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Maria Luiza Franco Busse

Jornalista há 47 anos e Semiologa. Professora Universitária aposentada. Graduada em História, Mestre e Doutora em Semiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dissertação sobre texto jornalístico e tese sobre a China. Pós-doutora em Comunicação e Cultura, também pela UFRJ,com trabalho sobre comunicação e política na China

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Vamos nessa

(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
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Vista, assim, pelo alto, a semana termina com o saldo de um homofóbico que ignora o delito de opinião em nome da sua liberdade de cancelar o outro pela ação da palavra, um presidente nazista que viaja ao exterior às expensas públicas para dar uma passadinha rápida na reunião de chefes de Governo e de Estado do G20 sobre o clima e rumar célere ao feito de visitar o lugar de origem de sua família, um gerente financeiro que opera o poder político dando norte à Corte Suprema e prestando consultoria a parlamentares em cargo de decisão, e uma portaria da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo obrigando o uso direto ou indireto de ‘linguagem neutra’ nos editais de projetos financiados pela Lei Rouanet.

Embora não seja extenso, é possível constatar o quanto de violento e nefasto há neste relato dos acontecimentos passados em até menos de sete dias em um único país. Senão vejamos: o titular da Secretaria que responde pela Cultura, que já foi um Ministério antes de ser rubricada pelo golpe de 2016 como commodity do Turismo, assina o documento que informa a artistas e produtores culturais do uso obrigatório do masculino genérico nos textos-respostas aos editais, sob pena da busca por patrocínio ser barrada no guichê do protocolo. A partir de agora não mais variações de gênero com a utilização das vogais temáticas inclusivas, nada de ‘todas e todes’ na comunicação com o respectivo aparelho dirigido pelo governo. É a obrigatoriedade da linguagem social e política regressiva e miserável, timbrada e publicada no Diário Oficial da União, cravando sobre a diversidade das diferenças que nem por isso, e muito menos por isso, significam serem desiguais. Assim é o fascismo, terreno infértil que enche a bola, o bolso, e a convicção do homofóbico, do gerente e do nazipresidente.

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No momento o nazipresidente está engrossando o mapa do vexame internacional nosso de cada vez que sai em viagem oficial. Na agenda, a ida à pequena comuna Anguillara Veneta, província de Pádua de onde saiu seu avô, para receber a Cittadinanza Onoraria, cidadania honorária concedida pela Câmara local por nove votos a favor, três contra e uma abstenção. Como por onde passa espalha cizânia, naquele Norte da Itália se deu o mesmo. Houve resistência. A prefeita do partido Liga, da extrema-direita, justificou que a 'onorificenza’ não será para ele mas para o ‘povo emigrante do Veneto’. Pelo sim, pelo não, os frades da Basílica de Santo Antônio cerraram as portas do santuário à visitação e declararam como ser possível “um homem que a cada ano e continuamente desonra seu país receber um título honorífico na Itália“. Por sua vez, o prefeito de Pádua, de centro-esquerda, mandou avisar para não contarem com ele na recepcionar ao homenageado porque já está com a segunda-feira cheia de compromissos e sem espaço para mais nada. Me permito imaginar o que o genial e satírico cineasta Mário Monicelli faria com um material desses.

Enquanto isso, no Brasil, ainda faz eco a palestra do gerente financeiro e operador do sistema político. Do início ao fim, é pornografia pura sobre como o país deve ser conduzido. A fala é focada na ‘prochasca do mercado’, lugar para onde os entes públicos e privados devem dirigir seus desejos e usufruir o que é gerado a partir do domínio do econômico sobre o político. No roteiro do discurso pornográfico não faltaram declarar-se um intelectual, afirmar que compreende ser preciso dar alguma coisa de comer aos pobres, observar que é muito mais negócio para os negócios gastos emergenciais do que permanentes, e que dinheiro deve ficar na mão das mulheres porque administram com racionalidade as despesas domésticas, a exemplo da sua e as de muitos da audiência citadas nominalmente. Foi um reconhecimento da mulher como guardiã daqueles homens guerreiros, mas que não passam de meninos viciados em jogos mortais com a vida dos outros. Dessa vez, me permito lembrar de Marx falando sobre os agentes do império britânico: “os cães ingleses com nervos sensíveis”. Para fechar o balanço, o homofóbico. Ao ver o beijo entre super-heróis gays escreveu nas suas redes sociais: “É só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”. Pois não é? Vamos nessa, porque só assim será possível parar o mundo neutro que essa gente estúpida sonha e segue em franca organização para chamar de seu.

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