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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Pelo fim dos silêncios e das covardias individuais, coletivas e institucionais

Lula advertiu na Etiópia: é genocídio a matança em Gaza. Em Porto Alegre, um grupo gritou em defesa do negro algemado: é racismo, escreve Moisés Mendes

Lula e Faixa de Gaza destruída após ataques israelenses (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Forças de Defesa de Israel/Divulgação via REUTERS)
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Lula não tirou um, mas muitos neonazistas da toca ao gritar que os palestinos são assassinados pelos israelenses assim como os judeus foram massacrados pelos nazistas.

Lula quebrou, no domingo na Etiópia, com a radicalidade da acusação de genocídio e a analogia com o holocausto, o silêncio de muitas covardias institucionais, de governos e organismos mundiais e multilaterais.

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Um dia antes, em Porto Alegre, um grupo de pessoas também quebrou o silêncio costumeiro em situações que configuram flagrantes públicos de atos racistas.

Foi uma boa surpresa. A maioria das testemunhas de arbítrios se cala ou se afasta, numa falsa neutralidade. Mas um grupo reagiu com bravura à abordagem de quatro policiais da Brigada Militar.

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Na calçada, os PMs imobilizavam e tentavam algemar um motoboy, vítima de ataque com faca, enquanto o agressor circulava livre. A vítima é o trabalhador negro Everton Henrique Goandete da Silva.

O agressor é um homem branco, de quem ninguém sabe o nome, tornado um anônimo protegido pelas notícias da imprensa gaúcha. Aconteceu no Rio Branco, um bairro de classe média e de ricos de Porto Alegre.

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O morador reclamava de motoboys parados num lugar onde estacionam à espera de trabalho, perto do prédio onde reside. E aí se deu o conflito, quando o branco avançou com uma faca no pescoço do rapaz.

Seria mais um negro pobre agredido por um branco de classe média, como acontece todos os dias em toda parte, sem que as testemunhas tentem intervir. Pois no episódio do Rio Branco criou-se uma reação espontânea, forte, decidida, em defesa da vítima.

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Os policiais foram alertados de que ele era o agredido, de que não deveria ser algemado. E que o cerco ao motoboy, e não ao agressor – e esta foi a manifestação radical –, configurava racismo.

Vários gritaram que aquela era uma ação racista. Porque, logo na chegada à calçada, diante de vítima e agressor, os PMs fizeram uma escolha: o negro deveria ser o algemado.

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O homem negro foi levado na jaula do carro da PM. O homem branco, que só depois seria também algemado, foi sentado no banco traseiro de outra viatura.

E assim estaria resolvido mais um conflito entre um negro pobre e um branco de bairro rico. Mas a cena foi filmada e teve repercussão nacional.

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Lula deve ser informado do que aconteceu em Porto Alegre, porque foi a gritaria do entorno, dos que reagiram à ação da Brigada, que definiu e acentuou o que acontecia: uma ação que pode caracterizar racismo.

Lula quebrou o silêncio dos covardes e deve saber que em Porto Alegre, onde outros tantos casos semelhantes de racismo foram observados em silêncio, naquele sábado houve mais do que indignação com a agressão e a ação da polícia.

As testemunhas do cerco ao rapaz negro não temeram uma possível reação agressiva – que pode acontecer – dos que estavam sendo arbitrários com a vítima. Assim como na Etiópia Lula não temeu a reação das patrulhas do fascismo defensoras do genocídio em Gaza.

São dois exemplos de quebra de silêncios, num mundo acovardado diante da pressão política e econômica dos poderosos brancos.

Mas muitos ainda se acovardam diante do genocídio em Gaza. E muitos estão acovardados, desde antes de 2018, diante do cerco do fascismo no Brasil. Há muitos covardes silenciosos.

Lá na Etiópia, no lugar certo, ao lado dos seus irmãos africanos, Lula gritou em defesa dos palestinos: é genocídio. Em Porto Alegre, um grupo parou na calçada para gritar, em apoio ao negro atacado por um branco e algemado pela PM: é racismo.

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