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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Suprema inconsequência

Presidente Jair Bolsonaro 06/10/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Ele ignorou o sofrimento dos contaminados pela Covid e se riu dos mortos; despreza o humanismo e não dá importância aos famintos que, no seu governo, espalham-se pelas ruas, sob marquises. Diminui verbas da educação e da saúde; não respeita as mulheres. Odeia, sobretudo, as jornalistas que o põem contra a parede com suas perguntas incômodas. Não tem discurso de estadista, abundante em palavras de baixo calão, em gabinete ou fora dele, como se viu no dia 7 de setembro. Junto ao povo, assume distância, cercado de seguranças e grades de proteção. Não suporta contestações, em particular as que lhe vêm de cima, do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos fiscalizadores. Pesquisas? Abomina todas elas, quando lhe são adversas. Determina por decreto sigilo de cem anos para preservar-se e preservar os amigos contra o olhar indiscreto da oposição ou do resto do país...

Este é o candidato da situação que se oferece para um segundo mandato porque gosta de ocupar os palácios do governo e se preocupa com o fim das mordomias, uma vez de volta à vida civil. Afinal, transformou-se no líder incontestável da extrema direita. Em sua opinião, um conservador não pode perder para um progressista. Escândalos pululam em torno de si. Quando termina um, começa outro, com as declarações inconsequentes que destila, além de pitadas de bile, sobre os dissabores, quando verifica que permanece de mão atadas, sem opções. Numa de suas promessas para o próximo mandato, assegura que aumentará o número de ministros do STF para 15 magistrados, escolhidos entre gente dócil e subserviente. 

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Meu Deus!... Como se pode esperar alguma coisa de semelhante indivíduo? Uma pesquisa entre os mandatários de países próximos ou distantes, basta para verificar que há um modo de comportamento, um estilo, uma prática de ação. Nenhuma se aplica ao seu caso. De uma forma estranha, a parcela de eleitores que o apoiam e se mantêm presa aos seus “encantos” deve gostar muito de tais extravagâncias. Talvez sejam militares ou parentes saudosistas da ditadura e da tortura aos adversários... Ou então gente para quem os sofrimentos da nação não parecem importantes. Difícil imaginar alguém (não precisa ser um cidadão com uma gota de sangue nordestino) que, só com seus botões, creia ser justo nos colocar à mercê de semelhante inconsequente. Se cumprirá ou não a palavra no capítulo da suprema magistratura, se pretendeu blefar para intimidar, pouco importa. Palavras têm a particularidade de espalhar armadilhas. Mesmo quando não parecem dizer, dizem. Devíamos nos acautelar. Afinal, neste governo, já vimos auxiliares que cultivavam a memória de líderes nazistas, repetindo-lhes gestos, rituais e opiniões, sem pudor, enquanto Bolsonaro se ria de sacudir os ossos.

Eleições democráticas muitas vezes representam festas da nacionalidade. Anunciam novidades e trazem esperanças. Fazem bem, sobretudo, a uma tendência de acomodação, pela entrada em circuito de nomes e talentos novos, interessados em introduzir temas para discussão. Estas do momento, também sugerem, de um lado, uma política de solidariedade com os desvalidos. E felizmente que não ficamos com um discurso único, da arbitrariedade e da exibição de poder na garupa de motocicletas, como se assistíssemos a um mero e irresponsável esporte. O que aconteceu nos últimos anos, depois do golpe que derrubou Dilma Rousseff, descortina mistos de futilidade, ignorância e estupidez. Mas não baixemos a cabeça. Basta que nos expressemos nas urnas, no próximo turno, com um voto consequente.

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