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Fernando Horta

Fernando Horta é historiador

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O Triunfo da Vontade

Bolsonaro conseguiu. Entrou para a história brasileira como o fascista burro

Jair Bolsonaro em reunião ministerial (Foto: Reprodução)
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A reunião do golpe, que o STF liberou na íntegra, é um primor de material histórico. São cerca de uma hora de 33 minutos de sandices e imbecilidades genuínas ditas e ouvidas pelos “5% mais inteligentes do Brasil” segundo Bolsonaro. Ali, Bolsonaro se mostra como mandante, articulador, mentor intelectual e mentor político de toda a construção golpista que o ele tentou por três vezes no Brasil. Sim, ele tentou o golpe em 07 de setembro de 2021, na mesma data em 2022 e depois no dia 08 de janeiro de 2023.

Há, porém três coisas que precisam ser ditas para que não se perca o sentido de toda aquela situação:

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  1. Bolsonaro sabia que estava sendo gravado e gravando a todos. Estava ali tentando extrair confissões. Num determinado momento um interlocutor desconfia que estava sendo gravado e pergunta diretamente ao presidente que mente, dizendo que tinha ordenado a gravação apenas “da fala” dele. Bolsonaro sentiu o estrago da reunião que Moro gravou no início do seu mandato e resolveu fazer o mesmo. O conluio dos hipócritas e desonestos sempre termina com todo mundo passando as noites em claro por medo de uma traição.
  2. Caso o golpe desse errado (como deu) Bolsonaro poderia usar a gravação como forma de ameaça para que os presentes mobilizassem seus recursos para defendê-lo. As ameaças que Bolsonaro faz a todo momento na reunião contra aqueles que “discordam” dele ou de suas paranoicas análises seriam multiplicadas milhões de vezes caso “algo desse errado”. Quem se adiantou a isso foi o STF. Sabedor que de que isso seria usado por Bolsonaro para incitar uma revolta na caserna (já que os militares estão umbilicalmente ligados ao golpe), o STF torna pública toda a reunião e frustra os “planos de segurança” de Bolsonaro.
  3. Este último ponto é talvez o mais aterrorizante. A gravação é feita com uma confiança tamanha que Bolsonaro se sente livre para confessar inúmeros crimes. Desde a indicação de Ramagem para a ABIN, até as parcerias com o deputado fascista Filipe Barros para criar mentiras contra as urnas são confessadas por Bolsonaro sem nenhuma preocupação. Na realidade, são confessadas com certo júbilo. Bolsonaro está orgulhoso dos seus crimes. A gravação, se o golpe tivesse dado certo, seria uma espécie de relato histórico do “Triunfo da Vontade” da cineasta Leni Riefenstahl. Bolsonaro, por mais de uma hora e meia certamente estava convencido que gravava um documento para a posteridade que lhe daria entrada nos imortais da história. Um visionário que teria antecipado os passos do inimigo e com inteligência e coragem vencido a ele. A gravação é um monumento ao orgulho de ser estúpido e ao sonho de um criminoso medíocre de ser eternizado na história do Brasil.

Bolsonaro conseguiu. Entrou para a história brasileira como o fascista burro que governou o país de 2018 a 2022, matou 700 mil brasileiros durante a pandemia, jogou milhões para a pobreza e fome e impôs genocídio ao povo Ianomami. E deixou tudo isso gravado, explicando suas motivações com orgulho.

  • O “Triunfo da Vontade” é um filme da cineasta Leni Riefenstahl, produzido em 1934 para exaltar o regime nazista. É considerado uma obra prima do cinema. Perversa e mórbida. Pode ser visto e acessado nas plataformas do Youtube, por exemplo.

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