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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

202 artigos

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Saber pensar

(Foto: Reuters/Umit Bektas)
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“General, o homem é muito útil. Ele pode voar e pode matar. Mas tem um defeito. Pode pensar.”

Assim disse Bertolt Brecht no pequeno (grande) poema “General, teu tanque é um carro poderoso”. A humanidade não foi feita para a força bruta. No entanto, gosta de empregá-la, cada vez que os argumentos que usa caem no vazio e ela se aproxima de um confronto. São impulsos da natureza que até hoje não conseguimos controlar, a despeito das organizações internacionais que construímos e das habilidades diplomáticas que desenvolvemos. É o motivo pelo qual as guerras têm mais a ver com cálculos matemáticos do que com as leis morais. Cumpre reconhecer que a “paz perpétua”, sonhada por Kant, não se efetivou e assistimos em nossos dias diferenças entre nações resolvidas na ponta do fuzil e no impacto das bombas. Foi assim quando os Estados Unidos entenderam a prioridade dos seus interesses, no Iraque, e não hesitaram em contrariar um clamor internacional em sentido contrário. Graças a semelhante iniciativa, destruiu-se um país de cultura milenar e se colocou no lugar um caos de possibilidades. O mesmo ocorreu com a Líbia. Como consequência, cresceram os fluxos de imigrantes em direção ao lado rico da Europa, com a criação de dramas humanos e sociais de complexa solução. 

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Desde a II Grande Guerra, a presença norte-americana nas questões de caráter mundial não pode ser desprezada. Cabe aceitar que, quando as gotas transbordam e se passa à ação, racional ou irracionalmente, lá está o dedo de Washington. Na Ucrânia, sem querer minimizar o papel da Rússia, não resta dúvida que a Casa Branca atuou na direção das desavenças, estimulando quadros políticos antagônicos a Moscou, armando o estado e criando um potencial de conflito, antes que estourasse. O resto do mundo, por assim dizer, assistiu à panela ferver de braços cruzados, impotente para apaziguar, muito menos botar panos quentes. É certo que, quando tropas invadem um território, todos os demais põem as barbas de molho. Não é agradável saber que o pensamento fracassou e que entramos no plano astral das confrontações, sempre tão difíceis de desemaranhar, como nas teias de aranha. Há quem já prenuncie, no caso, uma nova guerra do Vietnã. Não resta dúvida de que pagaremos pela aventura. No seu canto, as bombas atômicas sentem vontade de mostrar os dentes. Que os deuses delas nos protejam. 

Enquanto isso, no Planalto Central, mal conseguindo discernir o bom caminho, recém chegado de viagem, nosso dirigente máximo hesita entre participar e assumir a posição de neutralidade. Não gosta de Biden e vê em Putin um herdeiro dos comunistas. Terrível dilema. Temos de torcer para que não reúna os seus militares e não comece a estudar estratégias para interferir por um lado ou por outro. A taça do caos, a bebemos em abundância para engolir mais uma. 

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Saber pensar, como notaria Brecht, constitui qualidade fundamental. Todos temos tal capacidade. E, infelizmente, nem todos pensam ou sabem pensar. Trata-se de uma característica humana de traço libertário, mesmo nas piores adversidades. Eis por que, meu General, convém prestar atenção. Quem pensa, supera barreiras, tanques e atrasos. Sabe o que fazer. 

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