Argentina de Milei supera Venezuela e tem maior inflação da América do Sul
Inflação disparou no governo de extrema-direita e foi mais alta do que a do país bolivariano, que sofre com sanções
247 - A taxa anual de inflação da Argentina ultrapassou 211% em 2023, segundo dados oficiais divulgados nesta quinta-feira (11), o nível mais alto desde o início da década de 1990.
A leitura da inflação em 2023 fez com que a Argentina ultrapassasse a Venezuela, que por muito tempo foi o ponto fora da curva da América Latina em termos de inflação, onde as pressões inflacionárias diminuíram para uma estimativa de 193% em 2023.
Antecedentes - Em novembro, quando ainda era presidente da Argentina Alberto Fernández, esse indicador subiu para 12,8%, após ter ficado em 8,3% em outubro. Pouco depois do ultralibertário Javier Milei assumir o poder, em 10 de dezembro, o governo promoveu uma forte desvalorização do peso em 50%, o que gerou um agravamento da inflação. Esse drama econômico da Argentina, que o novo mandatário disse poder resolver, já marcava uma taxa de inflação anual de 160,9% no último mês completo da administração peronista.
Em janeiro, poderia se manter e até piorar a tendência de alta devido ao encerramento do programa Precios Justos, que impulsionou ainda mais os aumentos em alimentos, produtos de limpeza e outros bens da cesta básica. Essa política, que perdeu validade em 31 de dezembro e não foi prorrogada, consistia em acordos de preços de referência em bens de primeira necessidade.
Além de uma desvalorização de 50%, foram anunciados cortes significativos no Estado, nas obras públicas e eliminação de subsídios às tarifas e desregulamentações de preços em combustíveis e cobertura médica privada.
De acordo com o ministro da Economia, Luis Caputo, com isso pretende-se zerar o déficit fiscal, evitar uma hiperinflação e reduzir o gasto público. No entanto, ele diz que os efeitos não serão imediatos e a inflação estará "alguns meses pior do que antes".
As previsões de Milei - O presidente Javier Milei advertiu, antes de assumir, que nos primeiros meses de seu governo haveria uma situação de "estagflação", mas prometeu "terminar" com a disparada da inflação, um problema crônico na Argentina, em no máximo dois anos.
A estagflação ocorre quando uma economia está estagnada e, ao mesmo tempo, possui alta inflação, algo que impacta fortemente o poder aquisitivo das pessoas.
O mandatário argentino – em duas entrevistas concedidas a diferentes emissoras de rádio esta semana – assegurou que, se seu governo conseguisse reduzir o índice de preços, em relação à sua própria cifra de 45%, seria uma conquista de sua equipe, e em especial de seu ministro da Economia, Luis Caputo, que está há um mês na gestão.
Nesta quinta-feira, ele disse na Rádio La Red que se os dígitos estivessem mais próximos de 25% seria um "sucesso tremendo", enquanto dias atrás assegurou na Rádio Mitre que alcançar 30% seria um "número impressionante". Ambas as declarações foram feitas sem que os dados oficiais ainda fossem divulgados.
O mandatário não descartou que houvesse risco de hiperinflação no país. Além disso, afirmou que, mesmo que fizesse "um trabalho fenomenal", em algum momento passariam a cobrar as "estupidezes" que teriam sido feitas no Congresso, onde se debate entre questionamentos e entraves sua proposta de 'Lei Omnibus'.
"Que fique claro que são eles [os congressistas] os responsáveis. Eu fiz o que tenho que fazer: enviei o programa de ajuste, de choque bem ortodoxo", afirmou. (Com informações do RT).