Colômbia: Ministro da Defesa vai enfrentar moção de censura no Congresso por operação militar no Putumayo
A operação deixou 11 mortos como saldo que o Exército atribui aos dissidentes das FARC; organizações afirmam que eram "falsos positivos"
ARN - O ministro da Defesa colombiano, Diego Molano, comparecerá nesta terça-feira na Câmara dos Deputados para uma moção de censura e à tarde participará de um debate de controle político no Senado. Em ambos os casos, ele terá que testemunhar pelos assassinatos ocorridos em Putumayo, atribuídos a uma operação contra dissidentes das FARC.
Molano esteve no Putumayo esta segunda-feira. Ele participou de uma audiência pública organizada pela Segunda Comissão da Câmara dos Deputados para responder à comunidade e ao Congresso sobre o caso. O chefe da Defesa insistiu que as 11 pessoas mortas durante a operação faziam parte dos dissidentes da guerrilha das FARC e garantiu que entregou todas as informações às autoridades competentes.
Conforme explicou à comunidade de Putumayo, “as operações tinham como objetivo afetar uma das comissões financeiras dessas dissidências”. Ele argumentou que as Forças Armadas “não podem omitir sua responsabilidade de realizar suas operações contra esses grupos, porque são eles que violam os direitos da população”.
Falso-positivo
No final de março, a contestada operação militar no Putumayo deixou 11 mortos, incluindo uma mulher grávida e um menor de 16 anos. A Organização Nacional dos Povos Indígenas da Amazônia Colombiana (OPIAC) denunciou que os assassinatos ocorridos eram na verdade "falsos positivos", expressão usada para casos de baixas civis não beligerantes que o Exército tenta passar como "mortes em combate "
Desde então, Molano defende a versão do Exército e garante que a operação militar foi “legítima”, que foi realizada sob “protocolos nacionais e internacionais” e que “foi planejada há mais de cinco meses com informações de inteligência”.
O apelo das organizações internacionais
Após o ocorrido, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) solicitou que a Colômbia investigue com "devida diligência" os casos de violência contra grupos étnico-raciais e comunidades camponesas e que tome medidas preventivas para combatê-los juntamente com a implementação dos compromissos assumidos no Acordo de Paz.
Por outro lado, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu ao Ministério Público que investigue os fatos com cautela para garantir os direitos das vítimas. "Pedimos ao Ministério Público que realize uma investigação exaustiva e independente para garantir os direitos das vítimas à verdade, justiça e reparação", disse a agência em sua conta no Twitter.
Além disso, a ONU enviou uma missão a esta área para obter informações sobre os eventos e esclareceu que um evento de aproximadamente 200 pessoas estava sendo realizado no Alto Remanso para arrecadar fundos entre os dias 26 e 28 de março, e que neste último dia uma operação militar realizada por “várias unidades militares nas quais armas de fogo teriam sido usadas, enquanto 30 a 50 pessoas, incluindo crianças e mulheres, estavam no bazar”.
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