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Ediel Ribeiro

Jornalista, cartunista e escritor

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O 'Livro Verde e Amarelo' de Jair Bolsonaro

Depois de “O Livro Vermelho”, de Mao Tsé-tung e “O Livro Verde”, de Muammar Kadafi, vem aí “O Livro Verde e Amarelo”, de Jair Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro do lado de fora do local de votação no Rio de Janeiro 30/10/2022 (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)
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Não foram poucos os mandatários, do Planalto à Casa Branca, que já escreveram suas memórias. Depois que soube que seu ídolo, o ex-presidente norte-americano Donald Trump escreveu o livro “Todo Mundo Odeia um Vencedor - Aprenda a Chegar ao Topo e Permanecer Lá”, Bolsonaro resolveu colocar no papel a história de sua odisseia improvável, desde quando era um jovem, tosco, rude e insubordinado militar até se tornar líder de uma das maiores democracias do mundo.

O presidente chamou o secretário de comunicação, Fábio Wajngarten em seu gabinete e foi logo falando:

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— Fabinho, vou escrever um livro, taokey!?

O secretário não acreditou no que ouviu. Só podia ser mais uma das fake news do presidente.

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— Presidente, o senhor é hilário. Gostei da piada - disse o secretário, rindo.

— Piada? Que piada? Tô falando sério isso daê, taokey?

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— Desculpa. Mas, presidente, o senhor nunca leu um livro na vida! É o senhor mesmo que vai escrever? Acha que consegue? Que tal contratarmos um ghost-writer para escrever o livro para o senhor?

— Que “grosaste”, que nada! Meu amigo Trump, disse que esses escritores americanos são tudo comunista.

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— Presidente, desculpe, mas ghost-writer não é um escritor estrangeiro. É um escritor-fantasma. Um profissional que não recebe créditos pelo texto que escreve. Ele escreve seu livro, mas o seu nome é que vai estar escrito na capa.

— Não. Isso daí não é correto. Eu vou estar enganando meus leitores. Eu sou honesto e transparente, só jogo dentro das quatro linhas.

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O secretário quis cair na gargalhada, mas achou melhor não.

— Não vai ser um livro com muitas páginas. Pouquíssimo texto e muitas figuras. Os livros de hoje têm muita coisa escrita. Será um livro com minha história, minhas ideias, meus pensamentos e minhas frases, como “O Livro Vermelho”, de Mao Tsé-tung e “O Livro Verde”, de Muammar Kadafi.

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— Hummm! Dois ditadores! Tudo a ver - sussurrou o secretário.

— O que você disse? 

— Nada. Já pensou no título? - indagou Fabio Wajngarten.

— Vai se chamar “O Livro Verde e Amarelo, de Jair Bolsonaro”.

— Bom!!

— Dê uma olhada - pediu o presidente, entregando o manuscrito de vinte páginas ao secretário.

As máximas do capitão estavam separadas por tópicos.

Sobre o cinema brasileiro:

"Vamos buscar a extinção da Ancine. Não tem nada que o poder público tenha que se meter a fazer filme."

Sobre negros:

"Eu fui num quilombo em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas.”

Sobre estupro:

“Maria do Rosário, eu não estupraria você porque você é muito ruim, porque é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria.”

Sobre gays:

"Quando o filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva logo um coro que ele muda o comportamento dele. Tá certo?”

Sobre mulheres:

“Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher."

Sobre promiscuidade:

“Ô Preta Gil, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem-educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu.”

Sobre tortura:

“Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso. O erro da ditadura foi torturar e não matar. Tinha que ter matado uns trezentos."

Sobre bater em gay:

“Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater.”

Sobre pena de morte:

“Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.”

Sobre adoção por casal gay:

“90% desses meninos adotados vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza desse casal.”

Sobre gênero:

“Não é questão de gênero. Tem que botar no Ministério quem dê conta do recado.”

Sobre imigrantes:

“A escória do mundo está chegando ao Brasil como se nós não tivéssemos problemas demais para resolver.”

Sobre a solução para a falta da água:

“O brasileiro tem que fazer cocô dia sim, dia não.”

Sobre um torturador:

“O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra foi um herói.”

Sobre religião:

“Somos um país cristão. Não existe essa historinha de Estado laico, não. O Estado é cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. Às minorias têm que se curvar às maiorias. Às minorias se adequam ou simplesmente desaparecem.”

Sobre homossexualidade:

"Eu não sou contra os homossexuais. Quem foi o viado que publicou isso!!?"

Sobre homofobia:

“Não existe homofobia no Brasil. A maioria dos que morrem, 90% dos homossexuais que morrem, morre em locais de consumo de drogas, em local de prostituição, ou executado pelo próprio parceiro.”

Sobre o coronavírus:

“É só uma gripezinha. Estão fazendo histeria.”

Sobre a vacina:

“Se tomar esse troço e virar jacaré é problema de vocês.”

Sobre a Aids:

“O cara vem pedir dinheiro para mim para ajudar os aidéticos. A maioria é por compartilhamento de seringa ou homossexualismo. Não vou ajudar porra nenhuma!”

Sobre demarcação de terras indígenas:

“Se eu chegar lá (na presidência), não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.”

Sobre cotas raciais:

“Quem usa cota, no meu entender, está assinando embaixo que é incompetente.”

Sobre o auxílio-moradia que recebia:

“Como eu estava solteiro na época, esse dinheiro do auxílio-moradia eu usava para comer gente.”

— E aí? O que achou?

— Muito engraçado. Praticamente um best seller!! Vai deixar “O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr”, no chinelo.

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