perto pelos capitães das oligarquias de Wall Street

Guedes segue o neoliberal ganhador do prêmio Nobel Robert Lucas, que depois da crise global de 2008 afirmou que “todo mundo é um keynesiano nas trincheiras”. Em março, ele disse que poderia acabar com o coronavírus apenas direcionando R$ 5 bilhões para o Ministério da Saúde. Quatro meses e com mais de R$ 500 bilhões gastos, ele a realidade mostra que seu discurso não passou de mais uma de suas conhecidas bravatas.

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O Brasil está em segundo lugar na conta dos casos de coronavírus do mundo, depois dos Estados Unidos, com o governo Bolsonaro adotando as mesmas posições de sempre, tratando a pandemia com desdém e irresponsabilidade criminosa. Mas Guedes insiste nas bravatas. Segundo ele, “um bom economista não tem dogma”. “O próprio Keynes disse que a economia é como uma caixa de ferramentas, você ataca seu problema com as ferramentas certas”, afirmou à CNN Brasil.

Para ele, se existe o problema é o desemprego em massa é preciso “atacá-lo de frente.” Em uma fala a parlamentares, Guedes havia dito que estava profundamente familiarizado com o trabalho da escola keynesiana. “Eu tenho uma história inteira de leitura desses economistas em seus idiomas originais. Foi muito fácil fazer uma inversão de marcha”, afirmou

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Para os neoliberais mais radicais, o ministro pode estar tentado a ceder em sua ortodoxia de Chicago diante da pressão crescente para que o governo assuma mais responsabilidades sociais diante da tragédia que assola o país. Até o pagamento de um auxílio emergencial para trabalhadores informais foi criticado como um passaporte momentâneo de Guedes para o keynesianismo.

Mas é preciso lembrar que esse valor saiu por iniciativa do Congresso Nacional, assim como a ajuda financeira a estados e municípios – que o ministro se negou a apoiar, exigindo medidas de cortes sociais para um “ajuste fiscal” como contraponto. O ministro ignora que grande parte do mundo está seguindo um padrão semelhante, por intermédio de governos de várias correntes ideológicas, muitos com apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), um defensor histórico de políticas financeiras rigorosas.

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Guedes disse à CNN Brasil que seu passaporte momentâneo para o keynesianismo vence esse ano. “Tudo isso será revertido no próximo ano”, disse ele. “Em 31 de dezembro, a carruagem se transforma em abóbora”, pilheriou. Segundo ele, depois da “reforma” da Previdência em 2019 – uma cruel medida contra o povo –, os próximos atos serão o plano de privatizações – uma selvageria entreguista – e a “reforma administrativa” – um violento desmonte do Estado.

A receita de Guedes tem outras perversidades, como a precarização e desregulamentação das relações trabalho, mas o importante é compreender a sua essência. Em seu livro A doutrina do choque, ou A ascensão do capitalismo de desastres, Naomi Klein defendeu a tese de que o capitalismo se nutre de desastres, e de choque em choque vai ampliando seu poder.

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O cenário atual vai confirmando essa tese. Daí a recorrência a Keynes. Mas a sua invocação pelos neoliberais está longe do que o economista famoso preconizou. O keynesiasimo deu base teórica ao fordismo, à social-democracia, ao New Deal do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevalt e, dentre outras experiências históricas, a muito do que existe na legislação social brasileira. Mas, pelo que defende a escola de Guedes, o trabalhador brasileiro em geral terá de sobreviver de caridades, mesmo depois da pandemia.

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