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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Valores democráticos

Apenas agora estão identificando e prendendo quem financiou o 8 de janeiro. Deve-se chegar logo nos já sabidos mentores da disruptura institucional

Manifestação a favor da democracia e contra Jair Bolsonaro em São Paulo (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

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Reflexão que poderia ser também intitulada: qual o preço da democracia? Ou ainda: quantos financiam aos atos contra ela, a democracia? Mesmo sabendo que mais um capítulo da corrosão democrática se revela com o monitoramento feito pela Abin, destaco alguns comentários e artigos prévios, feito uma miscelânea, do início do ano, envolvendo, como sempre, os jornalões da capital paulista.

Foi muito boa a reflexão e a contextualização sobre os fatos recentes de ascensão de neonazistas no Brasil feitas por Ricardo Viveiros no artigo “O que nos mantém vivos” (Folha de S. Paulo, 2/1). Ele falhou apenas ao fazer uma falsa equivalência entre direita e esquerda, pois os atentados contra pessoas e contra a democracia vieram apenas de um lado.

Na mesma toada, foi interessante a abordagem de Hélio Schwartsman naquele mesmo jornal em relação ao fundo eleitoral, rotulado por ele de “gula obscena”, alguns dias depois. Porém, democracia tem um preço e concordo pagá-lo. Se ele quer analisar de fato a questão, falta compilar os gastos das eleições passadas e avaliar em que o recurso foi usado. A tese de concentração de recursos nos caciques partidários precisaria ser confirmada entre os não eleitos, saber o que faltou de recursos para eles. De qualquer forma, a qualidade dos eleitos é dada pelo voto e está piorando a cada ciclo, nisso concordamos.

Apenas agora estão identificando e prendendo quem financiou o 8 de janeiro. Deve-se chegar logo nos já sabidos mentores da disruptura institucional, ainda mais que houve depoimentos dos presos na Papuda de que foram treinados dentro do espaço militar para a ação de um ano atrás contra os Três Poderes. Além disso, a geografia da intentona é mais ampla, pois os que ficaram à frente dos quartéis clamando por um golpe estão soltos em minha cidade e continua a difusão das mentiras associadas pelas redes sociais.

Finalizemos com Eduardo Paes. Tomaram por escândalo quando ele denunciou as sabidas cobranças de propina por parte de bandidos no Rio de Janeiro. Já quando os militares cobram a manutenção de suas milionárias benesses e impunidade por crimes da ditadura e das tentativas de novos golpes, a Folha de S. Paulo chamou isso de “pacificação meritória” em editorial de 12/1. Essa indignação não foi publicada, obviamente. São esses alguns dos embates entre valores e preços da democracia.

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