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Heraldo Campos

Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

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Quantas Arica existem na Amazônia?

"Os moradores de Arica continuam sofrendo graves problemas de saúde causados pelo depósito de lixo”

Amazônia (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)
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Quantas Arica existem na Amazônia? Essa pergunta me veio logo à cabeça depois de ver o assustador documentário "Arica – Um Escândalo de Lixo Tóxico" produzido pela BBC (British Broadcasting Corporation) e exibido pela TV Cultura paulista em 27 de agosto de 2023.

“O filme fala sobre colonialismo tóxico, a exportação de resíduos de países ricos para países pobres, que está em julgamento. Uma empresa sueca de mineração exporta 20 mil toneladas de resíduos tóxicos para a cidade desértica chilena de Arica. Milhares de pessoas adoecem, muitas morrem de câncer.

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O documentário faz as pessoas mergulharem no julgamento de responsabilidade corporativa que se inicia depois que Lars Edman, nascido no Chile e criado em Boliden, expõe o escândalo. Ao lado de seu co-diretor William Johansson, Lars acompanha a história por 15 anos, revelando como decisões tomadas décadas atrás, na Europa, continuam afetando as pessoas na América do Sul. Arica é a história de uma comunidade afetada, lutando por justiça contra uma empresa multinacional desesperada para limpar seu nome.” [1]

Em junho de 2021, especialistas em direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) expressaram “(...) sua profunda preocupação com uma comunidade local na cidade chilena de Arica que sofre com o impacto devastador e contínuo de um despejo de lixo tóxico feito por uma empresa sueca há quase 40 anos.

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Os resíduos tóxicos - que permanecem ao ar livre, descobertos e expostos aos elementos da natureza - representam um risco para a saúde e a segurança devido ao seu alto teor de arsênico, inclusive nos sistemas de água potável.

Os moradores de Arica continuam sofrendo graves problemas de saúde causados pelo depósito de lixo”, disseram os especialistas. (...)“ [2]

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“O tratamento dos solos e das águas é bastante complexo e uma das formas para se tentar trazê-la mais próxima das condições naturais é através da remediação, que consiste em retirar ou atenuar a concentração do contaminante do solo. Ela é feita com o emprego de diversos métodos de engenharia para que a concentração seja reduzida a limites pré-determinados na avaliação de risco da saúde humana, apoiado na legislação vigente.

(...)

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Nunca é demais lembrar que a remediação (...) pode custar caro, como por exemplo, as extensas áreas contaminadas por mercúrio pela atividade predatória, ilegal e criminosa, como vem ocorrendo na Amazônia e invadindo território Yanomani. Então, como devemos proceder diante dessa agressão ao meio ambiente? Espera-se que esses invasores da Amazônia que há tempos vêm desmatando, queimando, grilando, garimpando e contaminando seus solos e águas sejam devidamente identificados, responsabilizados e punidos de acordo com a lei.” [3]

O relatório “Yanomani sob ataque”, desenvolvido pela Hutukara Associação Yanomani e Associação Wanasseduume Ye'kwana, aponta um quadro de violação na Terra Indígena Yanomami.

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“O relatório tem por objetivo descrever a evolução do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY) em 2021. Trata-se do pior momento de invasão desde que a TI foi demarcada e homologada, há trinta anos. Apresenta como a presença do garimpo na TIY é causa de violações sistemáticas de direitos humanos das comunidades que ali vivem. Além do desmatamento e da destruição dos corpos hídricos, a extração ilegal de ouro (e cassiterita) no território yanomami trouxe uma explosão nos casos de malária e outras doenças infectocontagiosas, com sérias consequências para a saúde e para a economia das famílias, e um recrudescimento assustador da violência contra os indígenas.” [4]

Muito embora a contaminação de Arica seja diferente da contaminação que ocorre na Amazônia, uma vez que a comunidade local dessa cidade chilena sofre por causa da “exportação de resíduos de países ricos para países pobres” ao passo que na Amazônia a contaminação é devida a “atividade predatória, ilegal e criminosa” do garimpo na região, ambas situações tiveram as portas abertas para as irregularidades e desrespeito com a saúde da população, sob a batuta dos governos militares nos seus respectivos países (Pinochet e Bolsonaro).

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Para os dois cenários esperamos a reversão dos graves problemas causados pela contaminação do meio ambiente, com a melhoria da qualidade de vida dos povos dessas regiões e a devida punição dos responsáveis. “Queremos uma justiça social que combine com a justiça ecológica. Uma não existe sem a outra.” (Leonardo Boff)

Fontes

[1] "Arica – Um Escândalo de Lixo Tóxico"

https://telaviva.com.br/24/08/2023/tv-cultura-estreia-serie-de-documentarios-da-bbc-ineditos-em-canal-aberto/

[2] “Especialistas da ONU pedem justiça ambiental para vítimas de lixo tóxico sueco no Chile”

https://brasil.un.org/pt-br/130793-especialistas-da-onu-pedem-justiça-ambiental-para-vtimas-de-lixo-tóxico-sueco-no-chile

[3] “Mercúrio que mata”

https://aterraeredonda.com.br/mercurio-que-mata/

[4] “Yanomani sob ataque”

https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/yanomami-sob-ataque-garimpo-ilegal-na-terra-indigena-yanomami-e-propostas-para

*Heraldo Campos é geólogo (Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, 1976), mestre em Geologia Geral e de Aplicação e doutor em Ciências (Instituto de Geociências da USP, 1987 e 1993) e pós-doutor em hidrogeologia (Universidad Politécnica de Cataluña e Escola de Engenharia de São Carlos da USP, 2000 e 2010).

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