Boric espera que Chile e Bolívia possam "fechar o capítulo" do Caso Silala que vigora há mais de 20 anos
ARN - O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse nesta terça-feira (19) que espera que o Caso Silala, que se arrasta há mais de 20 anos, possa ser "encerrado" entre o país transandino e a Bolívia. "Podemos dizer que em Haia apresentamos um caso robusto e que agora está nas mãos do Tribunal entregar uma solução", disse o presidente após encontro com a ministra das Relações Exteriores, Antonia Urrejola.
"A posição que nós, como Estado chileno, apresentamos perante Haia é bem fundamentada e séria e foi fielmente representada nas alegações das últimas semanas", disse.
Entre outras coisas, Boric anunciou que sua expectativa quando o julgamento internacional terminar é forjar um "novo passo nas relações bilaterais" entre os dois países, já que seus laços diplomáticos estão congelados há 11 anos. "A intenção do Estado chileno é avançar nas coisas que nos unem", reafirmou.
Por outro lado, a subsecretária de Relações Exteriores e agente chilena em Haia, Ximena Fuentes, indicou que a Corte poderia se pronunciar em um prazo de cinco meses a um ano. Não se pode falar de um vencedor ou de um perdedor, mas ambos os países alcançarão a segurança jurídica que lhes permitirá cooperar em matéria de recursos hídricos compartilhados”, destacou.
Posição boliviana
Quanto ao governo boliviano, o ministro das Relações Exteriores, Rogelio Mayta, mostrou-se otimista ao entregar um balanço com o culminar da fase oral nos tribunais de Haia.
“Esperamos que esta decisão emitida pela Corte seja equilibrada, que atenda aos critérios que a Bolívia expressou, os documentos que apresentou, e esperamos que neste marco os direitos de nosso país e de nosso povo sejam preservados”, afirmou.
O caso
O Silala é um rio que, apesar de seu pequeno volume, é um recurso hídrico fundamental para o desenvolvimento da região mineira que produz a maior quantidade de cobre do mundo, Antofagasta (Chile).
Em 2016, o então presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou o Chile de roubar as águas do Silala e anunciou que iria a tribunais internacionais. No entanto, a ação acabou sendo apresentada pelo governo chileno, na época com Michelle Bachelet no comando. Isso ocorreu em meio a outra ação judicial entre os dois países sobre a exigência da Bolívia de que o Chile lhe desse uma saída soberana para o mar, que foi posteriormente rejeitada pelo tribunal de Haia. Em 2018, a Bolívia apresentou uma reconvenção no caso Silala na CIJ.
As nascentes de Silala estão localizadas a uma altitude de 4.000 metros, a cerca de três quilômetros da fronteira com o Chile. No total, o rio tem 10 quilômetros de extensão: seis estão em território boliviano e quatro em território chileno.
