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    Após jurar fidelidade à Constituição e ao povo, Maduro afirma que sua posse é uma vitória da democracia

    Foi um discurso que combinou emoção com lucidez e ciência política, história e perspectiva, além de uma análise criteriosa dos desafios do presente

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participa da cerimônia de posse e presta juramento à Constituição diante do presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, em Caracas, Venezuela, 10 de janeiro de 2025 (Foto: Jhonn Zerpa/Miraflores Palace/Divulgação via REUTERS)

    247 - Nesta sexta-feira (10), Nicolás Maduro tomou posse para seu terceiro mandato como presidente da República Bolivariana da Venezuela, para o período 2025-2031. A cerimônia, realizada na Assembleia Nacional, contou com a presença de mais de 2.000 delegados internacionais de 125 países, além de chefes de Estado, ministros e enviados especiais.

    Foi um discurso que combinou emoção com lucidez e ciência política, história e perspectiva e uma análise criteriosa dos desafios do presente, em que Maduro reafirmou sua lealdade ao legado de Hugo Chávez, destacou a importância da participação popular e apresentou um ambicioso programa de sete transformações para o futuro da Venezuela. 

    Maduro lembrou emocionado sua primeira posse como presidente em 2013, após a morte de Hugo Chávez. “A faixa que foi colocada sobre mim foi a faixa dele, porque jurei diante dele lealdade absoluta ao seu legado, à sua semeadura, à sua luta, aos seus sonhos”, disse. Segundo Maduro, Chávez foi o responsável por trazer ao século 21 o projeto original dos heróis da independência sul-americana. “Hugo Chávez realizou o feito histórico de trazer para o presente as ideias e os sonhos dos homens e mulheres que, a cavalo, expulsaram o império espanhol de nossas terras”.

    Ele também destacou a história de resistência do povo venezuelano, afirmando que “a história de 500 anos desta terra é uma história de resistência contra todas as formas de dominação, colonialismo e imperialismo”.

    O presidente elogiou a democracia participativa como um pilar fundamental do sistema político venezuelano. “A democracia popular, onde o povo é protagonista, é a garantia de que seguiremos construindo uma Venezuela soberana e independente”.

    Afirmou que o povo venezuelano está nas ruas, “é um juramento que pertence ao povo.” “Colocaram em mim os elementos simbólicos exigidos por lei, que devem ser investidos.” Da mesma forma, lembrou que o Comandante Hugo Chávez realizou a façanha de levar as ideias do projeto aos heróis da independência do século XXI.”

    Antes de iniciar sua fala, Maduro expressou gratidão aos presentes e destacou a participação massiva do povo venezuelano nas ruas em apoio ao ato institucional. “Nosso povo está nas ruas participando da tomada de posse que pertence ao povo”, afirmou. 

    A posse foi acompanhada por milhões de venezuelanos que com suas bandeiras nacionais tricolores e as vermelhas da Revolução, superlotaram as dez principais avenidas da capital Caracas para manifestar o júbilo pela vitória de democracia em ambiente de paz e congraçamento.

    Durante a cerimônia,  o presidente que foi reeleito por meio dos legítimos princípios e normas democráticos e constitucionais do país, comemorou a vitória contra o que considerou uma “conspiração global”, vitória que destacou ter sido alcançada como bloco histórico junto com o povo venezuelano.

    “Somos um grande bloco histórico que foi formado por acontecimentos que mudaram a história da Venezuela no final do século XX; somos um bloco histórico que inclui uma ideologia nacionalista, latino-americana, caribenha; uma ideologia que não é estrangeira, não é importada, que surgiu das raízes das lutas das gerações que nos precederam", destacou o presidente diante de uma audiência composta por delegações de mais de 120 países ao redor do mundo. 

    Nesta linha, Maduro reafirmou que “a história da Venezuela continuará a ser escrita de forma decisiva, com esta força, com este projeto, com esta espiritualidade, com esta cultura política”.

    Confiante na unidade do povo venezuelano, Maduro, sublinhou que a força da nação no mundo deve ser sustentada pela consolidação do “nosso grande bloco histórico, que é a verdadeira força que cada vez mais multiplicamos e aumentamos”.

    Maduro destacou que “ninguém respeita os covardes”, aludindo a governantes submissos. “Eles os chutam, os humilham e os despedaçam, queimam, usam e depois jogam fora.” 

    “É importante saber onde estamos. Se estamos aqui é porque o Estado venezuelano como um todo, exercendo o seu direito à legítima defesa, em face de uma conspiração comunicacional global, pública, evidente, do poder dos Estados Unidos e dos seus satélites e escravos na América Latina América e no mundo, transformaram as eleições presidenciais da Venezuela numa eleição mundial. E nós vencemos", disse Maduro. Mostrando que sua força política estava coberta de razão, ele assinalou que “enquanto fazíamos uma eleição, a mais pulsante e bonita de nossa história”, os inimigos da democracia e da soberania venezuelana “conspiravam para transformar o período eleitoral numa guerra.”

    E reafirmou que foi a força bolivariana que “venceu o imperialismo e sua diplomacia de engano". “Eles não puderam nos derrotar, porque ninguém poderá derrotar este povo.”

    Ao jurar fidelidade à Constituição perante os Poderes da República, Maduro afirmou que a Constituição “nasceu das nossas mãos”. 

    Indicou que “esta Constituição foi escrita, aprovada e defendida pelo povo. Este ato é possível porque a Venezuela está em paz, no exercício da sua soberania”. Ao mesmo tempo, destacou que cumpriram a Carta Magna. “Estes seis anos representam uma síntese na batalha contra o imperialismo e o colonialismo, a história da resistência contra todas as formas de dominação e colonialismo. “Somos constitucionalistas.”  “Somos guerreiros da história.”

    O líder nacional destacou que o poder conferido pela Constituição da República Bolivariana da Venezuela “não me foi dado por um governo estrangeiro, nem pelo Governo dos Estados Unidos, nem pela extrema direita; "O poder que tenho pertence a ele e devo isso ao povo." Nessa ordem de ideias, observou que nesta tomada de posse está mais consciente “que só tenho um patrão: aquela força dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens, dos meninos, das meninas, a do Libertador Simón Bolívar”.

    Em relação à política externa venezuelana, o presidente destacou a força da Nação Bolivariana no mundo e manterá a diplomacia de paz, diálogo e negociação contra a diplomacia do engano praticada pelos imperialistas e seus lacaios. Ressaltou a aliança com potências do Sul Global, citando a China, a Rússia e a Índia, Fez referências elogiosas a Cuba e à Nicarágua e à Celac, que segundo ele precisa ser salva das intrigas e ações divisionistas. Ressaltou o papel da Alba/TCP (Aliança Bolivariana das Américas/Tratado de Comércio entre os Povos). E, apostando na multipolaridade, ressaltou que a Venezuela se sente membro do BRICS.

    Ele ressaltou que o país está se defendendo contra uma conspiração global dos Estados Unidos e dos seus estados satélites. “O governo cessante dos EUA não conseguiu lidar com o povo. A Venezuela é a joia da coroa. O fascismo está derrotado”, disse o presidente, além de alertar que “o imperialismo enlouqueceu, entrou numa fase de perturbação”.

    As sete transformações do programa de governo

    Maduro apresentou as sete transformações que guiarão seu novo mandato:

    1. Transformação econômica: Priorizando a diversificação produtiva, com foco na indústria nacional e na agricultura, para reduzir a dependência do petróleo.
    2. Transformação social: Fortalecer os programas sociais nas áreas de saúde, educação e habitação, garantindo os direitos fundamentais do povo.
    3. Transformação energética: Implementar um modelo sustentável com o uso de energias renováveis.
    4. Transformação política: Promover maior participação cidadã, fortalecendo os conselhos populares e as organizações de base.
    5. Transformação cultural: Resgatar e valorizar a identidade venezuelana e latino-americana.
    6. Transformação tecnológica: Avançar na independência tecnológica, priorizando pesquisa e desenvolvimento.
    7. Transformação territorial: Melhorar a distribuição da população e dos recursos, promovendo o desenvolvimento regional.

    Durante seu discurso, Maduro não poupou críticas à direita venezuelana e às potências estrangeiras que conspiram contra a soberania do país. 

    Maduro condenou as “intentonas golpistas” e reafirmou seu compromisso em defender a independência da Venezuela. “Aos traidores da pátria, que conspiram desde o exterior, digo: aqui estamos, firmes, com a Constituição e com o povo, para garantir que a Venezuela siga livre e soberana”.

    Ao final de sua intervenção, Maduro destacou o significado especial da faixa presidencial que recebeu neste novo mandato. “Senti uma emoção muito grande ao receber esta faixa presidencial das mãos de mulheres humildes dos bairros de Caracas. Esta faixa carrega as bênçãos do povo”, afirmou.

    A cerimônia de posse seguiu os protocolos constitucionais estabelecidos, simbolizando a continuidade da luta pela soberania e a construção de um futuro próspero para a Venezuela. Milhares de pessoas nas ruas e uma plateia internacional reafirmaram o apoio à continuidade do processo bolivariano liderado por Nicolás Maduro.

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